Consumo de cigarros aumenta e gera alerta durante pandemia da Covid-19
O Dia Mundial de Combate ao Fumo, comemorado nesta segunda-feira (31/05), traz à tona um novo desafio: o aumento do consumo de cigarros neste momento de pandemia da Covid-19. Por muitas décadas, a sociedade e os governos enfrentaram a indústria do tabagismo, ao ponto de conseguir proibir a veiculação massiva de propaganda estimulando o seu […]
O Dia Mundial de Combate ao Fumo, comemorado nesta segunda-feira (31/05), traz à tona um novo desafio: o aumento do consumo de cigarros neste momento de pandemia da Covid-19. Por muitas décadas, a sociedade e os governos enfrentaram a indústria do tabagismo, ao ponto de conseguir proibir a veiculação massiva de propaganda estimulando o seu uso e também obrigar os fabricantes a estamparem nas embalagens anúncios que desestimulam a prática de fumar.
Uma pesquisa da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), realizada em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e da Universidade Estadual de Campinas (UEC), mostrou que cerca de 34% dos brasileiros – declarados fumantes – passaram a consumir mais cigarros por dia durante o período de isolamento social.
Um desses casos é do professor aposentado José Aluízio Ferreira, de 75 anos, que aos 20 teve o primeiro contato com o cigarro. Ele lembra que ficou um período de 17 anos sem fumar. No entanto, retornou ao vício, com período de abstinência, e antes da pandemia da Covid-19, em média consumia cerca de uma carteira de cigarros e, atualmente, passou a fumar uma carteira e meia.
O cigarro na época em que José Aluízio começou a fumar, no final da década de 60, era considerado um produto de status, de aceitação. Ele conta que quem não fumava estava excluído dos ‘grupos de amizades’ e eram considerados ‘caretas’. “Era o clima cultural. Naquela época, a propaganda era massivamente para o uso do cigarro, a pessoa tinha que fumar. Você só era homem, e fazia parte do grupo, se fumasse, se bebesse”, relembra.
Arquivos de propaganda na internet mostram como eram os anúncios publicitários daquele período. Nos vídeos e cartazes eram mostradas pessoas felizes, atletas e até médicos com cigarros entre os dedos. Porém, longe da fantasia, o cigarro estava fazendo vítimas e segue matando.
Para se ter ideia, no Brasil, de acordo com o Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA), cerca de 443 pessoas morrem por dia por causa do tabagismo. A pneumologista Fernanda Miranda, do Órion Complex, cita que o cigarro pode causar mais de 50 doenças e, do ponto de vista pulmonar, a doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) e o câncer de pulmão são as mais frequentes.
Narguilés e eletrônicos
Além dos cigarros tradicionais, surgiram nos últimos anos os cigarros eletrônicos, e se tornaram uma alternativa aos fumantes. “Outro que pode ser tão ou até mais prejudicial para a saúde é o narguilé. Cada sessão deste instrumento corresponde a 100 cigarros fumados”, esclarece Miranda. Ele acrescenta para o risco do compartilhamento de narguilés, como fator muito preocupante pois também pode contribuir para a disseminação dos vírus.
Campanhas
O Ministério da Saúde tem promovido ações de controle ao fumo. Uma delas é o Programa Nacional de Controle do Tabagismo (PNCT), por meio do INCA, que busca reduzir a prevalência de fumantes e a mortalidade relacionada ao uso de tabaco por meio de ações educativas e de atenção à saúde. A data para combater o consumo do fumo foi instituída pela Organização Mundial da Saúde (OMS).