Reinvenção do bom e velho Rock’n Roll
O rock tem passado por momentos tortuosos, mas com seu histórico revolucionário, ele há de dar uma reviravolta
O rock é um dos estilos mais populares do mundo, mas tem dado lugar para outros estilos e, consequentemente, tem sido esquecido. Conhecido por ser imponente, ele é embalado à guitarras elétricas e permanece como herói da resistência. Segundo historiadores, o marco zero do rock aconteceu em julho de 1954, quando um então jovem chamado Elvis Presley entrou no Sun Studios, em Memphis, e gravou ‘That’s All right Mamma’. Naquele tempo, Presley era um desconhecido caminhoneiro e só queria fazer um agrado para a mãe. Mas entre as controvérsias, uma coisa é clara, Elvis não inventou o rock.
Antes do “garoto branco, mas que cantava como um negro”, conforme classificou o dono do estúdio, surgir, gente como Chuck Berry e Bill Halley já eram rockers. Aqui no Brasil não foi Raul Seixas, o maluco beleza, nem Roberto Carlos, como líder da Jovem Guarda, nem foram Os Mutantes, a bordo da Tropicália, nem a galera do BRock, que deu voz ao pessoal dos anos 80 e muito menos o saudoso Chorão, que revolucionou o cenário na década de 1990, que iniciou o movimento. A música brasileira popular conhece o rock androll praticamente desde a sua popularização, durante o fim da década de 1950, graças ao sucesso mundial de Elvis Presley.
Mas foi na voz de um músico carioca chamado Alberto Borges de Barros, o popular líder do Betinho e Seu Conjunto, que surgiu o rock nacional. Aproveitando a onda roqueira dos anos 50, Betinho trouxe dos EUA uma guitarra Fender Stratocaster e foi seduzido pelo fenômeno musical norte-americano. Ele deu um tempo em seu trabalho como músico de jazz e partiu para o lado rocker da força.Com um novo instrumento em mãos, em 1957, Betinho e Seu Conjunto gravaram a música ‘Enrolando O Rock’, o primeiro rock cantado em português do Brasil. Composta em parceria com o compositor Heitor Carrilho.
A faixa fez parte da trilha sonora do filme ‘Absolutamente Certo’, com direito à aparição do grupo, que resultou no primeiro clipe de rock do Brasil. Ainda em 1957, Cauby Peixoto gravou a canção ‘Rock andRoll em Copacabana’. E ainda antes, em 1955, a cantora Nora Ney gravou uma versão da música ‘Rock Around The Clock’, de Bill Halley & His Coments, para a trilha sonora do filme ‘Sementes da Violência’.
De cara nova
A atualmente aposentada, Rita Lee entrou nessa, na década de 1980 falando que “roqueiro brasileiro sempre teve cara de bandido”. Apesar de marginalmente poética, a teoria da rainha Rita foi desmentida pela então nova geração do rock brasileiro. A magia da era dourada do rock começou no Festival MPB Shell 1981, quando a Gang 90 & As Absurdetes roubaram a cena com a música ‘Perdidos na Selva’. Um ano depois, as bandas Blitz e Barão Vermelho lançaram aqueles que são considerados os primeiros discos de rock gravados por bandas surgidas naquela geração.
A partir desses três lançamentos, pontua-se o surgimento do movimento BRock ou rock brasileiro, como muita gente gosta de classificar. Ainda na primeira parte da década, a cena revelou nomes como João Penca & Seus Miquinhos Amestrados, Os Paralamas do Sucesso, Kid Abelha & os Abóboras Selvagens, Magazine, Lulu Santos, Brylho, Camisa de Vênus, Radio Taxi, entre outros. Outra mudança marcante no movimento foi a realização da primeira edição do Rock In Rio em 1985, a força das rádios FMs e o surgimento de danceterias que abriram espaço para shows, são fatores que ajudaram o rock a assumir a preferência da galera.
Por suas vezes, os programas de auditório lideravam audiências na TV e, de olho na efervescência da cena, abriam espaços para artistas de rock. Desta forma, os roqueiros frequentavam até os programas destinados ao público infantil. Consequentemente, as bandas começaram a pipocar nos quatro cantos do País. Do Rio Grande Sul emergiu os grupos TNT, Nenhum de Nós e Engenheiros do Hawaii. O Rio de Janeiro exportou Biquini Cavadão, HanoiHanoi, Uns e Outros e Sempre Livre. A escola roqueira de São Paulo nos deu bandas como Ira!, Zero, Titãs, RPM, entre tantas várias outras.
Por fim, as bandas Legião Urbana, Capital Inicial e Plebe Rude colocaram a cena brasiliense em evidência. Popularmente chamada de ‘década perdida’, a geração dos anos 80 quebrou paradigmas e mostrou que o roqueiro no Brasil precisava ser levado a sério. A partir dali, os pais e mães deixaram de implicar com os cabelos compridos e até passaram a presentear as crianças com guitarras de brinquedo. A última revolução que o rock proporcionou para a cena musical brasileira foi nos anos 1990 com as bandas, Charlie Brown Jr., Planet Hemp, Raimundos, O Rappa, entre outros.
Após essa leva de grandes sucessos, o rock se perdeu no caminho, e passou de gênero mais ouvido, para um estilo decadente. A história do rock se mistura com a da cultura brasileira, por meio dele houve intervenções na política, na educação, na saúde e na conscientização do cidadão como fator importante da sociedade. O rock já foi sinônimo de subversão, e conseguiu se provar efetivamente, parte do hall de destaque da música mundial. Os rockeiros de carteirinha esperam ansiosamente pela nova revolução do rock, e que novas bandas possam surgir trazendo o gás necessário para impulsionar as guitarras que parecem adormecidas.