Seca faz vazão do Meia Ponte cair para estado de alerta
Vazão do rio está abaixo dos 12 mil litros por segundo e acende sinal de alerta de autoridades | Foto: Wesley Costa
A Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) anunciou, que o nível do Rio Meia Ponte entrou em estado de alerta após atingir menos de 12 mil litros por segundo. A situação entra em um estado de preocupação para todos e, se nada for feito, pode levar à falta d’água na Capital e Região Metropolitana.
O gerente do Centro de Informações Meteorológicas e Hidrológicas (Cimehgo), André Amorim, destacou que foram registrados 10,3 mil litros de água por segundo no ponto de captação a montante em Goiânia. “Isso aconteceu porque Goiânia está a quase 30 dias sem chover e isso fez com o que alerta de atenção dentro do nível de criticidade fosse acendido”, explica.
O Rio Meia Ponte é responsável por abastecer boa parte dos bairros de Goiânia. Os demais são abastecidos pelo Sistema João Leite. Aparecida de Goiânia, entretanto, é atendida em 67% dos setores pelo Meia Ponte. Os demais 33% são abastecidos por um conjunto de sistemas: Sistema Independência Mansões, Sistema Lajes e demais sistemas independentes A Saneago detém outorga para retirar 2 mil litros de água por segundo do local.
André conta que essa situação pluviométrica na Capital vem chamando atenção durante os anos. Segundo ele, em cinco anos fechados, de 2015 a 2020, Goiânia ficou com déficit de 1.330 milímetros de chuva, levando em consideração que foram registrados cerca de 1,6 mil milímetros de precipitação por ano nesse período. Ou seja, dos cinco anos analisados, um ano ficou sem cair uma gota d’água. “A natureza é lenta para entender todo esse movimento”, ressalta.
A grande explicação disso é que as chuvas estão sendo mais torrenciais e irregulares. Chuvas torrenciais são aquelas que caem de um só vez em um curto período de tempo. E irregulares são aquelas que caem em algumas regiões da cidade ou Estado e em outros não. ”A gente nota que os meses de outubro, novembro e dezembro são meses com chuvas mais irregulares e janeiro, fevereiro, março acabam sendo aqueles meses com chuvas mais intensas”, sublinha.
Outro ponto que é destacado por André abrange a recuperação das nascentes e leitos desses mananciais. “É importante a pessoa saber que a água tem que penetrar no solo. O subsolo é que mantém o nível dos rios e a mata ciliar é um ponto fundamental para que isso aconteça. Sem isso, o rio corre risco de secar totalmente”, pontua o gerente.
Níveis críticos
A Semad divulga os níveis da vazão do Rio Meia Ponte e o que deve ser feito quando o nível atingir esse limite. O Estado de Atenção consiste na vazão igual ou inferior a 12 mil litros por segundo. Nesse momento, deve-se iniciar a articulação para a campanha sobre uso racional (TV, Rádio, jornal e Mídias Sociais); divulgar a situação da Bacia à sociedade e usuários (TV, Rádio, Jornal e Mídias Sociais); iniciar as reuniões com os usuários da Bacia (articular junto às prefeituras e associações locais de produtores rurais e outros usuários que atuam dentro da bacia hidrográfica) e iniciar campanhas de fiscalização orientativa aos usuários.
O Estado de Alerta é quando o nível do rio atinge 9 mil litros por segundo. Dessa forma, todo o trabalho que é realizado no Estado de Atenção é intensificado. O Nível Crítico 1 é quando a vazão atinge 5,5 mil litros por segundo. Neste caso, é mantida a vazão de 2 mil litros por segundo para o abastecimento público da Região Metropolitana de Goiânia (RGM), reduz gradativamente a vazão remanescente até o mínimo de 2 mil litros por segundo e mantém tudo o que foi adotado nos estado de Atenção e Alerta.
O Nível Crítico 2 é quando a vazão atinge os 4 mil litros por segundo. Nesse estado, ocorre a redução de 25% dos volumes diários outorgados que realizam captação direta do corpo d´água (instituídos por portaria) ou dispensados de outorga (instituídos por declaração de uso insignificante) para todas as finalidades de usos, das águas superficiais e subterrâneas, exceto Abastecimento Público e Dessedentação Animal;é mantida a vazão de 2.000 L/s para o abastecimento público da RGM e reduzir gradativamente a vazão remanescente até o mínimo de 1 mil litros por segunda.
O Nível Crítico 3 é quando se atinge os 3 mil litros por segundo. Nesse momento, há a redução de 50% dos volumes diários outorgados que realizam captação direta do corpo d´água (instituídos por portaria) ou dispensados de outorga (instituídos por declaração de uso insignificante) para todas as finalidades de usos, das águas superficiais e subterrâneas, exceto Abastecimento Público e Dessedentação Animal; redução gradativa da vazão para o abastecimento público da RGM até 1 mil litros por segundo; manter a vazão remanescente de 1mil litros por segundo, implementar Plano de Racionamento de uso da água em função da redução dos volumes captados pela Saneago, com ampla divulgação; intensificar campanhas de orientação e fiscalização dos usuários.
O Nível Crítico 4 é o mais restrito de todos. É quando a vazão atinge igual ou inferior a 2 mil litros por segundo. Dessa forma, é mantida a redução de 50% dos volumes diários outorgados que realizam captação direta do corpo d´água (instituídos por portaria) ou dispensados de outorga (instituídos por declaração de uso insignificante) para todas as finalidades de usos, das águas superficiais e subterrâneas, exceto Abastecimento Público e Dessedentação Animal; mantém a vazão de 1 mil litros por segundo para o abastecimento público da Região Metropolitana de Goiânia; com consequente redução progressiva da vazão remanescente tendendo a zero.
André reforça que a conscientização é a melhor forma de prevenir esse tipo de cenário. “A gente tem que usar a água de uso racional. Por mais que pareça clichê, a gente pode ficar sem água se não pensarmos no coletivo. Não está chovendo nos lugares certos e isso está trazendo impactos para todos nós”, finaliza.