Entenda por que Goiânia está em 5º lugar no ranking das cidades com pior qualidade do ar no Brasil
Goiânia que tem maior concentração de gases como monóxido de carbono, metano, monóxido de nitrogênio, o dióxido de nitrogênio e o cloreto de metil
Por Alzenar Abreu (especial para O Hoje)
A qualidade do ar em Goiânia coloca a Capital na quinta posição entre as cidades com os piores índices registrados no País. Estão à frente, em primeiro colocado, Rio de Janeiro, na sequência vem Cubatão, Campinas, São Paulo e Goiânia. Levantamento tem como base relatório da Organização Mundial de Saúde (OMS).
O ranqueamento da OMS foi feito com base em medições diárias e médias anuais de uma série de poluentes, dentre eles o material particulado que é liberado por veículos, processos industriais e de queima. Além desses materiais, são monitorados quatro gases: ozônio, dióxido de enxofre, dióxido de nitrogênio e monóxido de carbono. A poluição urbana é proporcional ao tamanho das cidades e seu grau de urbanização.
O estudo considerou ainda a concentração de gases poluentes como ozônio e dióxido de enxofre muito presentes nas capitais mais industrializadas. Diferentemente de Goiânia que tem maior concentração de gases produzidos pelas queimadas como monóxido de carbono, o metano, monóxido de nitrogênio, o dióxido de nitrogênio e o cloreto de metil.
A ação humana é o principal fator que leva ao alto índice. “A cultura de atear fogo em lotes baldios e pastagens para destruir rejeitos doméstico é muito forte em Goiás. Quem faz isso talvez não saiba que o filho do vizinho sofre de asma ou de bronquite e que, devido a fumaça que se espalha muito rápido no ar, agrava o quadro respiratório principalmente de idosos e crianças. Pessoas sem condição que precisam gastar uma fortuna em remédios para controlar uma crise provocada por com quem não tem essa consciência”, diz o gerente da Centro de Informações Meteorológicas e Hidrológicas de Goiás (Cimehgo), André Amorim, órgão que faz a medição da qualidade do ar na Capital.
Alerta
Ele lembra o episódio do incêndio que ocorreu na vegetação do Parque Altamiro de Moura Pacheco, em setembro. “Tivemos notícia que a fumaça em expansão chegou até o setor Cidade Jardim, para se ter a ideia da gravidade. E as pessoas acabam inalando isso”, adverte.
O gerente diz que em alguns pontos da cidade o índice de medição chegou a índices alarmantes com a pior seca. “Ainda bem que tivemos chuvas depois. Ela realmente lava a atmosfera. Vemos o céu limpinho, bem azul, o ideal, mas a nossa realidade precisa ser admitida e que cada um de nós como cidadãos deixe de provocar queimadas”, adverte.
André ainda apela. “Parece mais fácil deixar o fogo lamber o lote baldio do que capinar. Deixar as labaredas desfazerem rejeitos ao invés de procurar o descarte correto. Mas tem gente que adoece com essa fumaça, ou piora o quadro preexistente, e vai parar no hospital”, diz.
André explica que o típico clima seco em Goiás e, em Goiânia, prevalente na maior parte dos meses do ano é outro fator crucial. Isso porque é muita poeira que se espalha no ar e fica imersa levada pelos ventos no ambiente. Temos tempestades de poeira em Goiânia que são fenômenos que assustam quem não conhece a cidade. Elas tomam os céus com uma névoa avermelhada. E o pior: “Toda essa matéria se acumula no ar e acabamos por respirar essa poluição”, lamenta.
Duas estações
O Centro de Informações Meteorológicas realiza o monitoramento da qualidade do ar a partir da medição dos níveis de partículas totais em suspensão (PTS) na atmosfera em duas estações localizadas em Goiânia, uma na Praça Cívica e outra na Escola de Engenharia da Universidade Federal de Goiás (UFG), próximo à Praça Universitária.
Por esse motivo é que, em tempos de seca extrema e baixa umidade do ar é necessário manter o ambiente úmido para aliviar as vias aéreas e beber bastante água.
O especialista não deixa de colocar na lista os poluentes emitidos pelos veículos que a frota de Goiânia é quase proporcional ao volume de habitantes (1.555.626 pessoas). Mas ele diz que face ao uso maior do etanol (ainda que libere poluentes), não pesam no cômputo dos demais gases que mais comprometem no caso.
Doenças
A má qualidade do ar pode causar doenças pulmonares, cardiovasculares e acidentes vasculares cerebrais, a disposição ao câncer e ao diabetes; o desenvolvimento dos bebês ainda antes de nascerem; a demência em adultos e o desenvolvimento cognitivo em crianças. As populações de menor nível socioeconômico, crianças e idosos, são os mais vulneráveis e que mais sofrem com o problema.