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segunda-feira, 23 de dezembro de 2024
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Sem chuvas

Goiânia consome quase um terço da água do Estado

Diante do cenário de secas, Saneago alerta para consumo consciente do recurso

Postado em 30 de agosto de 2021 por Maiara Dal Bosco
Goiânia consome quase um terço da água do Estado
Diante do cenário de secas

Concentrando cerca de 20% da população de Goiás, Goiânia representa 28,95% do consumo de água de todo o Estado. Isso significa que, no mês de julho, o volume faturado em Goiânia foi de mais de 6 milhões de metros cúbicos de água, enquanto o volume faturado em Goiás (Saneago) marcou mais de 23 milhões de metros cúbicos. Os dados são da Companhia Saneamento de Goiás e apontam ainda que nos dois meses anteriores – maio e junho – a média se manteve na mesma faixa: 30,28% e 29,2%, respectivamente.

Desta forma, na Capital, no mês passado, o volume médio de água consumido por economia – que equivale a uma unidade usuária com ponto de abastecimento, podendo ser residência, comércio, indústria, área verde, entre outros – foi de 9,91 metros cúbicos. Em Goiás, esse número marcou 9,33 metros cúbicos. Em junho, o mesmo dado para a Capital atingiu 10,41 metros cúbicos, ao passo que para o Estado foram 9,73 metros cúbicos. Já no mês de maio, os volumes médios para Goiânia e Goiás ficaram, respectivamente, em: 10,34 e 9,33 metros cúbicos.

Conscientização

Diante do cenário de secas e da necessidade de alertar à população sobre o uso responsável da água, a Saneago iniciou, em junho de 2021, uma campanha para incentivar o uso consciente do recurso natural. Segundo a Companhia, a campanha conta com novos vídeos e novas histórias.

Neste momento, a Companhia, que está presente em 226 dos 246 municípios goianos – atendendo mais de 6 milhões de pessoas em todo o estado de Goiás com água tratada, sendo 1,5 milhão somente em Goiânia, afirmou que os mananciais de abastecimento estão com disponibilidade hídrica suficiente para assegurar a estabilidade no fornecimento de água tratada e descarta um possível desabastecimento na Região Metropolitana. No entanto, o período de estiagem demanda cautela e consumo consciente.

Ernesto Augustus Araújo é diretor financeiro do Instituto Plantadores de Água, uma organização da sociedade civil brasileira, apartidária e sem fins lucrativos que trabalha em defesa da vida. Ele explicou que grande parte das cidades, principalmente as capitais, se desenvolveram ao longo de cursos d’água. O motivo é que o ser humano utiliza água para praticamente todas suas atividades, além do que ela é essencial a nossa vida.

“Infelizmente, nossa relação com a água, apesar de nossa total dependência, nunca foi das melhores. Temos sistematicamente destruído, por ignorância ou não, as nossas matas, e, para quem não sabe, as árvores, arbustos e capins nativos têm estreita ligação com a recarga do lençol freático e dos aquíferos. Também temos poluído nossas fontes de água, com esgotos industriais ou residenciais, além de agrotóxicos oriundos da agricultura. Perdemos com isso em quantidade e qualidade, reduzindo ainda mais a disponibilidade hídrica para nosso consumo e outras atividades. Portanto, preservar a água é garantir a nossa própria sobrevivência, é permitir que continuemos desenvolvendo, é manter a população com saúde e com maior qualidade de vida”, explicou o diretor.

Responsabilidade

Ao jornal O Hoje, a Saneago pontuou que, da mesma forma que solicita à população o uso consciente da água, a Saneago também tem feito o seu papel, atuando com firmeza no combate às perdas na distribuição, o que tem gerado resultados significativos. Enquanto a média nacional de perdas atinge 39%, os índices específicos da Saneago estão em 26,9% para Goiás e 18,76% para Goiânia.

A Saneago explicou ainda que as ações de combate a perdas são fundamentais para a preservação dos recursos hídricos, uma vez que, quanto menor a perda de água, menor será o volume retirado dos mananciais e, por consequência, maior será o aumento de disponibilidade hídrica para a população. “A Companhia continuará a intensificar os esforços para reduzir, cada vez mais, os índices de perdas. E intensificando a campanha de consumo consciente para que a população faça o uso moderado de água tratada”, diz o comunicado.

Tarifa

Questionada se estudam mudar a cobrança pelo uso da água, a Saneago informou que a cobrança é realizada de acordo com o consumo da água no imóvel, ou seja, a quantidade de metros cúbicos consumidos por mês. A Companhia frisou ainda que a estrutura tarifária vigente é de julho de 2019, e que, assim, não houve alteração nos últimos dois anos. Além disso, destacou que a definição das metodologias de cálculo é atribuição das agências reguladoras.

Chuvas só em outubro

Após 77 dias sem chuva em Goiânia, o Rio Meia Ponte segue em nível crítico 2, de acordo com o Centro de Informações Meteorológicas e Hidrológicas do Estado de Goiás (Cihmego). O Meia Ponte já se encontra no nível crítico 2 – que é alcançado quando a vazão de escoamento é menor ou igual a 4 mil L/s, desde o último dia 18. Também neste mês, o Rio já havia deixado o estado de alerta e atingido o nível crítico 1. Para se ter uma ideia, o monitoramento feito pelo Cihmego no último dia (26), apontou que a vazão média diária era de 3.547 litros por segundo (L/s).

Devido ao nível crítico, a Secretaria de Meio Ambiente (Semad) fez alertas e ressalta providências a serem adotadas em Goiânia e no Estado. Entre as medidas, está a redução em 25% da captação de água no Rio Meia Ponte por parte de empresários e produtores rurais para todas as finalidades de usos, exceto para abastecimento público e dessedentação animal. Diante desse cenário, a Companhia Saneamento de Goiás (Saneago) também solicita aos moradores que, devido ao período de estiagem, façam uso consciente das reservas domiciliares de água tratada, o que inclui evitar desperdícios e informar à Companhia caso verifique vazamentos nas ruas e calçadas, para que os técnicos possam efetuar os reparos o mais rápido possível. 

Outubro

Segundo o Centro de Informações Meteorológicas e Hidrológicas (Cimehgo), o Meia Ponte deve permanecer em nível crítico até outubro. A previsão é de que as chuvas só sejam registradas a partir da segunda quinzena do mês. De acordo com a Companhia, em 2019 e 2020, mesmo com a estiagem prolongada, aumento do consumo e contexto da pandemia, o abastecimento foi regular, devido ao conjunto de ações executadas. A Capital é atendida por dois sistemas produtores: Meia Ponte e Mauro Borges. Cada um deles abastece determinadas regiões da cidade.

Plano de Recursos Hídricos

Em junho, o Plano de Recursos Hídricos das Unidades de Planejamento e Gestão de Recursos Hídricos do Estado de Goiás Afluentes ao Rio Meia Ponte propôs a redução da água captada. A ação engloba os elementos estratégicos para gestão de recursos hídricos considerando a capacidade de intervenção e governabilidade do setor público na condição de mediador e executor de ações. Neste panorama, o Plano de Ação preliminar, no que cabe aos aspectos socioeconômicos não interferem na dinâmica de desenvolvimento local ou regional, mas apontam para a necessidade, cada vez mais atual de melhoria dos sistemas de mediação tanto entre Governos-Estados e Sociedade Civil, quanto de diálogo interfederativo.

O documento preliminar é ainda dividido em Prognóstico, atuação do Comitê de Bacia, e matriz preliminar do Plano de Ação. Para a indústria, por exemplo, propõe-se uma redução de 50% da vazão captada, com incentivo a medidas como reuso de água, captação e água de chuva, que poderiam diminuir significativamente a quantidade de água necessária. (Especial para O Hoje)

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