Dia do Professor: o que eles têm a dizer sobre Educação
Do ensino Infantil ao Superior, professores celebram seu dia cobrando investimento e falando sobre a importância da Educação em cada etapa na vida das pessoas
Ser professor está diretamente ligado à Educação e, apesar de haver diversos tipos, a que prepara um ser humano para atuar na sociedade é quase que de total responsabilidade do profissional docente. Visto, na teoria, como uma das atividades mais essenciais na atualidade, os professores – que comemoram seu dia nesta sexta-feira (15) – são peças chaves nesse quebra-cabeça que constrói o futuro.
A data, inclusive, está oficializada desde 1964 no Brasil. Décadas depois, muita coisa mudou, mas o hábito de ensinar continua o mesmo, mesmo com as infinitas transformações políticas e sociais e as ferramentas apresentadas com a evolução da tecnologia. Para saber mais sobre o assunto, O Hoje ouviu professores de diferentes tipos de ensino em Goiás e que são apaixonados pela profissão.
É o que diz, por exemplo, a professora Rita de Cássia Vargas, de 51 anos, que trabalhou com Ensino Fundamental, mas hoje trabalha com a educação infantil e também como coordenadora pedagógica. “Para mim a paixão pela Educação não termina, e a cada ano você recarrega as energias quando reencontra os alunos”, garantiu.
Rita dá aula na Escola Municipal Maria Cândida Figueiredo, na Vila Pedroso, como docente da educação infantil e como coordenadora do Ensino Fundamental dos anos iniciais e fala sobre como é a educação nas escolas. “Trabalhar com o interesse do aluno faz com que ele tenha mais vontade de estar na escola, dando vontade de estudar e aprender. Essa questão de querer passar o conteúdo como se ele tivesse a obrigação de aprender e não algo que ele busca fica muito difícil, praticamente um embate entre o professor querer ensinar e o aluno não querer aprender. O ideal é fazer com que eles absorvam o conteúdo que fica gravado na memória pelo resto da vida”, explicou a professora.
Investimentos em tecnologia
Em relação ao contexto geral da Educação, para Rita, deveria haver mais investimentos em tecnologia. “Só que aí devem investir também num método do professor aprender a lidar com essa tecnologia. Senti muito durante a pandemia essa defasagem do professor quanto à capacidade de usar a tecnologia em favor da Educação. Quando eu faço pesquisa no momento da aula, conecto na TV e essa TV espelha o conteúdo e nisso os alunos vão aprendendo a ler, escrever, digitar e pesquisar. Eu acho que é necessário, mas estamos tendo certa resistência quanto a essa tecnologia e o professor precisa aprender, por que o ensino precisa evoluir, pois nossas crianças estão muito à frente de nós”, concluiu, afirmando que “muitas vezes a gente vai usar algum equipamento na escola e a criança é que nos ensina como se usar”.
Outro professor ouvido pela reportagem foi George Fontenelle, mais conhecido como professor Fontenelle, de 42 anos. Licenciado em Física e Matemática, ele trabalha com o Ensino Médio no GoiasTec, em uma escola do Estado e no Serviço Social da Indústria (Sesi) e nível superior na Faculdade de Inhumas. O profissional, que nasceu em Jataí e se graduou em Belém, no Pará, onde morou por 26 anos, retornou a Goiás onde, no Ensino Médio, ensina Física e Matemática.
Para Fontenelle, o ensino médio coincide com uma fase em que o estudante assume muitas responsabilidades com seu futuro e ao mesmo tempo lida com a adolescência. “Além do conteúdo curricular os valores éticos e morais são muito importantes, para isso a escola não pode trabalhar sozinha, a família é fundamental. Hoje, infelizmente, a maioria das famílias só acompanha a vida escolar quando o estudante não tem um bom rendimento. Neste momento é preciso cobrá-los para que ele possa perceber que um dos caminhos possíveis para seu crescimento é a Educação”, reforçou o docente.
Sobre a profissão, George diz que ser um bom professor não deve só dominar e conseguir ministrar um conteúdo com maestria. “O professor de hoje precisa desenvolver habilidade e competências nos alunos que possibilite aperfeiçoar suas aptidões, mostrar para o aluno as dificuldades e possibilidades de crescimento na carreira que ele deseja escolher mesmo em um mercado de trabalho tão competitivo”, assegurou, completando que o “limite de um professor é muito relativo, então sempre digo aos meus alunos: quem quer aprender comigo não fica para trás, mas para que isso seja de fato possível o conhecimento deve transpor a sala de aula”.
Em relação às melhorias, para Fontenelle, a valorização salarial é o primeiro ponto. “Sem isso [valorização do salário] você não atrai bons estudantes para a carreira e tem professores cada vez mais desmotivados”. Em segundo, o profissional citou o respeito e, em terceiro, as condições de trabalho.
Educar vai além de ensinar
Também dando aula no Ensino Médio, Tales Lima Mazzoccante, de 38 anos, é pedagogo e leciona Matemática, área que sempre gostou, no Colégio Integrado, em Goiânia, no sexto ano, 1ª e 3ª séries do Ensino Médio. Mas seu papel vai além de ensinar exatas. “Nós, professores e escolas, precisamos continuamente refletir a prática, repensar nossa posição enquanto adultos, sempre referência para nossos alunos, promover ambientes escolares em que o afeto e conexões saudáveis de confiança e respeito sobretudo ao tempo da infância e a descoberta da adolescência”, atestou.
“Nós, professores, também vivemos momentos desafiadores em trazer ensino vivo, que dialoga com o conteúdo, com a prática e com a convivência entre seus pares e com os adultos. Essas crianças, adolescentes e logo adultos, podem e devem, para a construção de sociedades melhores, quebrar o paradigma do ensino da repetição para o desenvolvimento de práticas em que a curiosidade e o desejo de aprender sejam as molas propulsoras do seu dia-a-dia, dentro de ambientes em que a convivência ética, os valores morais e as diferenças sejam respeitadas e validadas”, afirmou Tales sobre o desafio de ensinar nos dias de hoje.
Marco para formação profissional
Já no ensino superior, Luiz Carlos do Carmo Fernandes, graduado em Jornalismo, especialista em marketing político, mestre em Comunicação e doutor em Sociologia na UFG, é professor de graduação em comunicação. “O curso superior é muito importante para formação profissional. No caso do jornalismo, por exemplo, eu já trabalhei com jornalistas que não eram formados, e a diferença é muito grande”, diz ele se referindo à importância de um ensino com professores experientes.
Para Luiz Carlos, hoje a Educação precisa melhorar desde os conteúdos básicos. “É preciso preparar os alunos para os novos desafios. Então a pesquisa e a ciência são cada vez mais importantes, e quando eu vejo o governo cortar a verba do CNPq, por exemplo, cortar a verba de pesquisas, isso mostra que o governo está despreparado para ser governo, pois seu papel é incentivar a ciência, a pesquisa e o desenvolvimento”, garantiu.
“Não se tem nada acabado hoje, não se tem resposta pronta, o que se tem é o poder de pesquisar, aprender e enfrentar os novos desafios”, concluiu o professor. (Especial para O Hoje)