O velho e bom vinho do Novo Mundo
Na mitologia grega, Dionísio era o deus do vinho, das festas e da libido que inspirava a fertilidade dos povos
Por Edna Gomes
Os países que formam a região do Novo Mundo são, há mais de um século, observadores atentos das tradições vitícolas europeias. Apesar de mais novas, as indústrias vinícolas sempre estiveram atentas à Europa e sabendo aproveitar o conhecimento e capacidade de trabalho dos imigrantes, suas informações técnicas, além das referências provenientes dos vinhos impor-tados. Mesmo com o incremento da planta industrial conhecida pelos economistas como a nova concorrência, o prestígio e a qualidade dos vinhos franceses continuam em alta e referencial de preferência.
O mapa geográfico dos vinhos pelo mundo, assim como a bebida, está em perpétua mutação e, sempre para melhor. As vinícolas do Novo Mundo des-tacam-se em alguns rótulos em meio a variados nomes advindos dos quatro cantos do planeta e impressionam em idioma francês. São as cepas, trans-plantadas para quase todos os países produtores, a exemplo dos tradicionais Chardonnay e também o Cabernet Sauvignon, iguarias que indicam o estilo, o aroma e a fama do vinho. As garantias são dadas, portanto, pelos nomes da Cepa e do produtor – presentes nos rótulos –, mais do que pelo Terroir, termo francês frequente nos rótulos impressos mundo afora. Na Europa, a ênfase na proveniência dá uma indicação suplementar sem influir na qualidade do vinho.
Essa fantástica diversidade cria, porém, alguns problemas para os consumidores. Como saber quais são os melhores vinhos? Procure saber sobre o trabalho dos enólogos em destaque e o primor de algumas vinícolas. Na Argentina, por exemplo, gosto muito dos vinhos da vinícola Alto Las Hor-nigas. Ela já recebeu elogios do crítico Robert Parker, com destaque para o reserva. Impossível não amar os vinhos do Catena Zapata, tais como o premium Catena Zapata e Angélica Zapata. Outra vinícola especial, a Luigi Bosca destaca-se com o Finca Los Nobles. Por último a Vinícola Cobos e sua linha top com louros para o Bramare e Cobos.
O chile é sabidamente um país privilegiado qundo o assunto se trata do cultivo das vinhas. Ali existem numerosas vinícolas entre as quais destacam-se preciosidades como o Almaviva, inconteste vinho magnífico, espetacularmente degustável. Na Vinícola El Principal, empresa que usa e abusa com categoria do estilo Bordeux, os principais vinhos são El Principal Premium e o Memórias. A Coluna Prazeres à Mesa indica o Chadwick, considerado um dos mais expressivos do Chile. A Vinícola Santa Emma tem bons vinhos dentre os quais o Merlot Santa Emma Reserva. Além dos produtos citados aqui o Chile conta ainda com várias vinícolas que colocam no mercado exigente seus vinhos incríveis, o que vale a pena conhecer e degustar com prazer.
No Uruguai também se dá um bom desempenho na produção de vinhos. Naquela região a uva predominante é a Tannat. Sugere-se provar o top Don Adélio Tannat Reserva o qual estagia, pelo período de doze meses, em barris de carvalho. Da vinícola Castel Pujol a Coluna destaca o elegante Amat 100% Tannat, amadurecido em dezoito meses, em barrica de carvalho. Com relação à Figueiras Premium mérito especial para os tintos Merlot e Tannat.
Visitando a selvagem Austrália e a exótica Nova Zelândia, há pouco tempo, vi que aquelas regiões produzem vinhos generosamente frutados, aromáticos que enfatizam o brilho, o frescor mantendo os aromas originais da uva. Me surpreendi com a qualidade dos vinhos. A De Bortoli produz o opulento Noble One, um semillon botritizado que acompanha qualquer sobremesa tornando-a deliciosa, além do Lark Hill e seus grandes Riesling e Merlot. O apreciador que gosta de colecionar vinhos encontra na vinícola Château Tahbilk vinhos elegantes como Shiraz e os cabernet Sauvignon que precisam de decanter, pois seus taninos, às vezes, denotam sensações fortes. Na Nova Zelânia o Palliser Estate produz um grande rótulo, o Pinot Noir, simplesmente maravilhoso. Por conta da Alta Rangi a produção de notáveis vinhos da uva Pinot Noir.
A África do Sul é uma região que elabora os produtos em baixa temperatura para obter vinhos frescos e aromáticos no clima quente. A conhecida vinícola Stellenbosh District WO produz vinhos no estilo Bordeaux com mescla de diferentes uvas e amadurecimento em barricas de carvalho francês, além de alcançar excelentes vinhos com o processamento da uva Pinotage.
No Brasil, assistimos a uma verdadeira revolução no consumo e essa euforia só tem quarenta anos. Foi somente a partir dos anos de 1970 que o vinho começou a ser exposto ao consumidor, recebendo então uma roupagem de comunicação que não teve volta. Na década de 1950 a Aurora elaborava o Sangue de Boi que fez muito sucesso. Era o que tínhamos, apesar de ser um vinho sofrível. Graças ao deus Baco algumas famílias – descendentes dos pri-meiros imigrantes italianos que aqui aportaram – desenvolveram estudos dos quais não deixaram escapar a oportunidade da profissionalização.
Oficializaram-se a partir da criação de empresas com um alto nível de sofisticação técnica. Daí surgiram rótulos reconhecidos como o Miolo, Pizzato, Lovara, Dal Pizzol, Dom Cândido, Valduga, Lidio Carraro, Dom Giovanni, Pedrucci, Marson, Valmarino dentre tantos outros que, juntamente com os mais antigos como a histórica Cooperativa Aurora, Salton, Cooperativa Garibaldi, La Cave, redesenharam todo o cenário vinícola nacional. Um desta-que é o vinho Reserva Aurora Merlot que se impõe pelo aroma das frutas vermelhas com maciez e equilíbrio. A Casa Valduga Mundvs Malbec, com Bouquet agradável, mantém a tipicidade varietal, lembrando especiarias e intensas notas de frutos vermelhos, com destaque para a ameixa preta de corpo robusto e equilibrado. O Villagio Grando Malbec Plinio Alta Gama Malbec 2013 tem corpo robusto, cremoso, redondo, cheio de personalidade. No nariz tem a presença de frutas vermelhas com toques de defumados. Destaque de chocolate e amêndoas. Certamente um grande vinho.
Com frequência o apreciador de vinhos se depara com a preocupação em saber sobre a escolha de uma boa garrafa, se ela está fria demais ou per-maneceu por muito tempo em temperatura ambiente, se é jovem demais ou ainda se é vinho de guarda, podendo combinar, ou não, com um prato a ser servido. A Coluna Prazeres a Mesa avisa: descomplique-se e procure apreciar uma garrafa de vinho de modo feliz e sem pecado. Continuamente esta bebida à sua mesa, pode fazer seu prazer explorar as nuanças dos aromas diversos, tentar entender o porquê de algumas safras apresentarem-se sublimes e outras parecerem tão comuns. Faça deste momento um grande prazer, provoque alguns sentidos ainda adormecidos em seu paladar ao desvendar os mistérios do vinho.
O desconhecido sempre traz a sensação de querer encontrar os enigmas. Pense nos três sentidos que contribuem para a apreciação de um bom vinho, são eles, a visão, o olfato e o paladar. Degustá-lo é a única maneira de adquirir tais e reais conhecimentos. Apesar da pouca prática, o cérebro registra diferentes sensações experimentadas. Faça de sua adega um prazer a ser compartilhado entre amigos e família. Tente brincar da beleza que é descobrir as sensações que o vinho provoca. Sempre digo que o vinho é a porta de entrada da descoberta do amor pelos Prazeres da vida, à Mesa e à vida.