Candidatura própria do PT deve isolar partido em Goiás
Ex-reitor da PUC-GO, Wolmir Amado é, no momento, o nome mais cotado para representar os petistas na disputa pelo governo estadual
O PT goiano já deu início às movimentação com vistas às eleições de 2022, sendo a principal delas, até agora, a confirmação da candidatura de Adriana Accorsi para reforçar a chapa petista de deputado federal.
Um outro assunto que já está quase 100% definido é uma candidatura própria ao governo estadual com o objetivo principal de montar o palanque no estado para o ex-presidente Lula, que tentará voltar ao Palácio do Planalto no ano que vem.
O candidato do PT ainda é incerto. Comenta-se sobre a presidente estadual do partido, Kátia Maria, que concorreu em 2018. Porém, segundo um petista com acesso às negociações do partido, que falou em off ao jornal O Hoje, há um outro nome mais cotado.
Se a definição da chapa fosse amanhã, de acordo com essa fonte, o mais provável é que o PT seria representado pelo professor Wolmir Amado, ex-reitor da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO).
Até 2022, claro, muita coisa pode mudar, mas uma coisa é certa: a candidatura de Wolmir, apesar de nunca ter sido testado nas urnas, tem animado os petistas por duas razões.
Primeiro, por ser uma pessoa qualificada sem o ônus de ser político, ou seja, sem o desgaste gerado pela aversão à política dos últimos tempos. Segundo, pelo PT não precisar lançar a candidatura de alguém com mandato, correndo o risco de perdê-lo.
Por outro lado, o natural vínculo a Lula tende a afastar outros partidos da chapa majoritária a ser formada pelo PT, que, consequentemente, deve ficar isolado.
Um exemplo disso é a acirrada concorrência entre pré-candidatos ao Senado. Há pelo menos seis senadoriáveis. No entanto, a reportagem apurou que nenhum deles procurou o PT de olho na vaga de senador.
Dessa forma, a expectativa é a de que o partido tenha uma chapa pura. Ainda não há conversas sobre o candidato a vice, mas o nome de Pedro Wilson, ex-prefeito de Goiânia e ex-deputado federal, já tem sido ventilado para o Senado.
Pedro Wilson disputou o mesmo cargo em 2010, ficando em terceiro lugar, com 17,95% dos votos, atrás de Demóstenes Torres (44,09%) e Lúcia Vânia (30,56%). Naquele ano, contudo, foram eleitos dois senadores. Em 2022, será apenas um.
Mais um caso que evidencia o isolamento do PT é o fato de que, nacionalmente, o partido está próximo do PSB, mas, em Goiás, as duas siglas devem traçar caminhos distintos.
Presidente estadual do PSB, o deputado federal Elias Vaz está cada vez mais próximo de apoiar a candidatura do prefeito de Aparecida de Goiânia, Gustavo Mendanha (sem partido), desde que ele não esteja no mesmo palanque do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). A possibilidade é considerada alta, já que Mendanha busca um presidenciável de centro.
Outro aliado nacional, o PCdoB se distanciou do PT em Goiás. Em 2018, fizeram uma aliança pragmática, visando fortalecer a chapa de deputado federal, o que ajudou a eleger o petista Rubens Otoni.
Em 2022, entretanto, não haverá mais coligações partidárias. E o PCdoB, já em 2020, nas eleições para a Prefeitura de Goiânia, apoiou Maguito Vilela, mesmo com a candidatura de Adriana Accorsi.
Uma pessoa próxima a Tatiana Lemos, o principal nome do PCdoB em Goiás e secretária de Políticas para as Mulheres do prefeito de Goiânia, Rogério Cruz (Republicanos), afirmou, em off, que o partido “não ganha nada” ao se aliar ao PT.
Vale lembrar que, para o PT, estar isolado em Goiás não é algo necessariamente novo. Desde 1982, ano das primeiras eleições estaduais com voto direto, o partido teve chapa pura em quatro das dez disputas (1982, 1986, 2002 e 2010). (Especial para O Hoje)