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terça-feira, 24 de dezembro de 2024
Valorização

Dia do Documentário Brasileiro busca homenagear produções nacionais

Com filmes históricos, outros premiados e iniciativas experimentais, com diferentes recortes de raça, etnia, gênero e região os documentários brasileiros são homenageados

Postado em 9 de agosto de 2021 por Lanna Oliveira
Dia do Documentário Brasileiro busca homenagear produções nacionais
Com filmes históricos

Comemorado no dia 7 de agosto, o Dia do Documentário Brasileiro tem como intuito homenagear produções nacionais. Caracterizado por explorar a realidade, as vezes até de forma subjetiva, o documentário é uma produção artística não-ficcional que pode abranger diferentes gêneros. A data foi escolhida pela Associação Brasileira de Documentaristas (ABD), como forma de homenagem ao aniversário do cineasta baiano Olney São Paulo, autor de ‘O profeta de Feira de Santana’ (1970) e ‘Ciganos do Nordeste’ (1976).

O que ocorre é que, além de ser um verdadeiro marco nesse nicho, Olney São Paulo foi preso e torturado no período da ditadura militar devido ao filme Manhã Cinzenta (1969), sobre o primeiro sequestro de um avião brasileiro por membros da organização MR-8. Com a histórica resistência da ABD durante a ditadura militar, mesmo reconhecendo outros grandes nomes da história do documentário brasileiro, o nome mais votado pela associação e pelos cineastas que se manifestaram foi o de Olney São Paulo.

Dentre tantas programações para exaltar obras desse estilo de audiovisual, criações brasileiras e profissionais da área, o canal Curta!On e o Itaú Cultural disponibilizaram diversos projetos que representam grandiosamente o gênero.  O Curta!On é um novo clube de documentários que conta com mais de 450 filmes e episódios de séries documentais, organizadas  por temas de interesse. Já a Itaú Cultural Play, plataforma de streaming, é gratuita e dedicada a produções nacionais. Ela tem mais da metade do catálogo composta de documentários.

Mais visibilidade ao gênero

Disponível três obras sobre o gênero cinematográfico no streaming Curta!On, no NOW da NET/Claro ou em curtaon.com.br. A tríade é formada pela série ‘Nós, Documentaristas’, de Susanna Lira, e pelos longas ‘Banquete Coutinho’, de Josafá Veloso, e ‘O Método’, de Liliana Sulzbach e Carlos Roberto Franke. Como a data presta homenagem ao aniversário do documentarista baiano, diretor de filmes como ‘O Forte’, ‘Grito da Terra’, entre outros, o canal tem por objetivo dar mais visibilidade ao gênero no país.

‘Banquete Coutinho’ lança um olhar sobre a obra de Eduardo Coutinho (1933-2014) a partir de um encontro filmado com ele em 2012, dois anos antes de sua morte. Coutinho é um dos mestres da cinematografia brasileira, realizador de documentários como ‘Cabra Marcado para Morrer’ (1964-1984), ‘Edifício Master’ (2002), ‘Jogo de Cena’ (2007) e ‘As Canções’ (2011). Já na série de 13 episódios ‘Nós, Documentaristas’, os principais cineastas do país que se propõem a filmar a ‘realidade’ contam suas experiências.

Entre os entrevistados dos 13 episódios estão nomes consagrados como João Moreira Salles, Vladimir Carvalho e Lúcia Murat; e documentaristas de uma nova geração, como Petra Costa, Emílio Domingos e Cristiano Burlan. Para completar a lista, o longa ‘O Método’ também investiga as técnicas utilizadas por documentaristas para retratar o real. Entre os entrevistados estão: Silvio Tendler, Bertram Verhaag, Eduardo Vilela Thielen, Inge Altemeier, Joachim Tschirner, Kerstin Stutterheim, Luiz Eduardo Jorge, Valentin Thurn e Washington Novaes.

Seleção variada e ampla

A seleção que a equipe do Itaú Cultural separou para celebrar essa data conta com produções como: ‘Garrincha, alegria do povo (1962); ‘Isto é Pelé’ (1974); ‘A negação do Brasil’ (2000); ‘Assim é, se lhe parece’ (2011); ‘Daquele instante em diante’ (2010); ‘As hiper mulheres’ (2011); ‘Zawxiperkwer Ka’a – Guardiões da floresta’ (2019); ‘Wai’á Rini, o poder do sonho’ (2001); ‘500 almas’ (2005); ‘A paixão de JL’ (2014); ‘Aqui favela, o rap representa’ (2003); ‘A rainha Nzinga chegou’ (2019); ‘Casa de cachorro’ (2001); dentre outros.

Entre os vinte documentários disponíveis gratuitamente, um dos destaques é o ‘Aqui favela, o rap representa’. Com direção de Júnia Torres e Rodrigo Siqueira, a produção é de 2003. Na melhor tradição do documentário brasileiro, o filme dá voz e autonomia a seus personagens, os artistas que no começo dos anos 2000 começavam a fazer do rap a expressão musical mais importante dos últimos 20 anos do país. Por entre vielas, becos e muitos discos, o movimento é captado em plena formação. Outro destaque é o ‘As hiper mulheres’ de Takumã Kuikuro, Carlos Fausto e Leonardo Sette. Rodado no ano de 2011 em Pernambuco, este é um dos filmes indígenas mais premiados e conhecidos no Brasil. Ele faz uma viagem antropológica ao coração de um ritual feminino ancestral. A força das mulheres na comunidade e seu esforço coletivo são filmados com sensibilidade e olhar privilegiado. Um ponto muito discutido nos dias de hoje e sob uma perspectiva diferente e pouco vista.

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