EMAC: conheça a história do Conservatório Goiano de Música que contribuiu para formação da UFG
“Entendendo que a alfabetização é mais do que simplesmente aprender a ler a escrever”, afirma o diretor da EMAC, Eduardo Meirinhos
Ser goiano também é saber ou vivenciar as icônicas histórias de empatia que terminam em furtos entre os estudantes da Universidade Federal de Goiás (UFG) e os famosos macacos pregos, que são para lá de espertos na hora de roubar lanches. Agora, por falar na UFG, você sabia que a música é um dos pilares que formaram a instituição?
A história dela começou em 1960, mas suas “mães” são a Faculdade de Direito, a Faculdade de Farmácia e Odontologia, a Escola de Engenharia, a Faculdade de Medicina e, claro, o Conservatório Goiano de Música. Em 1952, os professores Luiz Augusto do Carmo Curado, Henning Gustav Ritter, que hoje dá nome ao Instituto, e Frei Nazareno Confaloni idealizaram a Escola Goiana de Belas Artes (EGBA).
Entretanto, somente em 1955 a Escola passou a funcionar, oficialmente, no segundo piso do Museu do Estado, atual Museu Zoroastro Artiaga, na Praça Cívica. Sob a liderança da musicista Belkiss Carneiro de Mendonça, em 1956 é fundado o Conservatório Goiano de Música com apoio do Maestro Jean François Douliez e das professoras Maria Lucy da Veiga Teixeira, Maria das Dores Ferreira de Aquino e Dalva Maria Bragança.
A partir de 1960, o Conservatório Goiano de Música passa a se chamar Conservatório de Música da UFG. Com a reestruturação da entidade, em 1972, renomeiam o Conservatório como Instituto de Artes da UFG para, em 2000, receber os “cursos destinados a formar o intérprete teatral e o professor de Artes Cênicas” e, por isso, o instituto ganhou o seu nome atual, Escola de Música e Artes Cênicas (EMAC). Nesta contextualização histórica, o atual diretor da EMAC, Eduardo Meirinhos, reforça a importância da música para a formação da UFG.
“Nota-se, desta maneira, que o Conservatório Goiano de Música foi o ponto de partida, não somente para o desenvolvimento do que a EMAC é hoje, mas também está na gênese da UFG”, salienta Eduardo. Além disso, destaca que, a partir de 1990, a Escola criou o Curso de Musicoterapia, pois passou a explorar mais as potencialidades para promover a comunicação, expressão e aprendizado e, com isso, auxiliar no tratamento clínico, reabilitação ou prevenção de saúde e bem-estar.
“Entendendo que a alfabetização é mais do que simplesmente aprender a ler a escrever. A música não só amplia a formação da criança, como também a sua capacidade cognitiva. Para além de seu uso como atividade recreativa, é uma forma de estímulos e bem-estar, de forma que esses elementos desencadeiam melhores condições de aprendizado na alfabetização, como se entende tradicionalmente”, afirma o diretor.
Pensando nisso, Eduardo ressalta a importância de se formar profissionais das artes, principalmente na música e no teatro, pois estas são “ferramentas de comunicação e transformação social”. Além disso, quando questionado sobre a relação entre a música e a identidade goiana, Meirinhos não hesita em afirmar que “música é identidade”.
“Acredito que a arte, e dentro dela uma de suas principais linguagens, a música tem o papel de elemento unificador. Por exemplo, qual o brasileiro que não gosta da sua música nativa? Do samba, do choro, da seresta, da música brasileira que marcou a sua adolescência, etc? Quem não estiver neste rio, certamente estará à sua margem, mais próximo, ou mais distante, mas à margem”, afirma.
Por isso, ele acredita que as artes se caracterizam em algo mais do que a mera expressão artística de um povo, retratando o ethos de uma comunidade, ou seja, aspectos psicológicos, comportamentais, a sua poética única, entre diversos outros. “A música é o seu retrato e a referência para a criação deste retrato, num processo de retroalimentação. A região tem características que lhe são peculiares e únicas, assim como o estado, a cidade e a comunidade local. A arte reflete isso reforçando valores e gosto.” O professor concluiu sua fala com citações de Aristóteles e de Oscar Wilde. “O filósofo disse que a arte retrata a vida, ao que o escritor contra-argumenta dizendo que a vida retrata a arte, mais do que a arte retrata a vida”, cita. Com isso, podemos compreender que a música, assim como as demais artes, integra a nossa identidade, representa nossa história e construção cultural e também se atualiza conforme o espaço e o tempo nos quais é formada.