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sábado, 21 de dezembro de 2024
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Estudo

Como a Bacia do Rio Meia Ponte perdeu 78% de sua vegetação natural

Em meio à crise hídrica, especialista destaca urgência de medidas de recuperação da vegetação

Postado em 27 de setembro de 2021 por Maiara Dal Bosco
Como a Bacia do Rio Meia Ponte perdeu 78% de sua vegetação natural
Em meio à crise hídrica

Localizada na região Centro-Sul de Goiás, a Bacia Hidrográfica do Rio Meia Ponte, principal bacia do Estado, conta hoje com cerca de 22,9% de vegetação natural. O dado está contido no Plano de Ação da Unidade de Planejamento e Gestão de Recursos Hídricos (UPGRH) do Rio Meia Ponte, apresentado pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Goiás (Semad) e pela Universidade Federal de Goiás (UFG).

O plano também estimou que UPGRH do Rio Meia Ponte possui uma área de drenagem de 14.521,8 km², o que equivale a 4% da área do Estado. Além disso, o uso da terra mapeada demonstra que 51,9% é usada para agricultura e pastagens, 20,6% de lavouras, 3,4% de áreas urbanas, 0,8% de corpos hídricos e 0,4% de silvicultura. Em 2017, a estimativa era de que restava na bacia apenas 13% da vegetação nativa, e que, ainda, cerca de 38% era destinada à pastagem.

Em meio à crise hídrica, o ambientalista e Especialista em Planejamento Urbano e Ambiental, Gerson Neto, explica que a vegetação tem relação direta com os cursos d’água e com as nascentes. “Os olhos d’água brotam por razões geológicas, obedecendo a declividade do terreno e as estruturas subterrâneas dos lençóis freáticos. Mas a permeabilidade deles pelo solo depende da porosidade, que é garantida pelas raízes das árvores, arbustos e gramíneas nativas do Cerrado, que têm raízes profundas e maior massa orgânica embaixo da terra do que acima dela”, destaca.

Além disso, outro ponto importante segundo o especialista é que, nas nascentes, as árvores de mata de galeria protegem o ambiente úmido com suas sombras, em uma relação simbiótica, ou seja, em uma associação benéfica. “A nascente provê as árvores e as árvores garantem que a água flua e protegem do calor e dos raios do sol, mantendo ainda o solo descompactado”, ressalta Gerson Neto.

Entretanto, ele destaca a importância do equilíbrio neste sistema. “É um sistema biogeográfico que quando perde o seu equilíbrio pode matar a nascente, deslocando aquele olho d’água para outro lugar em um ponto mais baixo do território e que pode demorar anos para aparecer ou talvez nem aparecer caso a recarga do lençol freático não seja suficiente”, pontua.

Recuperação

Ao O Hoje, o ambientalista explicou ainda sobre como as matas ciliares podem ser recuperadas. “É preciso, inicialmente, investimento. Primeiro precisa cercar a área e limitar o acesso de gado a ela, porque o gado come as plantas que nascem e pisoteia o solo compactando a área. Em seguida precisa ser usada alguma técnica para acelerar a povoação vegetal, que pode ser com o plantio de mudas já desenvolvidas em viveiros, uso da serapilheira ou mesclando essas técnicas”, afirma Gerson, ressaltando ainda a importância de a prática ser realizada sempre no início da estação chuvosa, ou seja, quando o ciclo natural das plantas favorece a germinação das sementes e amadurecimento das plantas jovens para suportar o período seco seguinte.

Legislação

De acordo com o Decreto Estadual nº 9.872, de maio deste ano, em que é declarada situação de risco de emergência hídrica nas Bacias Hidrográficas do Rio Meia Ponte e do Ribeirão Piancó, foram definidas ações para garantir o uso prioritário da água, compete à Semad, entre outras ações, a definição da extensão da restrição ou suspensão para o uso de água bruta enquanto vigorar a situação de emergência hídrica, bem como coordenar as ações de revitalização e conservação das bacias hidrográficas alvo.

Já à Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento, compete a implementação de medidas de apoio e orientação aos agricultores, visando a melhoria da eficiência de uso da água nas atividades agropecuárias, bem como o apoio aos produtores rurais na execução de ações de recuperação de pastagens degradadas, dentre outras ações de conservação de solos e produção de água, como a realização de ações de estímulo à produção sustentável, tendo como meta alvo plurianual a realização de ações concretas em, pelo menos, mil hectares a cada ano.  (Especial para O Hoje)

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