Greve: prefeito de Anápolis afirma que irá judicializar paralisação dos médicos do município
Roberto Naves afirma que as motivações reais da greve não foram as apontadas pelos profissionais da Saúde; sindicalistas rebatem acusação e mantêm reivindicações
Teve início na manhã desta sexta-feira (15/10) a paralisação dos médicos concursados pela Prefeitura de Anápolis. O Sindicato de Médicos de Anápolis (Simea) destacou que a greve, que suspende atendimentos eletivos, não atinge a urgência e a emergência, mantendo esses atendimentos, bem como o fornecimento de receitas dos medicamentos controlados e de uso contínuo nas Unidades Básicas e Especializadas.
Conforme divulgado pelo Simea, a greve havia sido aprovada no dia 28 de setembro e informada tanto ao prefeito da cidade, Roberto Naves (PP), quanto ao secretário de Saúde do município, no dia 30 de setembro. Nos quinze dias transcorridos desde então, a categoria aguardou posicionamento do executivo municipal a respeito das reivindicações apresentadas pelos médicos e, considerando que não houve movimentação no sentido de atendê-las, decidiu manter a greve.
Entre as reclamações, a categoria destaca más condições de trabalho, falta de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), degradação da estrutura das unidades de saúde, a não convocação dos médicos aprovados em concurso, dando prioridade para contratação via credenciamento, além de salários defasados e a retirada da gratificação concedida em 2017 para amenizar o problema do salário na época, com redução de em média R$ 2 mil mensais da remuneração.
Após a deflagração da greve, Roberto Naves afirmou que realizaria a judicialização do movimento, com a expectativa de que a paralisação cessasse até o final do mesmo dia. A justificativa da judicialização é que, segundo a Prefeitura da cidade, a greve ocorreu após a instalação de pontos eletrônicos para registro de presença dos profissionais e a implementação de agendamento de consultas via WhatsApp.
Entretanto, esses pontos não foram abordados pelos médicos e sindicalistas na nota de esclarecimento publicada pelo Simea no último dia 13. Em resposta ao posicionamento do prefeito, o sindicato publicou nesta tarde uma nota de repúdio na qual destaca a insistência da categoria, desde 2019, sem sucesso, em tentar agendar reuniões com o Executivo Municipal, a fim de corrigir as falhas apontadas.
Além de afirmarem que Roberto Naves faz uso de “cortina de fumaça” e culpa os médicos que trabalham para o município pelo “caos na saúde”, os sindicalistas também se defenderam da acusação de que não querem bater ponto. “A verdade é que desses profissionais não há a exigência de registro de ponto para não caracterizar a relação de trabalho existente. Portanto, trata-se apenas de um meio de burlar as normas legais de contratação”, diz a nota.
A Secretaria Municipal de Saúde informou que vai tomar as medidas cabíveis para impedir a paralisação dos atendimentos, e afirmou que, apesar da abertura de diálogo por parte do Município, os médicos optaram pela greve. A pasta destacou ainda que a Prefeitura tem trabalhado para resolver os problemas enfrentados na área da saúde.
“Fizemos uma reunião com o sindicato e topamos deliberar semanalmente alguns pontos. Estamos conversando com os profissionais e os médicos e estamos dispostos a atender aquilo que for possível”, afirmou Naves no mesmo sentido.
Em contrapartida, o Simea alegou que não houve qualquer “apresentação de proposta, mas unicamente o compromisso de abertura de canal de negociações a partir da próxima semana”, o que foi considerado insuficiente, desencadeando a paralisação.