Retorno presencial das aulas dobra trabalho de professores
Algumas unidades registraram poucos alunos no primeiro dia e incômodo dos estudantes com o uso da máscara
O retorno presencial das aulas na rede estadual de ensino, ocorrido ontem (2), embora com poucos alunos, trouxe o dobro de trabalho para os professores. Isto porque todas as atividades que foram destinadas aos alunos precisam ser feitas nos formatos de Ensino a Distância (EaD) e impresso, conforme explica Thiago Martins, professor do Colégio Estadual José Alves de Assis, em Aparecida de Goiânia.
Segundo ele, o primeiro dia de aula foi marcado por poucos alunos, mas com muitas mudanças. Entre as principais estão a rotatividade dos alunos e a obrigatoriedade de máscara. “Tivemos que ficar pedindo para os alunos não tirarem as máscaras. Muitos disseram que estavam incomodados com as mesmas e, por isso, queriam retirá-las”, revela.
Para o professor, o trabalho aumentou no mínimo 100%. “Agora temos aulas presenciais, EAD, tarefas impressas e digitais. E o pior que no Estado está ocorrendo mudanças de direção sem eleições e bem no retorno. Hoje, no nosso colégio mesmo, fomos informados que a Diretora será substituída”, afirma. Thiago reforça que os colaboradores da unidade não concordam com a substituição da professora e que o colégio tem nota alta no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). A reportagem entrou em contato com a Secretaria de Estado da Educação (Seduc) questionado a situação, mas não obteve retorno antes do fechamento da edição.
Neste primeiro momento, são esperados cerca de 265 mil alunos de volta às escolas goianas, que deverão seguir uma série de protocolos de segurança, informa a Seduc. De acordo com a pasta, o retorno será feito com a ocupação de até 50% da capacidade das escolas, por isso metade dos alunos voltam às salas.
Em sistema de revezamento de alunos, haverá aulas presenciais e não presenciais, de forma complementar, para alcançar todos os estudantes. A prioridade de retorno presencial é para os estudantes sem acesso à internet, com dificuldades de aprendizagem e em vulnerabilidade social.
Para regulamentar a volta às aulas presenciais na rede estadual, a Secretaria de Estado de Educação (Seduc) lançou, um julho de 2021, o Guia de Implementação do Protocolo de Biossegurança e Medidas Pedagógicas para Retorno às Atividades Presenciais que dá orientações de higiene e segurança, organização física das escolas e atuação pedagógica no regime híbrido de ensino. Foi lançado também o Guia de Possibilidades Pedagógicas, focado na educação híbrida.
Presencias preocupam Sintego
O Sindicato Trabalhadores em Educação de Goiás (Sintego) afirma que ainda não seria a hora do retorno presencial. “Entendemos que não é hora ainda, pelo fato de que o nível de contágio está alto e as UTIs estão lotadas e, principalmente, a maior parte dos professores e administrativos das escolas ainda não terem tomado a segunda dose da vacina, ou seja, não estão completamente imunizados”, explica a presidente do sindicato, Bia de Lima.
A recomendação seria que o Estado esperasse pelo menos mais um mês e meio. “Sem a segunda dose é um risco muito grande e não queremos que isso aconteça tanto por parte dos profissionais quanto dos estudantes. As medidas sanitárias tomadas são necessárias, mas é preciso a imunização completa”, reforça ela. (Especial para o Hoje)