Devido à pandemia da Covid-19, menos pessoas têm procurado clínicas oftalmológicas para realizar o exame de detecção precoce de glaucoma. Levantamento feito pelo Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) aponta que a procura caiu em 30% por conta da diminuição da quantidade de pacientes que vão às unidades de saúde, desde o início da pandemia.

Em Goiás, no último ano, a redução no número de exames para o diagnóstico da doença foi de 25% e das cirurgias foi de 35%. Os casos tratados em consultórios já estão chegando em estado avançado e os pacientes com a visão afetada, conforme explica o médico oftalmologista Carlos Eduardo Gonçalves.

Ele explica que, em casos mais precoces, muitas vezes o simples colírio e a realização do monitoramento já são suficientes. No entanto, para os casos mais avançados, quando a visão do paciente já está ruim e acometida, a pessoa pode ter que ir direto para a cirurgia.

Os dados do CBO apontam que “quase 1,6 milhão de exames com essa finalidade diagnóstica deixaram de ser feitos somente no Sistema Único de Saúde (SUS)”. Somado a isto, o Conselho alerta que pelo menos 6,7 mil procedimentos cirúrgicos que poderiam reverter e tratar a doença, também deixaram de ser feitos no ano passado.

“Um dos grandes desafios no diagnóstico do glaucoma é que nem sempre apresenta sintomas. Por isso, alertar sobre o assunto é sempre muito importante e buscar um oftalmologista para examinar os olhos é fundamental”, ressalta o presidente do CBO, José Beniz Neto.

Entre as recomendações do presidente está a de realizar consultas de rotina pelo menos uma vez ao ano. “Todos nós devemos fazer uma consulta médica oftalmologista uma vez por ano, principalmente aquelas pessoas que tenham algum grau de óculos ou comorbidade que pode impactar na visão”, informa.

Pressão no olho

De acordo com a Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO), o glaucoma é causado por diferentes enfermidades que, na maioria dos casos, levam a um aumento da pressão no olho. O aumento da pressão é causado por um bloqueio ao fluído no interior do olho.

A doença ocular não pode ser prevenida. Entretanto, a detecção nos estágios iniciais, precocemente, e com tratamento adequado, a cegueira em função do glaucoma pode ser prevenida. “As pessoas com histórico familiar importante para doença e acima de 40 anos devem regularmente consultar com oftalmologista para o controle da pressão ocular”, diz a pasta.

Sintomas e tratamento

No começo, o glaucoma não apresenta sintomas. A visão permanece normal e não há dor. Porém, à medida que progride, a pessoa com glaucoma pode notar como sintoma a visão periférica gradualmente caindo. Isso significa que objetos em frente podem ser visto claramente, mas os ao lado podem não ser vistos. Se o glaucoma permanecer sem tratamento, a pessoa lentamente perderá a visão periferia. É como se ela visse através de um túnel. Com o tempo, a visão frontal pode decair, até que nenhuma visão permaneça. Glaucoma pode se desenvolver em um ou ambos os olhos.

A SES explica que a doença pode ser tratada utilizando-se colírios, medicamentos orais, cirurgia a laser, cirurgias convencionais e, uma combinação desses métodos. “O propósito do tratamento é impedir perda visual ainda maior. Manter a pressão intraocular em níveis baixos, sob controle, é a chave para a prevenção da perda visual nos casos de glaucoma”, informa.

Combate à doença

A próxima quarta-feira (26) é dedicada ao Combate Nacional ao Glaucoma, que é considerada a maior causa de cegueira irreversível no mundo, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). O objetivo é alertar a população sobre os riscos em não fazer exames de rotinas e incentivar a realização do exame de detecção precoce, que reduz as chances de problemas futuros na visão. (Especial para O Hoje)