Um grupo de vereadores, encabeçado pelo presidente da Câmara Municipal de Goiânia, Romário Policarpo (Patriota), se dirigiu, na tarde da última quinta-feira, 12, à prefeitura de Goiânia para uma conversa reservada com o prefeito Rogério Cruz (Republicanos). Na ocasião, as lideranças cobraram uma “intervenção” por parte do chefe do Executivo no que diz respeito à postura de seu secretário de governo, Arthur Bernardes.

A principal queixa dos vereadores foi levantada em nome do colega de Parlamento, Kleybe Morais (MDB). Acontece que durante a última reunião da Câmara Municipal, o emedebista pediu a palavra para comentar os reflexos de sua saída da base do prefeito. Visivelmente abalado, o vereador comentou que após oficializar sua migração para a bancada da oposição teria recebido “quatro ameaças” diretamente de Bernardes.

“Esse secretário é um bandido, canalha e palhaço. Ele me ligou e me fez quatro ameaças. Primeiro ele ameaçou cassar meu mandato de vereador em no máximo seis meses, depois ameaçou tirar meu emprego público, depois me bloquear em todos os órgãos da prefeitura; mas a que mais me doeu foi a ameaça de acabar com a minha família caso viesse para a oposição”, disse, emocionado, o parlamentar.

Em seguida, o vereador aproveitou para mandar um recado ao prefeito Rogério Cruz, tido, por ele, como um homem de caráter e bom coração. “Existe um ditado que diz: ‘diga com quem tu andas que direi quem tu és’, prefeito. O senhor está andando com um bandido. O senhor não tem base nessa Casa, tem voto. São cinco ou seis vereadores, o resto aqui estão todos ameaçados”, disparou.

“Não sou mais nem menos importante que ninguém aqui por isso exijo que essa Casa tome providências. Não aceitarei isso”, disse o emedebista antes de descer da tribuna no encontro de ontem. Procurado para comentar as acusações, o secretário Arthur Bernardes ainda não retornou as mensagens ou telefonemas.

Nos bastidores, a conversa é de que o relato de Kleybe pareceu “muito franco” e teria sensibilizado até os mais inclinados à gestão municipal. Comentava-se, inclusive, que na reunião de ontem, o grupo itinerante pediria o afastamento definitivo de Bernardes ao prefeito. Contudo, a reportagem apurou que a reivindicação foi outra: para que o gestor simplesmente interceda por um clima harmônico entre ambos. 

Queixas

Conforme mostrado pela reportagem do jornal O Hoje na última quarta-feira, 11, ao deixar a base do prefeito na Casa, o vereador — que é o primeiro emedebista a romper com o prefeito desde a debandada do MDB da gestão municipal —  citou uma suposta ligação telefônica com o também vereador Leandro Sena (Republicanos).

Na ligação, Sena teria dito a Kleybe Morais que Arthur Bernardes tem “muita força” junto à Record TV por causa dos “mais altos contratos” dentro da Prefeitura. O vereador do MDB disse que o veículo de comunicação produziu reportagens contrárias a ele e insinuou que a razão seria a influência do titular. 

Leandro Sena, por sua vez,  negou as falas atribuídas a ele. Ambos se colocaram à disposição para quebra do sigilo telefônico. As queixas do parlamentar começaram ainda no primeiro semestre do ano, mas, a princípio, se resumiam ao tratamento dispensado pelo secretário. Com o passar do tempo, a rixa foi ganhando musculatura até “extrapolar a linha do tolerável”, relatou um vereador que preferiu não se identificar. Nos corredores, contudo, circula a informação de que a verdadeira insatisfação de Kleybe se deve a cargos que ele teria perdido no Paço Municipal, o que o vereador nega.