Vazão do Rio Meia Ponte cai e captação é reduzida em 25%
Devido ao grande período de estiagem, o Rio Meia Ponte, um dos mais importantes de Goiás, chegou à vazão de 3.861 litros por segundo, nível considerado crítico 2. Este ano, o rio chegou a seu nível crítico um mês antes que em 2020. Para recuperar nascentes e aumentar o nível de vazão no rio, ações […]
Devido ao grande período de estiagem, o Rio Meia Ponte, um dos mais importantes de Goiás, chegou à vazão de 3.861 litros por segundo, nível considerado crítico 2. Este ano, o rio chegou a seu nível crítico um mês antes que em 2020. Para recuperar nascentes e aumentar o nível de vazão no rio, ações ambientais de reflorestamento e recuperação de nascentes estão sendo realizadas no Estado.
Entre as ações ambientais em andamento, o Projeto Fundo Socioambiental (FSA) Caixa para a recuperação de nascentes e regeneração de Áreas de Preservação Permanentes (APP) na sub-bacia do Ribeirão Meia Ponte deve ser destacado. A iniciativa visa ampliar a oferta de água para a Região Metropolitana de Goiânia.
Com investimento de R$ 2,45 milhões, o projeto vai recuperar 84 nascentes e reflorestar 276 trechos de mata ciliar, passando por 172 propriedades rurais, localizadas em nove municípios: Brazabrantes, Damolândia, Goianira, Inhumas, Itauçu, Nerópolis, Nova Veneza, Ouro Verde e Santo Antônio de Goiás. O projeto de recuperação já foi concluído em Brazabrantes, Goianira, Nerópolis e Santo Antônio de Goiás. A proteção de nascentes do Meia Ponte exige um total de 580 mil metros quadrados de cercamento e 70 mil mudas para reflorestamento.
Segundo a Saneago, as mudas devem vir de empresas contratadas, mas a companhia também dispõe de um viveiro próprio, com capacidade para produzir mais de 60 mil mudas nativas por ano. As mudas produzidas nesse viveiro são distribuídas a parceiros que atuam em projetos de proteção de nascentes e matas ciliares em todo o estado de Goiás.
Em outra iniciativa, a Saneago realizou levantamento da situação de mananciais em 11 municípios goianos, que enfrentam situação de escassez hídrica. O estudo identificou a necessidade de investimentos de R$ 897,1 mil para recuperar 123 nascentes, que receberão 1,2 milhão de metros quadrados de cercamento e mais de 54 mil mudas para reflorestamento.
Outro projeto a ser destacado é o “Projeto ReNascentes”, que consiste em contribuir na disponibilidade de água para abastecimento. Por meio deste projeto, proprietários rurais – que possuem áreas de proteção e recuperação de nascentes e matas ciliares na sub-bacia do Rio Meia Ponte e do Ribeirão Piancó – podem se cadastrar para receber mudas e disponibilizar áreas para cercamento de rios e nascentes do Estado.
Fluxo pode voltar a bons níveis
Segundo o analista ambiental, Vitor Pereira, o fluxo do rio pode voltar a bons níveis, mas não como era antes. “O rio corta o meio de Goiânia, o que deu interferência. Porém, com a recuperação das áreas degradadas, o nível pode melhorar seus níveis de vazão”, explica.
“A diminuição do fluxo do rio sofre impacto direto da dinâmica das chuvas no Estado. A cada ano há uma divergência sobre a quantidade e período de chuvas. O verão chuvoso, por exemplo, está ocorrendo de forma mais curta e a estiagem está vindo mais intensa, o que atrapalha a capacidade de água dos rios. Com as poucas chuvas, falta abastecimento nas bacias hidrográficas e no rio”, continua.
Para Vitor, é necessário realizar uma análise temporal para identificar o agravamento do rio ao longo dos anos para conseguir reverter os impactos que causaram diminuição no fluxo do Meia Ponte. “Para se recuperar o rio, se precisa fazer uma análise temporal de como estava o rio antes e como está hoje. Nesse meio tempo, se deve identificar o agravamento que ocorreu durante os anos e, desta forma, identificar os problemas atuais para reverte-los”, explica.
“Realizar o replantio das florestas que existiam anteriormente nas áreas próximas destas nascentes é um passo importante, porém, é necessário diminuir, ou retirar à presença humana, de dejetos jogados as margens. Além disso, é preciso fazer zonas de Área de Proteção Permanente, seguindo toda a margem do rio, para tentar preservar. Entretanto, é extremamente complicado realizar a total recuperação de um rio que corta uma zona urbana”, completa. (Especial para O Hoje)