Estações do BRT travam entrega do trecho II na Praça Cívica
Sem aval do Iphan para instalação de estações na Avenida Goiás e anel interno da praça Cívica, data de inauguração, prevista para outubro, é adiada para dezembro
O prefeito Rogério Cruz (Republicanos) disse em algumas ocasiões que cortaria o laço vermelho da mega obra doBRT, pelo menos do trecho II, ainda na semana do aniversário de Goiânia, no próximo outubro. Por outro lado, conforme apurou o jornal O Hoje, a prefeitura não atendeu a algumas exigências documentais do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
A prefeitura garante, no entanto, a inauguração dos trechos do Terminal Isidória e do Terminal Recanto do Bosque ao Terminal Rodoviário, Viaduto da Perimetral e Terminal Perimetral. Embora não tenha dado detalhes do motivo do quarto atraso do calendário de entrega, a reportagem apurou que a motivação para o entrave é a falta de liberação do Iphan da implantação de estações na Avenida Goiás e no anel interno da Praça Cívica.
Faltam, ainda, estudos de impacto visual, uma maquete eletrônica, o plano de arborização e os projetos das estações compatibilizados para serem analisados pelos técnicos do Iphan. A prefeitura afirmou, por meio da assessoria de imprensa, que os documentos foram entregues, mas o Iphan nega que tenha recebido.
A exigência da documentação se atenta para os riscos de descaracterização da avenida Goiás, do ponto de vista histórico, a mais simbólica de Goiânia. Em entrevista ao jornal O Hoje, o o superintendente do Iphan em Goiás, Allyson Cabral, afirma que o órgão acompanha de perto as obras do BRT ao redor dos edifícios e monumentos que integram o Conjunto Arquitetônico Art Déco e Urbanístico de Goiânia tombado pelo Iphan desde 2003.
O superintendente dá um exemplo da importância do acompanhamento das obras onde estão erguidos prédios tombados. “No mês de dezembro de 2019, houve um desplacamento de um elemento artístico da Torre do Relógio, as trepidações causadas pelos maquinários pesados utilizados na obra do BRT podem ter contribuído para o agravamento do estado de conservação do bem, que recentemente passou por obras de restauração pelo Iphan, sendo entregue em junho de 2021”.
Para a preservação dos monumentos e prédios históricos, por orientação do Iphan, a Prefeitura de Goiânia se comprometeu a utilizar maquinários de compactação da via com menor vibração, para que tenha menor impacto nos bens no entorno da Avenida Goiás e Praça Cívica. “Assim, o rolo pé-de-carneiro foi substituído pelo rolo liso, para preservar as estruturas dos bens históricos. Durante toda a obra, está havendo monitoramento constante dos edifícios de modo a garantir a integridade dos monumentos e prédios do início da capital goiana”, esclarece o superintendente.
Quanto ao impacto na paisagem tombada e outras possíveis alterações na Praça Cívica, o Iphan solicitou a participação do Governo do estado de Goiás que manifestou interesse em colaborar com as discussões que vão desde a proporção do impacto da obra do BRT na Praça, a localização e as dimensões das estações. “O Iphan possui grande preocupação quanto ao impacto visual e integridade física dos edifícios que compõem o conjunto tombado da Praça Cívica, por isso tem agido com cautela na análise dos documentos e tem convidado outras esferas para participar de todo esse processo”, finaliza o superintendente. (Yago Sales – Especial para O Hoje)