Acorrentar a alma e dar as mãos entre vinhos e amores
Se a virtude estivesse mesmo no meio termo, o mar não teria ondas, os dias seriam nublados e o arco-íris em tons de cinza.
Por Edna Gomes
Definitivamente, depois de tanto tempo finalmente entendi que a felicidade é só questão de ser. A alegria da alma é um reflexo da forma como você leva a vida. Suas escolhas, suas ações, suas interações, todas elas constroem uma leveza no coração. Cabe a você decidir o que te faz feliz. Esta semana me refletida no espelho e amei tudo que vi. Fiz uma retrospectiva da minha vida e senti orgulho de tudo que construí e vivi. Nesse dia, entendi o que era finalmente estar em paz e fui apresentada à alegria da minha alma.
Às vezes me pergunto: o que nos leva a escolher uma vida morna? Melhor, não pergunto, contesto. A resposta eu sei de cor. Está estampada na distância e frieza dos sorrisos, na frouxidão dos abraços, na indiferença do “Bom dia”, quase que sussurrados. Sobra covardia e falta coragem até para ser feliz. Perceba que a vida tem realmente valor e que você tem valor diante da vida! Senão a gente corre o risco de se tornar uma pessoa mais ou menos. Se a virtude estivesse mesmo no meio termo, o mar não teria ondas, os dias seriam nublados e o arco-íris em tons de cinza. O nada não ilumina, não inspira, não aflige nem acalma, apenas amplia o vazio que cada um traz dentro de si.
Não deixe que a saudade sufoque, que a rotina acomode, que o medo impeça de tentar. Desconfie do destino e acredite em você.
Chegar onde eu cheguei, subir à altura. Onde agora me encontro — é ter chegado aos extremos da paz interior! Quando comecei a me amar de verdade, compreendi que em qualquer circunstância, eu estava no lugar certo, na hora certa, no momento exato. E então, pude relaxar. Hoje sei que isso tem nome, autoestima. Eu pude perceber que minha angústia, meu sofrimento emocional, não passa de um sinal de que estou indo contra as minhas verdades.
Hoje sei que isso é autenticidade. Quando reencontrei minha autoestima, parei de desejar que a minha vida fosse diferente e comecei a ver que tudo o que acontece contribui para o meu crescimento. Hoje chamo isso de amadurecimento. Me inspirei em Clarice Lispector que sugere: “Renda-se, como eu me rendi. Mergulhe no que você não conhece como eu mergulhei. Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento”.
Parei de tentar forçar alguma situação ou alguém apenas para realizar aquilo que desejo, mesmo sabendo que não é o momento ou que a pessoa não está preparada, inclusive eu mesmo. Hoje sei que o nome disso é respeito.
Que nunca falte Deus em nossa oração, uma pessoa a quem amar e um bom vinho para acompanhar. Quando me amei de verdade, deixei de temer o meu tempo livre e desisti de fazer grandes planos, abandonei os projetos megalômanos do futuro. Hoje faço o que acho certo, o que gosto, quando quero e no meu próprio ritmo. Isso é simpliscidade.
Quando comecei a perceber meu espelho, desisti de ficar revivendo o passado e de preocupar com o futuro. Agora, me mantenho no presente, que é onde a vida acontece. Eu vivo o agora, estou plena.
Quando descobri a beleza da vida, percebi que a minha mente pode me atormentar e me decepcionar. Mas quando me esforço para colocá-la a serviço do meu coração, ela se torna uma grande e valiosa aliada.
A vida não é de se brincar, mas também não tem que ser levada tão a sério. Não há nada que não se resolva ou se dissolva com uma boa dose de amor, humor e vinho. Eu aprendi que quanto menos tempo tenho, mais coisas consigo fazer. Porque de vinhos e de amores dispenso amadores, gosto de um amor bem encorpado para saciar minha sede e me deixar com lágrimas caindo em slow motion, beijar os mistérios da alma, deixa-me respirar seu cheiro, com teu sabor aveludado, beija minha boca até deixar-me impressionar os sentidos. A senha para o amor são duas taças e um vinho, harmonize enquanto houver a bebida de Baco, ame enquanto houver reciprocidade.