Família de motorista enterra desconhecido após troca na liberação dos corpos pelo IML, em Anápolis
Instituto Médico Legal admitiu “erro de procedimento” após corpo de Marcos Antônio de Souza ser liberado como se fosse o de Ademir Souza
O corpo de um motorista de 56 anos foi enterrado no lugar de outro, na quinta-feira (16/09), em Anápolis, depois de ser liberado pelo Instituto Médico Legal (IML) com as informações trocadas. O órgão instaurou investigação interna enquanto familiares lutam para desenterrar o cadáver.
De acordo com o superintendente-adjunto da Polícia Técnico-Científica de Goiás, Ricardo Matos, o corpo de Marcos Antônio de Souza foi liberado como se fosse o de Ademir Souza, na tarde de quinta-feira, e sepultado logo em seguida, em um cemitério de Anápolis. “Houve um erro de procedimento ao entregar o corpo à família”, disse Matos. Segundo ele, os corpos já haviam sido identificados antes, corretamente, pelos nomes.
Marcos Antônio, que trabalhava como motorista, morreu após sofrer um corte profundo no pescoço ao manusear uma máquina lixadeira. Já a causa da morte de Ademir não foi divulgada pelo IML.
Segundo o IML, uma parente de Ademir, chamada de Miriam, acompanhou a liberação do corpo de Marcos Antônio como se fosse do familiar dela. No entanto, momentos depois, Maria de Lourdes da Silva, a esposa do motorista, chegou ao instituto e percebeu o erro.
“Me chamaram aqui no final da tarde e disseram que uma pessoa com uma procuração tinha liberado o corpo do meu esposo por engano”, contou Maria de Lourdes a jornalistas da cidade. Familiares de Ademir não foram localizados.
De acordo com o superintendente, o foco agora é desenterrar o corpo de Marcos Antônio, para que a família dele realize o sepultamento. A exumação deve ser autorizada por decisão judicial, e o corpo de Ademir só poderá ser enterrado após esse procedimento, já que são necessários novos exames para confirmar a identificação dos corpos.
“A prioridade é minimizar o dano, o sofrimento, ao máximo, dos familiares. O foco é a retirada do corpo [de Marcos Antônio] do cemitério para a família. Nas primeiras horas da manhã de hoje, já buscamos autoridades locais e determinamos que a chefia do IML de Anápolis se dirigisse ao cemitério para realizar o procedimento”, afirmou Matos.
Segundo o superintendente, a culpa não pode ser atribuída à familiar de Ademir que acompanhou a liberação do corpo no IML. “Nestas horas, o familiar está abalado emocionalmente. A fisionomia do corpo, quando a pessoa morre, muda, não tem tônus muscular”, disse.
Após concluir a investigação interna, o IML deve confirmar ou não a transgressão do servidor responsável pelo erro na liberação do corpo. Nestes casos, a punição costuma ser uma suspensão que, dependendo da gravidade, pode chegar a 90 dias, período em que o profissional fica sem receber salário.
Além disso, poderá haver repercussão na Justiça, caso os familiares acionem o estado pelo erro na liberação do corpo. Neste caso, depois de ser processado, o estado ingressa com ação regressiva contra o servidor, para que ele pague o valor devido de indenização, caso a Justiça acate o pedido das famílias.