Stock Car homenageia “DNA automobilístico” do Rio de Janeiro no GP do Galeão
Desde a demolição do já lendário Autódromo de Jacarepaguá, em 2012, a ausência do Rio de Janeiro no cenário automobilístico nacional tem sido muito sentida e lamentada pelo público e praticantes do esporte. Segunda maior economia do Brasil, o Rio de Janeiro sempre foi um dos celeiros mais ricos do automobilismo, gerando não apenas grandes […]
Desde a demolição do já lendário Autódromo de Jacarepaguá, em 2012, a ausência do Rio de Janeiro no cenário automobilístico nacional tem sido muito sentida e lamentada pelo público e praticantes do esporte. Segunda maior economia do Brasil, o Rio de Janeiro sempre foi um dos celeiros mais ricos do automobilismo, gerando não apenas grandes campeões, como também equipes de primeira linha. Esse legado será lembrado no retorno da Stock Car à capital fluminense, no próximo domingo (10), de uma forma inédita. Na falta de um autódromo, a Stock competirá no Aeroporto Internacional Tom Jobim RIOgaleão, em um evento válido pela terceira etapa da temporada de 2022.
“A importância do estado todo no automobilismo se mostra até na precocidade das corridas disputadas lá. A primeira foi em 1908, do Rio até Petrópolis, sendo uma das provas pioneiras do nosso automobilismo e já lançando entre os cariocas e fluminenses a semente da velocidade. A estreia e a primeira vitória de Emerson Fittipaldi, nosso primeiro campeão mundial, foi em uma prova de rua do Rio, no Circuito do Fundão, ambas em 1965. No âmbito da Stock Car, nosso maior campeão em atividade, Cacá Bueno, é um carioca da gema”, diz Fernando Julianelli, CEO da Vicar, promotora da Stock Car.
Os circuitos do Rio de Janeiro
A pista do Galeão homenageará seis traçados que ajudaram a transformar o Rio de Janeiro em palco histórico do automobilismo: as Curvas Petrópolis (onde são esperadas muitas ultrapassagens), São Gonçalo, Fundão, Barra (outra protagonista importante por ser a última antes da linha de chegada) e Jacarepaguá (a primeira depois da largada, onde habitualmente há muita ação).
Jacarepaguá foi o único autódromo permanente do Rio de Janeiro, de 1977 a 2012. Mas o grande destaque do traçado é o Complexo da Gávea. Composto por três semirretas intercaladas por duas curvas suaves, é o trecho de maior aceleração plena do automobilismo brasileiro, com 1.550 metros de extensão.
O único trecho do Galeão que não alude a uma pista emblemática do automobilismo fluminense é a Reta da Apoteose, uma referência ao momento máximo do Carnaval carioca e onde acontecerá a chegada da terceira etapa da Stock Car neste domingo.
Seguindo a ordem de sua disposição na pista do Galeão, confira alguns detalhes dos circuitos que serão homenageados na pista montada no Aeroporto Internacional Tom Jobim RIOgaleão.
Jacarepaguá (Curva 1)
Ativo de 1977 a 2012, o Autódromo de Jacarepaguá é o palco mais famoso do esporte a motor no Rio de Janeiro. Além de receber a Stock Car em 42 corridas, o traçado técnico e exigente também foi palco de dez edições do GP do Brasil de Fórmula 1 (1978 e de 1981 a 1989) e de cinco corridas válidas pela Fórmula Indy, entre 1996 e 2000. Foi demolido em 2012 para a construção do Parque Olímpico da cidade.
Complexo da Gávea (Curvas 2 e 3 intercaladas por três trechos de reta)
Apelidado de “Trampolim do Diabo” por seu traçado ameaçador, recebeu as primeiras corridas dos Grands Prix muito antes do nascimento da F-1. Chico Landi, e os argentinos José Froilán González e Juan Manuel Fangio eram habitués no grid. A estreia foi em 1933, combinando mais de 100 curvas e um traçado com 170 metros de desnível, na Rocinha. O vencedor foi o diplomata brasileiro Manuel de Teffé, com um Alfa Romeo. Teve provas de 1933 a 1954.
Circuito de Petrópolis (Curva 4)
A primeira prova foi já em nove de março de 1908, quando Petrópolis integrou um percurso que iniciava na capital fluminense. Mais tarde, no final da II Guerra Mundial, o Circuito Cidade de Petrópolis estrearia em quatro de julho de 1948, com vitória do Maserati de Benedito Lopes. As provas no circuito de rua de Petrópolis aconteceram até 1968. Nos anos 90 a Cidade Imperial ganhou o apelido de “Capital da Stock Car”, por sediar várias equipes da categoria.
Circuito Ilha do Fundão (Curva 5)
Famosa por sediar a Universidade Federal do Rio de Janeiro, a Ilha do Fundão também já recebeu eventos de automobilismo. E um deles representou um marco. Em 11 de abril de 1965, o então desconhecido Emerson Fittipaldi venceu uma das provas no circuito de rua a bordo de um Renault 1093, na categoria dos estreantes. Naquele mesmo ano, o “Rato”, como era conhecido, havia feito na Ilha do Fundão sua estreia ao volante.
Circuito de São Gonçalo (Curva 6)
Com uma prova em 19 de setembro de 1909, sediou a segunda corrida mais antiga do Rio de Janeiro. Curiosamente, usou dois traçados: o principal, com 72 km de extensão, e a versão “básica”, de 48 km. Os carros foram inscritos em cinco categorias: B, até 15 cv de potência; C, até 20 cv; D, até 30 cv; E, até 45 cv; F, acima de 45 cv. As duas categorias mais potentes usaram o circuito completo. A vitória foi do Berliet 60 HP pilotado por Gastão Ferreira de Almeida, em 1h10min, com a estonteante média de 62km/h.
Circuito da Barra da Tijuca (Curva 7)
Quando era um bairro quase desabitado, a Barra da Tijuca passou a receber corridas entre 1958 e 1970. O traçado de rua de cerca de 4,2 km de extensão, tinha oito curvas e percorria trechos como as Avenidas Lúcio Costa, Sernambetiba (à beira-mar) e Olegário Maciel, que hoje estão entre os endereços mais valorizados da cidade do Rio. A bordo de uma Ferrari-Corvette, Chico Landi venceu a prova que marcou a inauguração oficial do circuito.