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sábado, 23 de novembro de 2024
Educação

Novo Ensino Médio terá mudanças desafiadoras para 2022

Reformas estruturais, como divisão de turmas entre alunos por habilidades será a grande novidade

Postado em 19 de outubro de 2021 por Redação
Novo Ensino Médio terá mudanças desafiadoras para 2022
Reformas estruturais

Por Alzenar Abreu

Escolas do Estado se preparam para as mudanças na nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, que o Ministério da Educação (MEC) implementará, já no ano que vem, que proporcionarão uma revolução no Ensino Médio no País. Alunos que se considerarem mais identificados com as áreas de humanas terão aulas, separadamente, dos que gostam mais de exatas como matemática e física, por exemplo.

A intenção é formar jovens que terão maior bagagem profissional, altas performances e melhor preparados para o mercado com perfil mais profissionalizante. Essa modalidade de ensino já é aplicada há anos nos Estados Unidos.

Para o diretor de uma escola particular em Goiânia, Thiago Oliveira, a nova forma de ensino, proposta deste 2017, deixará o aluno brasileiro melhor preparado para o mercado. “Não que o antigo modelo de aulas deixará de existir onde todas as disciplinas serão ensinadas como hoje; juntas, em sala de aula, com todos os alunos. Só que o conteúdo não será tão aprofundado. O ensino, mais generalista, vai suprir o que é indispensável para que o estudante possa valer-se dele, no futuro, na prática”, explica.

A nova modalidade na prática

A essência da mudança será o protagonismo do aluno que ingressará no Ensino Médio.  Ele terá de definir quais disciplinas gosta mais como artes, história, geografia (ou seja; na área de humanas) ou, se identifica melhor com matemática, física ou química (exatas), por exemplo. Tecnicamente, elas serão definidas no texto da Lei como ‘itinerários formativos’.

A principal mudança é que os alunos vão ter de cumprir os chamados itinerários formativos, que podem começar a ser ofertados ainda em 2022, mas só serão obrigatórios a partir de 2023.

As aulas serão divididas em dois turnos: todos juntos, pela manhã, ou à tarde, que devem assistir aos conteúdos de todas as disciplinas. E, outro turno, onde o grupo (das exatas, terá aulas mais aprofundadas) em sala separada do grupo de humanas; que também mergulhará melhor no conhecimento específico.

Para a estudante Taene Lia, de 14 anos, que cursa o 9º ano – prestes a entrar na nova proposta de ensino – a novidade, certamente, terá uma adaptação desafiadora. “Vai ser excelente, porque quero fazer medicina veterinária. Vou estudar o que realmente gosto. Estou muito animada”, diz.

O jovem poderá mudar de itinerário ao longo dos três anos do Ensino Médio caso haja vagas disponíveis. Com a proposta, o tempo mínimo do estudante na escola de 800 horas subirá para 1.000 horas anuais (a partir de 2022).

Viver o que se estuda

Para atender a modalidade, escolas públicas e privadas terão de investir em laboratórios, métodos de aula mais ativas, com equipamentos que ofereçam o que o aluno vivenciara na profissão que está pré-definida.

Aulas de educação física (que devem contemplar espaços aptos ao desporto), terão de ser ampliadas na oferta de modalidades com a estrutura própria para cada uma delas. Conforme as condições de cada instituição. Os espaços e os profissionais de ensino terão de ser preparados para formar atletas. Caso seja essa a opção do aluno.

Projeto de Vida

Caso o aluno se sinta, ainda, indeciso em que grupo deve se enquadrar a disciplina obrigatória “Projeto de Vida” será oferecida obrigatoriamente. Nelas, os jovens terão conteúdos exclusivos como aulas sobre carreiras profissionais e empreendedorismo. Para lançar maior luz no destino a seguir.

A medida exigirá acompanhamento psicopedagógico mais próximo daqueles que precisam definir em qual área vão se encaixar. “Não raro temos alunos que gostam do curso de direito e de medicina, também”. “Nesse momento, o professor terá papel fundamental nesse processo de escolha”, diz Thiago.

Preparação dos professores

Para atuar com a nova lei, professores estão há um ano e meio realizando cursos de capacitação oferecidos pelo governo. Esses profissionais terão de mudar o estilo de aula. Que tende a ser mais curta, com menos repetição e com exposições mais enxutas.

“Dos alunos será cobrado menos passividade. Dos professores, a busca para o estímulo à curiosidade e à investigação”, explica o coordenar e professor de biologia, Flávio César Borges. Além disso, os estudantes de ensino médio terão que dedicar mais horas ao ensino escolar: as quatro horas atuais passam para no mínimo cinco.

“Qual o sentido de um jovem que deseja formar-se em engenharia nuclear, estudar, por exemplo, grupos de classificação botânica, ou decorar a anatomia de uma esponja marinha?”, brinca Flávio César. (Especial para O Hoje)

Saiba mais sobre as mudanças

-A grade curricular das escolas públicas e privadas de ensino médio não terão mais o formato utilizado até então;

-Disciplinas viram áreas do conhecimento;

-Antes, as disciplinas que eram individuais, agora terão conteúdos divididos em áreas do conhecimento de maneira similar à que acontece no Enem;

-Elas serão: Linguagens e suas tecnologias; Matemática e suas tecnologias; Ciências da natureza e suas tecnologias e Ciências humanas e sociais aplicadas;

-Estas divisões vão abranger Língua Portuguesa, Arte, Educação Física, Língua Inglesa, Matemática, Biologia, Física, Química, Filosofia, Geografia, História e Sociologia;

– Ou seja, nenhuma disciplina será excluída do currículo atual, elas somente serão trabalhadas de maneira diferente do que era feito até então;

-No entanto, das disciplinas atuais, somente Língua Portuguesa e Matemática vão ser obrigatórias nos três anos de ensino médio;

-O objetivo da nova organização curricular é integrar esses conteúdos e fortalecer as relações entre elas para melhor o entendimento da matéria e aplicação na vida real;

– Como exemplo, a escola pode oferecer um itinerário de comunicação, no campo de linguagens e suas tecnologias, e outro de meio ambiente e sociedade em ciências da natureza;

-O aluno poderá iniciar o itinerário escolhido no 1º ano caso esteja disponível em sua escola. Mas a instituição tem até 2023 para disponibilizar os itinerários;

-Vale ressaltar que as redes públicas e particulares terão autonomia para definir quantos e quais itinerários formativos irão ofertar;

-Uma rede pode decidir ofertar apenas dois itinerários, enquanto outra pode oferecer 15, por exemplo;

-No ensino público é garantido que o aluno terá vaga assegurada no itinerário que escolher, especialmente na formação profissionalizante, já que o número de vagas será limitado em cada oferta disponibilizada;

-Ao final do ensino médio, ele receberá o certificado de conclusão e certificado do curso técnico escolhido.

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