Com 5 anos de atraso, Corredor da T-7 tem prejuízo de R$ 5 milhões
Obra é mais que mais tem aditivos e a que está mais tempo em atraso para ser concluída na Capital
As obras do corredor da Avenida T-7 já custam R$ 5 milhões a mais do que o valor previsto inicialmente. Com isso, a empreitada é a que está mais tempo em atraso e que contou com mais aditivos em contrato, com cerca de 13 alterações. Dessa forma, os moradores que poderiam usufruir do corredor de cerca de 10 quilômetros – que sai do Terminal Bandeiras até a Praça Cívica – sofrem na incerteza após mais de cinco anos de atraso.
A obra do corredor teve início na gestão de Paulo Garcia, mas com a promessa de ser entregue em outubro de 2016. Porém, não foi concluída e passou para o mandato de Iris Rezende, que, naquela altura, estava paralisada. Houve várias promessas de retomada, sendo a primeira em março de 2017, mas a volta só ocorreu em outubro daquele ano. A promessa era de que o trecho fosse inaugurado em dezembro de 2018. Em outubro de 2019 teve uma nova expectativa de entrega, março de 2020. Depois, a inauguração foi adiada para outubro e depois em dezembro de 2020. Agora, a expectativa é que o corredor seja entregue em junho de 2022.
De acordo com a Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seinfra), o trecho conta com 60% de obras concluídas. Até o momento, foram feitos os serviços de drenagem, pavimentação no lado direito das pistas, revitalização de calçadas e abrigo nos pontos de embarque e desembarque do transporte coletivo. Dos 57 abrigos previstos, somente 30 foram instalados. Entretanto, todo o trecho era para ter sido entregue no final de 2016 após as obras terem sido iniciadas em fevereiro de 2015.
A expectativa é que os novos abrigos tragam informações sobre os trajetos de linhas, horários de viagens e localização, além de orientação de como utilizar o celular para ver o horário, em tempo real, de chegada do ônibus no ponto de parada.
Reunião
Em abril deste ano, houve uma reunião para discutir o andamento das obras no corredor da T-7. Estiveram presentes os secretários Fausto Sarmento (Seinfra), Arthur Bernardes de Miranda (Governo), Geraldo Lourenço (Finanças), Michel Afif Magul (Planejamento Urbano e Habitação), Aline Espírito Santo Ribeiro (Controladoria-Geral do Município), Domingos Sávio Afonso (CMTC) e representantes da empresa Jofege, Pavimentação e Construção Ltda.
“O objetivo da reunião foi sanar as dificuldades encontradas para a agilidade dessa obra e entregar, no mais breve espaço de tempo, esse corredor, que cada vez mais é tão essencial para a população. Um dos problemas é sobre a tecnologia utilizada nos semáforos que já está ultrapassada, precisamos atualizar isso para entregar um ótimo serviço”, explicou o secretário de Infraestrutura Urbana, Fausto Sarmento na época.
Essa tecnologia, de acordo com a prefeitura, consistia na implantação do sistema semafórico inteligente que vai proporcionar maior fluidez ao tráfego de veículos e locomoção de pessoas. Os dutos para a instalação de fibra óptica que farão a conexão do sistema de monitoramento e semáforos inteligentes já foram implantados. No local, os semáforos inteligentes irão detectar os veículos a 200 metros do semáforo, e quando o veículo passar pelo sensor, os dados serão enviados automaticamente para a controladora que monitora os intervalos que o semáforo deve operar.
“Minha determinação, desde o início do meu mandato, é entregar todas as obras iniciadas na gestão passada e essa é uma delas. O foco está no Corredor da T-7 e vamos concluir rapidamente, garantindo um trânsito melhor em toda a cidade, com um transporte público funcionando com agilidade”, assegura o prefeito Rogério Cruz.
O corredor de 10,5 quilômetros passa pela rua Dona Gercina Borges Teixeira, no Centro, e pelas avenidas Assis Chateaubriand, T-7, C-4, C-12, C-17, Araxá, Avenida Belo Horizonte e o Terminal das Bandeiras. No corredor passam 13 linhas de ônibus e atendem cerca de 182 mil pessoas. São atendidos os seguintes setores: Vila Alpes, Vila União, Vila Lucy, Jardim Ana Lúcia, Setor Sudoeste, Jardim América, Setor Bueno, Setor Oeste, Setor Sul, Setor Central e Jardim Europa.
Plano Diretor tem 15 corredores exclusivos
O texto do Plano Diretor de Goiânia prevê 30 quilômetros de novos corredores para o transporte coletivo, entre exclusivos, preferenciais e estratégicos, de acordo com a minuta do projeto. As obras previstas no Plano Diretor funcionam como uma orientação para o futuro da cidade e pretendem beneficiar os usuários do transporte público coletivo.
Os 15 corredores exclusivos serão construídos no Campus UFG; Anhanguera; Goiás BRT Norte-Sul; Leste – Oeste; Marginal Leste; Mutirão; Noroeste; Perimetral Oeste; Pio XII; Santa Maria; Avenida T-7; Avenida T-8; Avenida T-9; Avenida T-63; e corredor da Avenida 85. Cinco já foram construídos nas Avenidas Anhanguera, Goiás, Goiás Norte, Avenida 84 e Rua 90.
Quanto aos corredores preferenciais para ônibus, estão previstos no Parque Atheneu; Castelo Branco; Setor Universitário; Avenida Independência; Segunda Radial; Rua C-104; Avenida Veneza e 24 de Outubro; Setores Pedro Ludovico, Central e São Francisco; um na BR-060; nas GOs-060 e 0-70; e um na Avenida 24 de Outubro.
Na minuta do projeto constam sete corredores estratégicos, na Avenida Perimetral Norte; Marginal Barreiro e seu prolongamento; Marginal Botafogo, na Capim Puba; Marginal Cascavel; corredor Marginal Leste; corredor Perimetral Oeste e na Avenida T-8.
O Plano Diretor de 2007 orientou a ocupação urbana ao longo dos corredores de transporte, com a ideia de o cidadão ter fácil acesso à moradia, ao comércio local e estar próximo de serviços públicos.
Histórico
O lançamento das obras na Avenida T-7, em fevereiro de 2015, foi marcado por vaias e aplausos principalmente por parte dos comerciantes. Na época, eles alegaram que ela impactaria o fim do estacionamento na região. A justificativa foi a potencial perda de clientes, em detrimento à construção do corredor preferencial do transporte coletivo. A equipe de reportagem foi ao local ontem verificar o temor deles, porém o problema persiste.
Os comerciantes, que já haviam sidos recebidos pelos técnicos da prefeitura na Companhia Metropolitana de Transporte Coletivo (CMTC), afirmaram não terem sido atendidos nas suas reivindicações, que seria a mudança de projeto. Eles citaram como exemplo problemas com comércio nas Avenidas 85 e T-63 depois da implantação dos corredores e queriam que fosse transferido para a Avenida Itália. Projeto do então prefeito Paulo Garcia (PT).
Os comerciantes ainda alegaram que o volume de tráfego de automóveis era maior que o dos ônibus, o que não justificaria o corredor. (Especial para O Hoje)