Falta de chuva e seca extrema atingem 40% do território goiano
O Rio Meia Ponte, que abastece a Região Metropolitana de Goiânia, está em nível crítico
A falta de chuvas no Estado agravou a seca em parte de Goiás. Pelo menos 40,54% do território goiano já enfrenta seca grave ou extrema, de acordo com o Monitor de Secas da Agência Nacional de Água (ANA). Em Goiás, entre abril e maio, aconteceu uma leve expansão da área com seca grave, passando de 29,96% para 32,81% do Estado.
De acordo com a ANA, a área total com o fenômeno também avançou levemente de 97,11% para 98,2% do território goiano. Isso significa que Goiás teve cerca de 333 mil quilômetros quadrados nessa condição, ficando atrás da Bahia, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul.
Para a secretária de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Andréa Vulcanis, o ano está sendo bastante crítico sobre a questão hídrica. “Estamos enfrentando mudanças climáticas muito intensas. Nos últimos anos, houve uma redução significativa de chuvas e isso impede o processo de recuperação de lençol freático e umidade”, explica.
O Governo de Goiás tem monitorado todo esse processo de forma on-line. Há uma série de iniciativas sendo implementadas de prevenção e combate aos incêndios, de acordo com Andrea. “Nós esperamos passar por esse ano com mais tranquilidade”, diz.
O Rio Meia Ponte, por exemplo, está em nível crítico com vazão média de 6.317 litros por segundo (l/s). O monitoramento é telemétrico. “Todos aqueles que usam bastante água estão sendo monitorados para ter o controle. Foi feita uma regularização das barragens e é um conjunto de ações da iniciativa privada, Saneago e o Estado”. Em termos de severidade do fenômeno, dez estados tiveram um agravamento da seca em maio: Bahia, Ceará, Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Santa Catarina e São Paulo.
Seca
A falta de chuvas no Estado é atribuída ao fenômeno La Niña, que é responsável pela irregularidade das chuvas. É o que afirma o gerente do Centro de Informações Meteorológicas e Hidrológicas de Goiás de Goiás (Cimehgo), André Amorim. Ele explica que o fenômeno interfere na produção de frente fria. “Este ano, estamos com poucas frentes avançando no país e nós dependemos dessas frentes frias para que chova. Com menos chuvas, a temperatura tende a aumentar e a umidade do ar a se reduzir”, informa.
Outros fatores interferem na falta de chuvas de forma regular em Goiás. André destaca que isso é um acúmulo de acontecimentos dos últimos anos. “Tivemos uma irregularidade nos últimos cinco anos, com baixos índices pluviométricos”, aponta.
Em maio, o Sistema Nacional de Meteorologia (SNM) alertou que Goiás estaria em estado de emergência hídrica. Segundo o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), que faz a gestão do sistema, o volume de chuva se manteve abaixo do normal em maio e o país entra no período seco em situação delicada no que se refere à oferta de água. As regiões Sudeste e Centro-Oeste serão as mais afetadas com a seca neste ano.
Incêndios
Com relação aos incêndios, muitas vezes provocados pelas pessoas, a secretária alerta que é necessário conscientização. “As pessoas jogam nas estradas pontas de cigarros, fósforos e fazem algum tipo de queimadas até de propósito. Às vezes vai queimar o lixo no quintal da casa e o vento alastra o fogo”, alerta.
No que diz respeito à água, ainda é necessário a construção de reservatórios para evitar o desabastecimento de água. “Há uma série de ações que estão sendo desenvolvidas para resolver o problema da água. Nós temos uma preocupação com o Nordeste Goiano, onde há mais vegetação nativa de forma ampla. Então, quando ocorre um incêndio o fogo alastra de forma muito grave”, finaliza.
O Monitor de Secas é coordenado pela Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), com o apoio da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (FUNCEME), e desenvolvido conjuntamente com diversas instituições estaduais e federais ligadas às áreas de clima e recursos hídricos, que atuam na autoria e validação dos mapas. (Especial para O Hoje).