Quase 20 mil vivem em moradias precárias em Aparecida
Subiu para 9% população de Goiás abaixo da pobreza
Cerca de 19 mil famílias de Aparecida de Goiânia estão vivendo em moradias precárias, aponta levantamento da Central Única das Favelas em Goiás (Cufa-GO). O estudo indica que as casas possuem uma característica de aglomerados subnormais, moradias com padrão urbanístico irregular, além de carência de serviços públicos essenciais ou localizados em locais com restrições de ocupação.
No último ano, a Central atendeu cerca de 79 mil pessoas em desfavorecimento social distribuídas em 47 bairros em Aparecida de Goiânia. Conforme explica o presidente da Cufa, Breno Cardoso, se for considerada a média de 4,2 pessoas por família, o número de lares atendidos chega a 19 mil. “Em geral, todas essas pessoas vivem em residências com características de aglomerados subnormais”, explica Breno.
Além disso, Aparecida tem pelo menos 2 mil habitantes vivendo em ocupações irregulares, segundo dados da Secretaria Municipal de Habitação. A maior parte dessas famílias vive no bairro Continental, Terra do Sol e a maior ocupação do município, o Alto da Boa Vista, com cerca de 700 famílias, explica o secretário municipal de habitação do município, William Panda.
Regularização
Diante da grande quantidade de pessoas vivendo em situação irregular, a Secretaria Municipal de Habitação lançou o programa Aparecida Legal na última semana. Serão regularizados 14 bairros que já têm pessoas que foram assentadas no passado e já moram há bastante tempo no local. Vamos avançar para estas áreas como o Setor Terra do Sol e Continental, onde a prefeitura dispõe de pouco mais de uma centena de lotes.
No último ano, a Agência Goiana de Habitação (Agehab) regularizou imóveis de 165 famílias moradores dos bairros Colina Azul, Independência Mansões, Jardim Tiradentes e Madre Germana I e II. De acordo com o Governo de Goiás, os imóveis ficam em áreas estaduais ocupadas de forma irregular nas décadas de 1980 e 1990. Somente em Aparecida de Goiânia, foram entregues 624 escrituras em cinco bairros. Mas a Agehab ainda trabalha na conclusão das escrituras de outras 2.535 residências que foram implantadas em áreas estaduais.
Já para reverter o problema de déficit habitacional de famílias em desfavorecimento social, com renda abaixo de R$ 1.800 mensais que não são atendidas pelos programas de habitação do Governo Federal, a Secretaria pretende lançar um programa de habitação no âmbito municipal. “O projeto ainda está sendo estudado e vai contemplar famílias que vivem em áreas irregulares ou de eminência de desabrigamento, áreas de risco e casos judiciais que temos acompanhado”, alegou o secretário.
Auxílio Emergencial
Dados do Portal da Transparência, do Governo Federal, apontam que cerca de 170 mil moradores de Aparecida de Goiânia receberam pelo menos a primeira parcela do Auxílio Emergencial (AE) em 2020. O quantitativo representa 28% dos habitantes do município. Em comparação com o número de aparecidenses que receberam o benefício do Bolsa Família, cerca de 11,3 mil pessoas, em março do último ano, o aumento é bastante significativo e indica aumenta da pobreza na região, aponta a Cufa.
Isto porque cresceu o acesso aos benefícios do governo, conforme explica o presidente da Cufa, Breno Cardoso. “O fato não ocorre apenas em Aparecida de Goiânia, mas em todo país”. Segundo ele, a alta no número de beneficiários em Aparecida demonstra um crescimento subnotificado da pobreza.
Além disso, outra parcela da população está invisível e não recebe nenhum tipo de ajuda para sobreviver. “Muitas pessoas que estão em condição de extrema pobreza passam por uma situação de invisibilidade e não conseguem sequer alcançar esses benefícios do governo”. Atualmente, a Cufa tem representantes em 47 bairros de Aparecida de Goiânia. “São líderes comunitários das regiões, que tem equipes dentro dos bairros, e estão empenhados em trabalhar no enfrentamento da fome durante a pandemia”, diz.
Aumenta da pobreza
Em Goiás, a população que vive abaixo da linha da pobreza aumentou de 6% para 9% desde o início da pandemia da Covid-19, segundo a Cufa. Estas pessoas que vivem na linha abaixo da pobreza sobrevivem com menos de R$ 10 por dia.
Somado ao crescimento da população em situação de pobreza, o presidente da Central revela números que demonstram o grau de necessidade de uma enorme parcela da população goiana. “18% dos goianos pertence a Classe “E”, cujas famílias sobrevivem com apenas 2 salários-mínimos”. (Especial para O Hoje)