Violência contra idosos cresceu 70% durante a pandemia
Levantamento foi feito pela Delegacia Especializada no Atendimento ao Idoso de Goiânia
De acordo com um levantamento realizado pela Delegacia Especializada no Atendimento ao Idoso (Deai) de Goiânia houve um aumento de quase 70% no número de denúncias de abusos contra as pessoas idosas durante a pandemia de Covid-19 em Goiás. Os policiais estão fazendo uma força-tarefa que consiste no levantamento detalhado das situações, instauração de inquéritos policiais, solicitações de medidas protetivas e encaminhamentos para assistência social.
São consideradas agressões contra os idosos os casos de violência física, como arranhões, beliscões, tapas, socos e afins. E ainda, a negligência, como a privação de medicamentos, descuido de higiene e abandono; violência sexual, caracterizada pelo uso da força para praticar atos sexuais; patrimonial, que consiste no uso não consentido de recursos financeiros e bens; e psicológica, que corresponde a agressões verbais, menosprezo e discriminações também são tipificadas como violência.
A médica geriatra Zélia Santana explica que tanto as agressões físicas quanto as violências psicológicas e emocionais infelizmente ocorrem com grande frequência. “Quando falamos de violência, além da física, é extremamente comum a violência psicológica, emocional. Chantagear os idosos, deixá-los em condições degradantes ou abandoná-los também são tipos de violência”, salienta.
Um dos casos mais emblemáticos do ano ocorreu em Goianésia. Em janeiro, um idoso de 78 anos foi agredido com golpes de foice em um bar da cidade. O suspeito, de 32 anos, foi preso em flagrante. Segundo testemunhas, a agressão teria ocorrido por conta de uma dívida.
Projetos de Lei
O combate à violência contra os idosos é preocupação constante dos parlamentares da Assembleia Legislativa de Goiás (Alego). Em 2021, oito projetos com assuntos relacionados ao combate à violência contra a pessoa idosa e aos direitos dos idosos foram apresentados.
Um deles, de autoria da deputada Delegada Adriana Accorsi (PT), visa que o registro da ocorrência de violência doméstica e familiar contra a mulher, crimes praticados contra criança, adolescente e idoso ocorra por meio da internet ou de número de telefone de emergência designado para tal fim pelos órgãos de segurança pública.
Outra proposta estabelece que os condomínios residenciais e comerciais, através de seus síndicos e/ou administradores devidamente constituídos, deverão encaminhar comunicação à Delegacia da Mulher da Polícia Civil responsável pelo município que se encontram, ou ao órgão de segurança pública regional especializado, quando houver em suas unidades condominiais ou nas áreas comuns aos condôminos a ocorrência ou indícios de ocorrência de violência doméstica e familiar contra mulheres, crianças, adolescentes, idosos e pessoas com deficiência.
Denúncias
A geriatra Zélia Santana também defende que é muito importante denunciar os casos de violência. “Mesmo que seja uma suspeita de agressão, que a pessoa perceba que aquele idoso ou idosa está sofrendo maus-tratos, sendo chantageado ou sofrendo ameaças e agressões psicológicas, não deve se calar, a orientação é que faça a denúncia. Assim, os órgãos competentes podem fazer a investigação e identificar com mais agilidade os casos de violência contra a pessoa idosa”, pontua.
A médica ainda frisa que idosos com aspecto descuidado, que apresentem marcas no corpo mal explicadas ou sinais de quedas frequentes e que tenham familiares ou cuidadores indiferentes a eles, podem estar sendo vítimas de violência.
As denúncias podem ser feitas pelo Disque 100, onde é possível informar todo e qualquer tipo de violência praticada contra a pessoa idosa. Ou ainda nas delegacias da Polícia Civil e por meio do telefone 190 da Polícia Militar (para situações de risco iminente). (Especial para O Hoje)