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sábado, 23 de novembro de 2024
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2022

Aliança antecipada entre DEM e MDB pode favorecer oposição

Por outro lado, há quem acredite que Ronaldo Caiado terá tempo para convencer parte da base governista insatisfeita com Daniel Vilela

Postado em 13 de setembro de 2021 por Marcelo Mariano
Aliança antecipada entre DEM e MDB pode favorecer oposição
Por outro lado

Não é segredo para ninguém que o governador Ronaldo Caiado (DEM) quer ter o ex-deputado federal e presidente do MDB em Goiás, Daniel Vilela, como seu candidato a vice nas eleições de 2022.

O que chama a atenção dos observadores da política goiana é o fato de a aproximação entre os dois se dar com tanta antecedência, já que as convenções partidárias para definir as alianças só ocorrem daqui aproximadamente um ano.

Nos bastidores, a leitura que se faz é a de que Caiado vê o MDB como um adversário em potencial e, por isso, busca trazer o partido para sua base.

O MDB, contudo, não é um partido muito homogêneo. Há uma ala, liderada pelo prefeito de Aparecida de Goiânia, Gustavo Mendanha, que defende candidatura própria.

A tendência é que, uma vez confirmada a aliança entre DEM e MDB, Mendanha busque refúgio em outro partido para viabilizar sua candidatura a governador.

Com isso, o prefeito de Aparecida de Goiânia, e a oposição de uma forma geral, ganham tempo para se organizar e pensar em estratégias.

Um dos principais aliados de Mendanha, o presidente da Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg), Sandro Mabel, confirma a tese e diz que Caiado está “com ânsia de vencer”.

“Ele quer neutralizar o MDB e já marcou as cartas”, disse Mabel ao jornal O Hoje. “Quando você coloca as cartas na mesa, depois fica difícil tirá-las.”

Apesar disso, Mabel, que diz não confiar na palavra do governador, pensa que ainda pode haver alguma mudança e cita o caso do presidente da Assembleia Legislativa, Lissauer Vieira (PSB).

“O Lissauer fez um trabalho sério, se articulou e já estava encaminhado para ser o vice de Caiado, que, agora, o descartou e trocou pelo Daniel”, critica o presidente da Fieg.

De fato, na política, onde as alianças podem mudar do dia para a noite, um ano é tempo demais para garantir que a aproximação entre DEM e MDB dure até as eleições.

Há quem acredite que, se a aliança entre os dois partidos fosse concretizada mais perto da janela partidária, em março do ano que vem, Mendanha teria pouco tempo para se filiar a um outro partido, o que poderia enfraquecê-lo do ponto de vista da montagem da chapa.

Chefe de Gabinete de Caiado e presidente do DEM em Goiânia, Lívio Luciano tem uma outra visão. “O MDB é um partido de bom apelo popular e garanti-lo a qualquer tempo conosco é importante”, declarou à reportagem.

Lívio Luciano vai além e se mostra confiante na reeleição do governador. “Na verdade, a oposição não tem muito como articular”, enfatiza. “A aprovação do governo cada vez mais crescente dificulta qualquer articulação.”

Mabel, por sua vez, elogia a gestão de Mendanha em Aparecida de Goiânia e afirma que ele “escuta todo mundo e suas chances de ganhar são reais” porque ainda não é muito conhecido no interior e, portanto, tem potencial de crescimento.

Vale lembrar que Caiado e Daniel estiveram em chapas opostas nas eleições de 2018. Hoje, emedebistas que defendiam a aliança já naquele ano não encaram a aproximação com bons olhos, como o prefeito de Catalão, Adib Elias, e o deputado federal José Nelto, atualmente ambos no Podemos.

Enquanto a aliança antecipada pode favorecer as articulações da oposição, o governador tem, na avaliação de Lívio Luciano, mais tempo para convencer parte de sua base que está insatisfeita.

Como Caiado e Daniel recentemente participaram juntos de uma reunião com a empresa chinesa Huawei, líder mundial em tecnologia 5G, cabe citar uma frase do livro “As Rãs”, de Mo Yan.

“Não existe cana com açúcar nas duas pontas”, escreve o romancista chinês e vencedor do Prêmio Nobel de Literatura. Em outras palavras, no contexto da aliança antecipada entre DEM e MDB, há um lado negativo e outro positivo. Só as urnas dirão qual prevalecerá.

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