Viadutos e pontes da Capital carecem de manutenção reforçada
Chuvas ‘denunciam’ má conservação de pontes e viadutos
Por Alzenar Abreu (especial para O Hoje)
Com a chegada do período das chuvas, a preocupação com o estado de conservação das pontes e viadutos da Capital aumenta. O Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Goiás (CREA-GO) realizou um amplo levantamento sobre o estado dessas estruturas em 2019 e constatou que oito a cada 10 dessas obras estavam em situação preocupante. O Hoje ouviu o CREA e o Departamento de Engenharia da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO) e constatou que pouca coisa melhorou de lá para cá.
De acordo o especialista Ricardo Ferreira, conselheiro do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Goiás (CREA-GO) e professor da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC), existem estruturas que merecem atenção redobrada no início das chuvas. As pontes sobre o Ribeirão Anicuns (da rua José Hermano e da avenida Marechal Rondon), a ponte sobre a Avenida Presidente Kennedy (sobre o Ribeirão João Leite) e a Ponte da T-63, sob o Córrego Cascavel, são exemplos de estruturas que podem apresentar sérios problemas estruturais. “As primeiras vi que algumas estavam sem o guarda-corpo. Já a da T-63 precisa de revestimento de concreto armado sobre o Córrego Cascavel. Isso porque as chuvas mais fortes acabam correndo sobre a base do solo onde a ponte está estruturada”, diz.
Ele explica que quando a estrutura foi construída, o fluxo das águas que passava por baixo da ponte não era tão forte. Porque, com o crescimento da cidade, as pavimentações asfálticas aumentaram e, por conseguinte, encobriram o solo. E as águas das chuvas sem dreno natural se avolumam com mais violência e jorram sobre os córregos e cursos d´água dentro da cidade e acabam corroendo as bases do solo sob as pontes. “Os gestores precisam saber que todas essas obras [pontes e viadutos], precisam de manutenção constante”, afirma.
O relatório do CREA avaliou 120 estruturas públicas em Goiás dentre elas viadutos pontes avenidas e outras. “Esse grupo [de trabalho] sempre conversa e troca experiências e presta apoio técnico quando necessário para Prefeitura de Goiânia e para o DNIT [Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes] e também para a Triunfo Concebra que atua com os pedágios na BR-153. Procuramos estar próximos do poder público, porque essa é a nossa função voluntária”, pontuou.
Diagnóstico de conservação
No dia 30 de maio de 2019, a Câmara de Vereadores de Goiânia recebeu o presidente do CREA-GO, engenheiro agrônomo, Francisco Almeida, e o conselheiro engenheiro civil Ricardo Barbosa Ferreira. Eles apresentaram o relatório de vistoria das obras de arte Especiais (OAEs) de Goiânia. Durante o pronunciamento dele, sentado à mesa diretora da Câmara Municipal de Goiânia, Francisco afirmou que Goiânia era a primeira capital do Brasil a ter um diagnóstico sobre a conservação das pontes e viadutos.
O relatório foi entregue para a prefeitura, para a Câmara, para o Ministério Público do Estado de Goiás. À época, relatório apontou que se a prefeitura fosse fazer um levantamento da situação das pontes e viadutos da Capital para produzir um relatório igual ao do CREA, gastaria cerca de R$ 12 milhões.
No discurso foi sugerido que a prefeitura gastasse esses supostos R$ 12 milhões na recuperação das vias, pontes e viadutos. O documento de março de 2019 mostrava como estava a situação da estrutura na T-63, uma vez que a prefeitura já havia feito uma intervenção inadequada. A intervenção durou cerca de dois anos, mas o problema voltou. O documento apontava que não era uma intervenção de engenharia, mas apenas um paliativo que foi fotografado e mostrado para vereadores.
Engenheiros criticam recuperação de ponte
A ponte sobre Avenida das Pirâmides foi interditada desde 2020. Ela fica no bairro Jardim Califórnia Parque Industrial e estava em situação de risco de desmoronamento podendo ceder pela erosão. Engenheiros do CREA também advertiram sobre a situação dessa ponte. “Aquela obra deverá ser refeita, provavelmente. O que vai ficar muito mais caro. Se tivesse sido recuperada, o gasto poderia ser menor”, pontuou Ricardo Ferreira, conselheiro do CREA.
Até o final desta reportagem, a prefeitura de Goiânia, ainda que questionada, não havia respondido à reportagem. Ao jornal foi anunciada a criação de duas vias de contrato para o primeiro semestre de 2022. Uma para a edificação das novas estruturas e outra para manutenção das antigas. Fato que foi corroborado pelos profissionais do CREA.
A Prefeitura de Goiânia diz que já está realizando os reparos protetivos e anunciou para primeiro semestre de 2022 a edificação de 26 novas pontes na cidade e seis viadutos. Ainda não ficou definido, mas um dos viadutos deve passar sobre a BR-153 e as pontes vão ligar bairros – hoje divididos por córregos e avenidas.
O CREA corrobora com essas obras, porém adverte sobre o reparo das demais já construídas.
A prefeitura diz que abrirá licitação separada para construção das novas edificações e outra somente para reparos das demais existentes. Medida, inclusive, aconselhada pela equipe do CREA. (Especial para O Hoje)