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segunda-feira, 23 de dezembro de 2024
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Luto

Tristeza e saudade: Goiânia ainda tenta entender morte precoce de Marília Mendonça

Morte precoce e trágica comoveu o mundo e conseguiu dimensionar a grandiosidade da compositora e cantora Marília Mendonça

Postado em 8 de novembro de 2021 por Redação
Tristeza e saudade: Goiânia ainda tenta entender morte precoce de Marília Mendonça
Morte precoce e trágica comoveu o mundo e conseguiu dimensionar a grandiosidade da compositora e cantora Marília Mendonça | Foto: Jota Eurípedes

Por Maiara Dal Bosco e Yago Sales 

Artistas e uma multidão de fãs deram o último adeus à cantora Marília Mendonça e ao tio e assessor dela, Abicieli Silveira Dias Filho, em Goiânia. O velório foi realizado na tarde de sábado (06), no Ginásio Goiânia Arena, e a expectativa era de que cerca de 100 mil pessoas passassem pelo local para se despedir da cantora, uma das cinco vítimas do acidente aéreo ocorrido na última sexta-feira (05), juntamente com o produtor-geral da cantora, Henrique Ribeiro e do piloto Geraldo Medeiros e copiloto, Tarcíso Viana.

Durante todo o final de semana, pelas ruas de Goiânia o sentimento é de incredulidade quanto à falta que Marília Mendonça deve fazer na música sertaneja. O corpo da artista foi velado e enterrado no sábado, sob forte comoção de fãs de um Brasil enlutado desde sexta-feira, quando o avião da artista caiu pouco antes de pousar no aeroporto em Caratinga. 

A expectativa de mais um show da artista se transformou em um luto coletivo que perdurou no final de semana. Nos bares, às vezes o humor mudava quando tocava qualquer uma das canções da rainha da sofrência. 

Durante quase quatro horas, uma fila interminável de fãs circundaram o Goiânia Arena. Quando saíam, se concentravam ao redor de violeiros que cantavam os sucessos de Marília. Não foi raro encontrar o semblante de tristeza e, principalmente, o choro de homens e mulheres que enxergavam em Marília a representação do amor, da separação e, claro, da superação. 

A atendente Laura Boulos Morais, de 38 anos, precisou ser amparada por duas amigas. Encostada à parede, ouvindo Marília no celular, ela repetia trechos não apenas de uma das canções da artista, mas da vida da fã. “Ela simplesmente revelava ao mundo a minha própria dor”, disse ela, que terminou há três semanas o terceiro casamento. Aos prantos, diz que estava esperando uma apresentação da Marília em Goiânia. “Não pensei que teria de enfrentar uma fila enorme para vê-la ali, em silêncio, calada. Não era a Marília que conheci quando ouvi Infiel”, diz, voltando a chorar. 

Enquanto os fãs se consolavam lá fora, artistas e familiares se solidarizavam a poucos palmos do corpo da cantora que foi manchete de todos os jornais do Brasil. Antes, porém, foi destaque em jornais. O maior deles, o New York Times, apresentou o termo “feminejo”, nas suas folhas. Ou seja, em morte, Marília apresentou ao mundo o estilo genuinamente dela de fazer música. 

Antes da entrada do público, o momento foi reservado para familiares e amigos próximos. Além do Governador Ronaldo Caiado, segundo a assessoria da artista, estiveram presentes para prestar às últimas homenagens à Marília, os cantores Henrique e Juliano, Maiara e Maraisa, Matheus e Kauan, João Neto e Frederico, Naiara Azevedo, Luisa Sonza, Jorge, da dupla com Mateus, Vitor e Luan, Fernando, da dupla com Sorocaba, Murilo Huff, ex namorado e pai do filho de Marília, Luisa, da dupla com Maurílio e João Reis, pai de Cristiano Araújo – morto em um acidente de carro em 2015.

Após o encerramento do velório, por volta das 17h, os corpos seguiram em cortejo com o Corpo de Bombeiros Militar de Goiás (CBMGO), seguido por dezenas de carros de fãs. Em direção ao Parque Memorial de Goiânia, na Rodovia GO-020, local em que foram realizados os enterros dos corpos de Marília Mendonça e do tio e assessor dela, Acbiceli Silveira Dias Filho. A cerimônia foi reservada à família e aos amigos mais próximos.

O corpo do produtor-geral de Marília Mendonça, Henrique Ribeiro, foi enterrado no final da tarde de sábado (06), no Cemitério Jardim da Saudade, no bairro de Brotas, em Salvador. Já os corpos do piloto Geraldo Medeiros, e do copiloto Tarcíso Viana, foram sepultados ontem (07) no Distrito Federal. Inicialmente, a previsão da família de Geraldo era cremar o corpo e levar as cinzas para Floriano, no Piauí, cidade natal do piloto. Mas, no fim da manhã de ontem, os familiares decidiram que Geraldo, pai de três filhos, seria enterrado no Cemitério Campo da Esperança, na Asa Sul, em Brasília. Já o copiloto Tarciso Pessoa Viana, teve o velório e o enterro realizados na manhã de ontem (07). Ele foi sepultado no Cemitério de Taguatinga, no Distrito Federal, e deixa dois filhos e a esposa grávida de oito meses.

Luto oficial segue

Segue até hoje (08) o luto oficial decretado pelo Governador de Goiás, Ronaldo Caiado, e pelo Prefeito de Goiânia, Rogério Cruz, em decorrência do falecimento da cantora e compositora Marília Dias Mendonça, aos 26 anos. Ela e mais quatro pessoas morreram em decorrência da queda de uma aeronave bimotor, de pequeno porte, em região serrana da cidade de Piedade de Caratinga, no interior de Minas Gerais, na tarde da última sexta-feira (05).

“Um dia de muita tristeza para a música sertaneja. Não existem palavras para descrever esse momento. Só podemos pedir que Deus console e conforte o coração de todas essas famílias, amigos e o pequeno Léo, filho da cantora. Marília tinha um grande coração e se destacava por, além de levar alegria aos brasileiros, ajudar e cuidar das pessoas. Decreto três dias de luto oficial no Estado. Goiás está em luto”, afirmou Caiado.

Já Rogério Cruz, destacou que “a cantora exerceu com distinção a sua carreira artística, sendo consagrada como uma das maiores referências da música sertaneja no Brasil e considerada um dos nomes de maior repercussão e influência na musica nacional.”, finalizou.

Após tragédia, investigação tenta responder perguntas

O avião que caiu com a cantora Marília Mendonça foi retirado ontem (07) do local da tragédia e transportado para o aeroporto de Caratinga, em Minas Gerais. A remoção dos destroços da aeronave começou ainda de manhã. Durante a tarde, o cantor Juliano, da dupla com Henrique, e um dos melhores amigos da artista, acompanhou a operação. A aeronave, um bimotor, foi puxada por um guindaste e retirada das pedras próximas a uma cachoeira. 

Na noite de sábado (06), o avião já havia sido retirado da correnteza da cachoeira, onde caiu após colidir com uma linha de transmissão de energia elétrica. Após o acidente, o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), órgão do Comando da Aeronáutica, foi acionado para investigar a queda do bimotor. 

Ainda no sábado (06), a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) divulgou um comunicado sobre o acidente. A aeronave colidiu com uma linha de transmissão de energia elétrica. Segundo o informe, a “linha de distribuição atingida pela aeronave prefixo PT-ONJ, no trágico acidente de ontem, está fora da zona de proteção do Aeródromo de Caratinga, nos termos de Portaria específica do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea), do Comando da Aeronáutica Brasileiro”.

Por meio de nota divulgada à imprensa, a Anac se pronunciou sobre o ocorrido. “A Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) se solidariza com os familiares das vítimas do acidente aéreo na serra de Caratinga, interior de Minas Gerais, na sexta-feira (05). A aeronave de matrícula PT-ONJ, modelo C90A, tinha como proprietário e operador a empresa Pec Táxi Aereo Ltda e possuía capacidade para transportar seis passageiros, além dos pilotos. De acordo com o Registro Aeronáutico Brasileiro (RAB), o avião estava com o Certificado de Verificação de Aeronavegabilidade (CVA) válido até 01 de julho de 2022. A empresa tinha autorização para operar táxi-aéreo”, diz o comunicado. 

Em nota, a PEC Táxi Aéreo, proprietária do avião que caiu com a cantora Marília Mendonça e mais quatro pessoas em Caratinga (MG), lamentou o acidente ocorrido no último dia 05.  “A empresa, assim que tomou conhecimento do ocorrido, acionou as autoridades competentes para a imediata promoção do resgate necessário”, diz o comunicado.

A respeito da operação, a empresa alegou que “cumpre mencionar que: (a) o avião envolvido no acidente era devidamente homologado pela ANAC para transporte aéreo de passageiros e estava plenamente aeronavegável; (b) a tripulação engajada na operação tinha grande experiência de voo e também estava devidamente habilitada pela ANAC, com todos os treinamentos atualizados; (c) as condições meteorológicas eram favoráveis”, destacou. 

No comunicado, a empresa destacou ainda que “a PEC se coloca à disposição das autoridades e prestará os devidos auxílios aos familiares das vítimas”, finaliza. (Especial para O Hoje)

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