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segunda-feira, 23 de dezembro de 2024
Fantasia e drama social

Cinema nacional inova com cyberpunk: modificações físicas através da tecnologia

Matheus Nachtergaele trouxe para a produção toda sua experiência como ator reconhecido mundialmente

Postado em 14 de julho de 2021 por Lanna Oliveira
Cinema nacional inova com cyberpunk: modificações físicas através da tecnologia
Matheus Nachtergaele trouxe para a produção toda sua experiência como ator reconhecido mundialmente | Foto: Reprodução

O cinema brasileiro tem ganhado reconhecimento mundial e para chancelar esse progresso, ocorre até o dia 21 de agosto a 49ª edição do Festival de Cinema de Gramado. Mas o destaque do evento vai para a primeira sessão no país do novo longa de Renata Pinheiro, ‘CARRO REI’. A produção conta com a interpretação de Matheus Nachtergaele, ator prestigiado por onde passa. Combinando fantasia e drama social, o filme aborda o transhumanismo, um conceito que acredita no aumento das capacidades humanas por meio da tecnologia.

O filme que fez sua estreia mundial no Festival de Roterdã, em fevereiro passado, vem participando de diversos festivais ao redor do mundo e colheu elogios por onde passou. A revista on-line ‘Slant’ destacou a performance de Nachtergaele, classificando-a como “extraordinária”. Carlos Alberto Mattos, na ‘Carta Maior’, disse que “não faltaram coragem e capacidade de invenção a Renata Pinheiro e sua equipe”. Já o jornal português ‘Público’ apontou o filme como “Christine vai a Caruaru e Antonioni ao sertão”, em referência ao clássico de Stephen King.

“Fazer a estreia brasileira no Festival, este ano, vem com a sensação de participar de um importante momento histórico. 2021 é um ano em que estamos lutando contra dois males que assolaram o mundo, a pandemia de Covid-19, e a política devastadora da extrema-direita. Este é um filme que utiliza o gênero fantástico para tratar de assuntos duros e urgentes.  O longa, além de conter outras facetas, é a minha forma de tentar digerir os fatos recentes que ocorreram no Brasil desde 2013”, declara a cineasta.

De acordo com Renata, ela acredita que o Festival de Gramado, nascido em 1973, também precisou digerir o caminho tortuoso que a história brasileira já fez e se impor como algo importante e fundamental para o país. “Mostrar anualmente um recorte da produção cinematográfica brasileira é uma atitude política. Com a pandemia, sua parceria com o Canal Brasil ampliou ainda mais seu público.  Nós que fizemos o ‘CARRO REI’ estamos muito felizes em participar desta resistência”, complementa.

Um mundo fantástico

Com roteiro assinado pela diretora, Sergio Oliveira e Leo Pyrata, o filme é do gênero fantástico que aborda o transhumanismo, um conceito que acredita no aumento das capacidades humanas por meio da tecnologia. “O longa se passa em Caruaru, uma cidade média brasileira onde a crise econômica está afetando a todos, especialmente a classe trabalhadora. A ideologia de extrema direita, carregada de falsas esperanças, está se espalhando com velocidade; e ela chega de carro”, explica Renata, que define o longa como “um filme sobre luta de classes”.

O enredo traz, no início dos anos 2000, o nascimento de uma criança dentro de um carro 0km recém saído da concessionária, provoca um evento fantástico. O bebê cresce e se torna uma espécie de criança transumana que tem a habilidade de se comunicar com carros. Ele é Uno da Silva.  Uno e o carro ‘crescem’ juntos e são melhores amigos, ao lado de Zé Macaco, seu tio, um mecânico de ideias pouco convencionais. Mas um acidente os separa. A criança se torna um jovem ativista ambiental, afastando-se de seu dom único e da tradição familiar.

Para a diretora, em sua obra, “qualquer coisa pode se transformar em personagem quando entende-se que a linguagem visual tem o mesmo poder de comunicação que o diálogo falado. Portanto, tento economizar palavras porque gosto mais quando a encenação já é o bastante para a construção da narrativa do filme. Em ‘CARRO REI’ esses objetos inanimados, os carros, que já são presentes nos sonhos e histórias pessoais da maioria dos brasileiros, são trazidos para a vida real. Fazem parte da prole humana. E neste caso até ganham voz”.

“Nesta obra pude trabalhar com grandes colaboradores como Sergio Oliveira, um premiado diretor e roteirista brasileiro com quem venho trabalhando desde meu primeiro curta e com quem codirigi vários filmes; Fernando Lockett, cinegrafista argentino com quem trabalho desde meu primeiro longa; Matheus Nachtergaele, um artista excepcionalmente versátil que conquistou uma reputação formidável no Brasil e no exterior; Jules Elting, um ator transgênero, não binário, da Alemanha. Foi incrível também trabalhar com os atores jovens e talentosos Luciano Pedro Jr e Clara Pinheiro”, conclui.

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