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sábado, 23 de novembro de 2024
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Conscientização

Aumentam em 60% número de doações de leite materno

No ano passado houveram 603 doações, enquanto no primeiro semestre deste ano o número de doações chegou a 1.693. Expectativa é de crescimento com campanhas de conscientização.

Postado em 28 de agosto de 2021 por Daniell Alves
Aumentam em 60% número de doações de leite materno
No ano passado houveram 603 doações

O número de doações de leite materno tem aumentado em Goiás. Desde o último ano foram 603 doações a mais, segundo dados do Banco de Leite Humano (BLH), do Hospital Materno Infantil (HMI). Somente no primeiro semestre deste ano, foram registradas 1.693 doações, mas o quantitativo ainda pode aumentar devido à campanha Agosto Dourado, que incentiva a amamentação e doação em todo o País.

Em 2020, durante este mesmo período, foram 1.090 doações. A amamentação reduziu, nos últimos anos, o índice de morte em 50% em bebês nos primeiros anos de vida, aponta a pediatra e coordenadora do Departamento de Aleitamento Materno da Sociedade Goiana de Pediatria, Simone Ramos. Ela ressalta que a amamentação é fundamental para diminuir a mortalidade infantil.

Neste mês, o Agosto Dourado se estende durante todo o mês no intuito de incentivar a amamentação no Brasil e no mundo. Este ano, o lema da campanha “Apoie o aleitamento materno por um planeta saudável” se concentrará no impacto da alimentação infantil no meio ambiente.

Referência em Goiás, o HMI abriga o Banco de Leite Humano (BLH), que promove a saúde da mulher e da criança com o incentivo ao aleitamento materno, que garante o primeiro alimento da vida. É por meio do leite materno que o corpo se desenvolve e é fortalecido, para que as mais variadas doenças sejam prevenidas.

Por isso, o BLH do Materno-Infantil disponibiliza leite humano para recém-nascidos prematuros e de baixo peso. Além disso, promove informação sobre os benefícios do leite materno e reforça o quanto esse ato de amor é essencial no desenvolvimento da criança. “Nosso foco é divulgar ao máximo a importância do aleitamento materno e ajudar as mães que enfrentam dificuldades”, explica a coordenadora do Banco de Leite Humano do HMI, Renata Leles.

Laura Cristina Chaves Ferreira é uma das mães atendidas pelo programa Meninas de Luz, da Organização das Voluntárias de Goiás (OVG). Ela acredita que essa seja uma forma de agradecer a oportunidade dos conhecimentos que ganhou e de garantir a saúde do filho. “Sou muito agradecida ao programa porque a equipe me ensinou que o aleitamento materno é rico e essencial na vida dos nossos filhos. São tantos os benefícios”, comenta. A paciente da Maternidade Estadual Nossa Senhora de Lourdes, da SES-GO, Rebeca Lacerda, também ressalta a importância da amamentação.

Banco de Leite

O Banco de Leite do HMI estimula o aleitamento materno desde quando foi fundado, há 31 anos, e é abastecida com doações de mães com excedente de leite, que realizam a doação no próprio local ou armazenam o produto em casa. Para coletar o material, o BLH conta com o apoio do Corpo de Bombeiros Militar de Goiás, que disponibiliza veículo e profissionais de apoio.

As profissionais vão até as residências das doadoras e, além de coletar o leite, fazem um trabalho de orientação às mães. Após a coleta, o leite é analisado e pasteurizado para que fique em condições sanitárias de consumo. O leite é então congelado, podendo ficar armazenado por seis meses. O BLH é pioneiro na realização de atividades voltadas para a conscientização da importância do aleitamento materno e da doação de leite, o que contribui com a certificação de Hospital Amigo da Criança, concedida por meio da Iniciativa Hospital Amigo da Criança, idealizada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pelo Unicef.

Aleitamento exclusivo

Na Maternidade Nascer Cidadão (MNC), no Hospital e Maternidade Dona Iris (HMDI) e no Hospital e Maternidade Municipal Célia Câmara (HMMCC), a amamentação e o aleitamento são estimulados a todo o tempo, com orientações práticas às mães logo que o bebê nasce.

Na MNC e no HMDI, onde existem o Banco de Leite Humano e o Posto de Coleta, respectivamente, as equipes prestam auxílio acerca da amamentação às mulheres que deram à luz tanto nas próprias unidades quanto em outros locais, ensinando formas corretas de pega e posicionamento do bebê no momento da amamentação e instruindo sobre a importância do aleitamento exclusivo até o sexto mês de vida, e complementar até os dois anos de idade.

Além de todos os benefícios à saúde do bebê, dar o peito ainda é um excelente exercício para o desenvolvimento da face da criança, importante para que ela tenha dentes fortes, desenvolva a fala e tenha uma boa respiração. “Seria maravilhoso se todas as mães pudessem oferecer o leite direto do seio ao seu bebê, porque a amamentação auxilia a formação de vínculo e os riscos de abandono e de violência futura são minimizados com esse contato”, destaca diretor do Banco de Leite Humano da Maternidade Nascer Cidadão (MNC), Sebastião Leite, reforçando às mães que procurem uma das unidades para solicitar ajuda, se necessário.

Nos casos em que a mãe não pode dar de mamar, o recomendado é que ela ofereça o próprio leite ao bebê em outros meios, como em copinho, colher dosadora ou mamadeira, conforme indicado pelo profissional de saúde que esteja acompanhando a família. Em qualquer um dos casos, a mãe necessita de tranquilidade e apoio externo para ser estimulada a alimentar seu filho, conforme destacado pela SMAM 2021.

“Ressaltamos que amamentar não é só uma responsabilidade da mãe. Às vezes, a mãe sozinha quer muito, mas ela precisa do apoio de todo o resto para continuar seguindo em frente”, comenta Isabela Luisa de Almeida, enfermeira do Posto de Coleta de Leite Humano do HMDI, afirmando que este apoio deve vir “do poder público, criando políticas que incentivem a mulher a amamentar; das empresas, que tendem a desvalorizar a mulher em idade fértil porque sabem que, posteriormente, ela pode gestar e amamentar; da família, que muitas vezes julga ao invés de apoiar; da assistência à saúde e de toda a equipe que acompanha mãe e bebê, como pediatra, enfermeiros e fonoaudiólogos”.

Quem pode doar?

A candidata a doação de leite materno deve estar saudável, não podendo ser fumante, usuária de drogas, ingerir bebida alcoólica, não estar em uso de medicamentos contraindicados durante a amamentação e apresentar resultados dos seus exames de doenças infectocontagiosas do seu pré/pós natal.

É contraindicada a doação por mulheres com sintomas compatíveis com síndrome gripal, infecção respiratória ou confirmação de caso da Covid-19. A contraindicação é estendida a mulheres que tiveram contatos domiciliares de casos com síndrome gripal ou caso confirmado de Covid-19.

Mais de metade é amamentada até o 1º ano

Dados do Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil (Enani), do Ministério da Saúde, apontam que 53% das crianças brasileiras são amamentadas até o primeiro ano de vida. A amamentação exclusiva com leite materno até os seis meses alcança 45,7% e, até os quatro meses, 60%.

Ao ser amamentada, a criança é protegida contra doenças, tem a formação incorreta dos dentes e problemas na fala prevenidos e obtém melhor desenvolvimento e crescimento. Outro bônus é que além de ser um alimento completo, o leite materno dispensa água ou outras comidas até os seis primeiros meses de vida do bebê.

Mês do Aleitamento

No Brasil, o mês do Aleitamento Materno foi instituído pela Lei nº 13.435/2.017, que determina que serão intensificadas ações intersetoriais de conscientização e esclarecimento sobre a importância do aleitamento materno ao longo de todo o mês de agosto. Dentre essas ações estão palestras e eventos de conscientização com a sociedade; divulgação do tema nas diversas mídias disponíveis; reuniões com a comunidade; ações de divulgação em espaços públicos; e iluminação ou decoração de espaços com a cor dourada.

“Desde quando instituída a data, comemoramos os agostos como uma luta pelo aleitamento materno porque sabemos que cada gotinha de leite vale ouro. Tendo em vista os inúmeros benefícios que o leite traz para a mãe, o bebê, a sociedade, a natureza e para a família, trabalhamos de forma incansável para promover e incentivar o aleitamento”, arremata a enfermeira Isabela Luisa.

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