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sexta-feira, 20 de dezembro de 2024
Estudo

Cigarro ilegal representa mais da metade do consumo em Goiás

Seis das 10 marcas mais vendidas em Goiás são ilegais e representam 42% do mercado

Postado em 18 de outubro de 2021 por Daniell Alves
Cigarro ilegal representa mais da metade do consumo em Goiás
Seis das 10 marcas mais vendidas em Goiás são ilegais e representam 42% do mercado | Foto: Reprodução

Os cigarros vendidos de forma ilegal foram os mais consumidos no Estado, correspondendo a 55% de todo o consumo em Goiás, aponta pesquisa do Ibope Inteligência/Ipec. De acordo com o estudo, 38% desses produtos foram contrabandeados principalmente do Paraguai e 17% produzidos no Brasil por fabricantes que não pagam os impostos devidos.

Já no ano de 2019, o mercado ilegal era de 63% de participação no Estado, ou seja, uma redução. Segundo pesquisadores, a redução pode ser associada ao cenário de pandemia da Covid-19. Isto porque provocou alta na moeda norte-americana, ultrapassando a marca de R$ 5. Desse modo, o preço médio do produto ilegal subiu de R$ 3,34 para R$ 4,64, aproximando, assim, do cigarro comercializado legalmente que tem preço mínimo de R$ 5 por determinação da lei,

Para o presidente do Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial (ETCO), Edson Vismona, que divulgou a pesquisa, essa diminuição na diferença de preços resultou de uma queda no consumo do cigarro ilícito e consequente migração do consumidor para o cigarro legal, produzido nacionalmente, sob as normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)”, aponta.

Como é o caso do cabeleireiro Paulo Ricardo Freire, que opta pelo cigarro nacional. Ele já sustenta o vício por três anos. Ou seja, desde a juventude já fumava e isso começou, segundo ele, por influência de amigos. “Comecei a fumar a partir da ingestão de bebida alcoólica em resenha com conhecidos. Por dia, já traguei cinco cigarros no máximo, depende muito do meu humor”. Segundo ele, o produto traz uma sensação de relaxamento.

A frequência em que Paulo fuma varia muito. Ele já chegou a ficar seis meses sem o cigarro, mas a vontade falou mais alto. Um dos motivos que o faz ter vontade de usar é a ansiedade. Segundo Edson, mesmo com a queda do mercado ilegal, o resultado ainda é circunstancial.  “Esta queda é reflexo de um cenário atípico e, sem estratégias de longo prazo, o mercado ilegal voltará a crescer”, afirma.

Além da alta do dólar, o recuo incomum na economia ilegal também é resultado de restrições implementadas para contenção da pandemia, como o fechamento parcial de fronteiras e dos comércios formais e informais, além do fechamento temporário de fábricas de cigarros no Paraguai e o trabalho das forças de segurança.

Marcas Ilegais

Seis das 10 marcas mais vendidas em Goiás são ilegais e representam 42% do mercado. A principal fabricante nacional é a Cia. Sulamericana de Tabacos, que produz a marca Club One (6%) uma cópia do cigarro paraguaio Gift (2%). Como estratégia para capturar mercado, os maços trazem similaridades na identidade visual e embalagem do produto paraguaio. No topo do ranking está a paraguaia Euro (20%).

Arrecadação perdeu R$ 139 milhões

Conforme dados da Receita Federal foram apreendidos em Goiás 6,52 milhões de maços de cigarros. O total representa cerca de R$ 32 milhões. O cigarro ilícito lidera o ranking de apreensões no Brasil. Apesar da redução, as organizações criminosas fizeram cerca de R$ 479 milhões com o produto no Estado.

Apenas no ICMS, os cofres públicos deixaram de arrecadar R$139 milhões. O imposto é justamente uma das principais fontes de receita do Estado para o desenvolvimento de políticas públicas sociais para educação, saúde e segurança.

Tabaco mata 8 milhões de pessoas por ano

O tabaco mata mais de oito milhões de pessoas por ano, aponta a Organização Mundial da Saúde (OMS). Mais de sete milhões dessas mortes resultam do uso direto desse produto, enquanto cerca de 1,2 milhão é o resultado de não-fumantes expostos ao fumo passivo. A OMS afirma ainda que cerca de 80% dos mais de um bilhão de fumantes do mundo vivem em países de baixa e média renda onde o peso das doenças e mortes relacionadas ao tabaco é maior.

O Instituto Nacional de Câncer (INCA) explica que, além de estar associado às doenças crônicas não transmissíveis, o tabagismo também é um fator importante de risco para o desenvolvimento de outras enfermidades, tais como tuberculose, infecções respiratórias, úlcera gastrintestinal, impotência sexual, infertilidade em mulheres e homens, osteoporose, catarata, entre outras.

Diante das inúmeras doenças que o câncer pode causar, a orientação do Inca é para que as pessoas não fumem. Essa é a regra mais importante para prevenir o câncer, principalmente os de pulmão, cavidade oral, laringe, faringe e esôfago. De acordo com o Instituto, ao fumar, são liberadas no ambiente mais de 4.700 substâncias tóxicas e cancerígenas que são inaladas por fumantes e não fumantes. Parar de fumar e de poluir o ambiente é fundamental para a prevenção do câncer. (Especial para O Hoje)

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