Conheça Saturnino Carvalho, o primeiro funcionário do Zoológico de Goiânia
O Lago das Rosas e o Horto Florestal surgiram junto à origem da capital goiana.
Em meio ao caos do trânsito da capital e rodeados por grandes edifícios, os goianienses podem encontrar lugares para ter contato com a natureza. Atualmente, Goiânia possui no seu catálogo 32 parques e bosques e muitos deles surgiram junto à origem da capital goiana. A exemplo disso, temos o goiano Saturnino Carvalho e sua relação com o Lago das Rosas e o Horto Florestal. Ele foi um dos primeiros funcionários a tomar conta da área que hoje é o Zoológico de Goiânia. Segundo o presidente da Agência Municipal de Turismo, Eventos e Lazer (Agetul), Valdery Junior, a área do atual Lago das Rosas e do Parque Zoológico foi doada pelo fazendeiro Urias Magalhães, em 1933, no início da construção da nova capital goiana. A doação da área, intermediada pelo então governador Pedro Ludovico Teixeira, tinha como objetivo criar um ponto de ligação entre a nova capital e a cidade de Campinas, que hoje é um bairro de Goiânia e é considerada sua origem.
“Desta forma, ainda no início dos anos de 1940, parte da área foi destinada à construção do Lago das Rosas como um local de recreação e lazer. A parte que hoje é o Zoológico de Goiânia tinha como objetivo preservar as nascentes do córrego Capim Puba, que abastece o Lago das Rosas, bem como ser utilizada para a plantação de hortaliças que abasteciam hospitais da cidade, entre eles a Santa Casa”, conta Valdery. Dessa forma, a escolha do nome do parque se deu devido a um jardim de rosas que que havia no local, mas, além dele, o trampolim do Lago das Rosas, que é tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, tornou-se a praia dos goianienses, juntamente aos pedalinhos, ainda hoje um dos cartões-postais da capital.
Já no início da década de 1950, Saturnino ganhou de “presente” alguns animais, entre eles uma onça pintada e, a partir dali, os goianienses, curiosos com os animais, começaram a realizar visitas ao Horto. Rapidamente, a visitação passou a fazer parte das atividades de lazer da população. Com a doação de mais animais, o acervo passou a ser informalmente ampliado, mas, em 1953, o professor e ornitólogo José Hidasi doou uma coletânea de livros e animais empalhados para a construção de um “futuro” museu de Zoologia.
Essa doação foi um marco para Saturnino idealizar a criação de um jardim zoológico para Goiânia. “A ideia teve o apoio do então governador Pedro Ludovico Teixeira e, em 1956, o Parque Zoológico de Goiânia foi oficialmente fundado, bem como o museu de Zoologia idealizado pelo professor Hidasi”, conta o presidente da Agetul. Até o final do século XX, a instituição visava apenas expor os animais para entretenimento do público, porém, após o ano 2000, também passou a oferecer apoio para pesquisas científicas e para as práticas de educação ambiental.
“Devido à sua localização e ao acervo de animais sob seus cuidados, ele é naturalmente um espaço alternativo para o ensino de ciências em todos os níveis de ensino. Pesquisas relacionadas ao comportamento, alimentação e manejo de animais em cativeiro, desde que visem aprimorar técnicas que garantam o seu bem-estar e não envolvam risco para os animais. Por isso, o Zoológico tem o potencial de contribuir positivamente para a conservação de espécies. Por fim, uma série de estudos relacionados à educação e conscientização ambiental pode ter como campo de atuação o Zoológico de Goiânia”, explica Valdery.
Ademais, com apoio da Secretaria Municipal de Educação, o Zoológico possui um Núcleo de Educação Ambiental para desenvolvimento de ações e projetos que abordam questões como conservação da biodiversidade, degradação de habitats, uso racional de recursos naturais, poluição, descarte adequado de resíduos e outros. Com isso, os visitantes são incentivados a adotarem novos comportamentos mais engajados com as temáticas ambientais, pois acredita-se que a formação do cidadão deve estar mais sensível para a preservação da fauna e da flora em que estão inseridos.
O presidente da Agetul afirma que o complexo está localizado em uma das principais e maiores áreas verdes da região central da cidade. “Isso torna o Zoológico uma “ilha” para espécies nativas da região. Várias espécies de pássaros, inclusive araras e tucanos, usam a mata do Zoológico para alimentação, repouso e moradia. Entre os mamíferos, podemos destacar a presença de cotias e do macaco bugio. Por ser uma área de proteção de nascentes (córrego Capim-Puba), o Zoológico também apresenta vegetação preservada, apresentando espécies como ingá, guapeva e buriti”, diz.
Valdery também ressalta que a instituição possui várias espécies cuja distribuição geográfica natural abrange o bioma Cerrado. Ele destaca o tamanduá-bandeira, a onça-pintada, a onça-parda, o macaco bugio, a ema, a seriema e as araras. “No entanto, a espécie mais representativa de Cerrado que temos é, sem dúvida, o lobo-guará. O Zoológico teve recentemente sucesso na reprodução da espécie. Temos, além dos cinco adultos, quatro lindos filhotes”, comemora.
Ações que são e devem ser celebrados, pois, como membro da Associação de Zoológicos e Aquários do Brasil (AZAB), o Zoológico de Goiânia conta com apoio do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) para auxiliar na implementação, manutenção e coordenação de programas de manejo ex situ – fora do ambiente natural – de espécies ameaçadas. Ações que fomentam a preservação do bioma Cerrado, a valorização da fauna e flora local e, paralelamente, o enriquecimento da nossa cultura e identidade goiana.