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Entenda como os goianienses estão fazendo para fugir do transporte público

Usuário abre crédito ou vende o que não pode para adquirir motos ou carros para não andar ônibus

Postado em 28 de setembro de 2021 por Redação
Entenda como os goianienses estão fazendo para fugir do transporte público
Usuário abre crédito ou vende o que não pode para adquirir motos ou carros para não andar ônibus | Foto: Jota Eurípedes

Por Alzenar Abreu

Enquanto a frota de veículos cresce exponencialmente em Goiânia o número de usuários de ônibus despenca na Capital. De 2019 até o momento houve aumento de 70 mil novos veículos em circulação na cidade. E nos ônibus houve queda de 40,5% da demanda pelo modal, uma redução de 211.474 passagens computadas no sistema por dia. Os dados são da Rede Metropolitana de Transporte Coletivo de Goiânia (RMTC).

Ou pelo medo da contaminação por Covid ou pelo incômodo de transitar em ônibus sempre lotados, sem refrigeração e com demora de embarque, o goianiense acaba por dar um jeito nas contas e trocar o ônibus, por uma moto, um carro mais simples ou scooters elétricos (pequenas monotenas) e até mesmo patinetes com maior fluidez no trânsito.

Para o vendedor de carros, Álvaro Francisco, 30 anos, só neste mês saíram da loja dele sete veículos, com mais de 10 anos de uso, para atender uma clientela sedenta para fugir do coletivo. “Tem gente que vende até o que não pode para comprar um carro aqui conosco, faz empréstimo, consórcio, mas a prioridade é deixar o ônibus de lado”, afirma.

Álvaro defende dizendo que o bem pode ser comprado em até 48 parcelas. Ou seja: um chamariz para se ver livre do forno escaldante e da aglomeração, sem remédio, que se vê diariamente em diversos ônibus na Capital.

Prioridade

Para Renato Mundim, que é mestre pela Universidade de Brasília (UnB) em transporte e trânsito, a mudança estrutural nessa temática que tanto maltrata a população menos favorecida é uma questão de dar prioridade no orçamento de quem deve cuidar melhor da frota e oferecer mais conforto ao cidadão. “Isso porque na forma como o sistema foi idealizado, por Lei Estadual firmada desde 2008, “ninguém é pai da criança”, todos os entes: prefeitura de Goiânia, governo estadual, empresas privadas ligadas ao setor, e representantes dos mais de 18 municípios que compõem a rede global do transporte público que confluem para Goiânia, têm responsabilidades, mas ao mesmo tempo não há como inferir sobre eles uma cobrança específica”, alega.

Na opinião do especialista é preciso ter vontade política para mudar essa situação que perdura há anos na cidade. “O cidadão precisa se organizar para fazer a cobrança de um transporte de qualidade”, diz.

Mundim exemplifica que um possível desmembramento do conglomerado de entes que compõem o transporte público na Grande Goiânia possa ser a solução definitiva para melhorar o sistema. “Se cada prefeitura for responsável pela sua frota, fica mais fácil gerir o serviço e também responder pela precariedade dele”.

Melhorar é possível

Moradores de Maricá, município da região metropolitana do Rio, recebem transporte gratuito há anos e agora contam com as cinco primeiras estações de bicicletas de uso compartilhado da cidade.

Maricá foi a primeira cidade brasileira com mais de 100 mil habitantes a implantar o passe livre. As quatro primeiras linhas de ônibus com tarifa zero começaram a circular no dia 18 de dezembro de 2014 e a catraca só existe para registrar o número de passageiros.

Marcos Rothen, professor de engenharia de transportes do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás (IFG) diz que existe uma acomodação porque ninguém cobra a melhoria do serviço. Ele diz que a frota é antiga, inadequada e deveria, no mínimo, contar com ar condicionado. “Infelizmente, não há perspectiva de melhora”, atesta.

Sem resposta

A redação de O Hoje entrou em contato com a Companhia Metropolitana de Transportes Coletivos (CMTC) desde o último dia 22, mas não conseguiu agenda para discutir o assunto.

A Companhia foi criada por lei complementar n° 034/03 de outubro de 2001 para ser o órgão gestor e fiscalizador do Sistema de Transporte Coletivo. É uma empresa pública de interesse privado responsável pelo planejamento, gerenciamento, controle e a fiscalização operacional de todas e quaisquer modalidades ou categorias de serviços públicos de transportes coletivos de passageiros e subordinada à CDTC. (Especial para O Hoje)

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