Aumento do uso de maconha entre a população geral nos EUA evidencia o racismo estrutural na guerra às drogas
Após a liberação do uso da maconha para fim recreativo, houve um crescimento do consumo da erva pela população geral dos Estados Unidos. Em uma análise de dez anos de dados, pesquisa da Universidade Columbia, de Nova York, avaliou as transformações que ocorreram no país sobre o tema. A pesquisa fez o levantamento de dados […]
Após a liberação do uso da maconha para fim recreativo, houve um crescimento do consumo da erva pela população geral dos Estados Unidos. Em uma análise de dez anos de dados, pesquisa da Universidade Columbia, de Nova York, avaliou as transformações que ocorreram no país sobre o tema.
A pesquisa fez o levantamento de dados a partir de 2008, onde só 12 dos 50 estados americanos tinham liberado o uso medicinal da maconha. Em 2012, Washington e Colorado foram os primeiros estados a liberarem o uso recreativo da erva. Já em 2017, 30 estados haviam liberado o uso medicinal e nove o uso de forma recreativa. Também em 2017, 21 estados, principalmente no Sul do país, proibiram qualquer forma do uso de maconha.
O estudo envolveu dados de entrevistas com 838.600 pessoas no país, que eram questionadas sobre o uso da maconha no último mês ou no último ano. O resultado das porcentagens de uso relacionadas ao último ano aumentou de 16,6% para 19,4% entre brancos, de 11,7% para 15% entre hispânicos, e somente de 14,8% para 15,8% entre negros.
A realização do estudo só foi possível graças a dados de acesso restrito das Pesquisas Nacionais de Uso de Drogas e Saúde. Apesar do aumento relacionado à população geral, não houve registro de aumentos entre adolescente e negros. Além disso a liberação do uso recreativo de maconha não intensificou o uso frequente e a dependência da substância. Essas informações são da comparação entre diferentes estados americanos que foram analisados durante o estudo.
Entre os resultados da pesquisa, o fato de a população negra, a mais alvejada e estigmatizada, ser a única em que não ocorreu aumento considerável de consumo após a liberação do uso recreativo, gera uma reflexão necessária sobre a forma que a “guerra às drogas’’ é imposta.
“Ainda existe uma desigualdade entre quem é abordado por uso, apesar da legalização, mas a gente espera que isso se reduza” disse a coordenadora da pesquisa, Sílvia Martins.
Segundo Silvia, o racismo estrutural ainda deixa marcas na guerra contra as drogas, mesmo onde a maconha é liberada para recreação. Jovens negros são mais abordados ou detidos pela polícia.