Enquanto inflação dos alimentos dispara, Bolsonaro anuncia redução de impostos de itens distantes do dia a dia
No dia em que o recorde de alta no IPCA de março nos últimos 28 anos é divulgado pelo IBGE, presidente anuncia reduções de cobranças que não impactam na mesa do brasileiro
O quilo da cenoura em Goiânia chegou a R$ 12 nas feiras e supermercados. O tomate já é vendido a R$ 10 o quilo. Mas o presidente Jair Bolsonaro (PL) está preocupado em anunciar no Twitter que zerou impostos federais para “módulos solares fotovoltaicos, equipamentos de adaptação para deficientes nos serviços de tecnologia, equipamentos médicos e de telecomunicações”. Sem poder colocar esses itens no prato e comer, o brasileiro precisa enfrentar a divulgação da escalada inflacionária do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que teve os dados divulgados nesta sexta-feira (8/4) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O IPCA, que é o indicador oficial da inflação no Brasil, aumentou 1,62% no mês de março. Essa é a maior taxa já registrada em março desde 1994. O que significa que a alta inflacionária do mês passado é superior ao índice do mesmo período nos últimos 28 anos. Os alimentos são os itens que mais subiram de preço.
O melão subiu 35,18% no mês passado, seguido do pimentão, com alta de 33,12%, e da cenoura, que chegou a aumentar 31,47%. Nos últimos 12 meses, a cenoura ficou 166,17% mais cara, com a maior inflação anual. Nas Centrais de Abastecimento de Goiás (Ceasa-GO), a caixa de 21 quilos da cenoura custava R$ 35 em abril de 2021. Nesse mês, a mesma caixa de 21 quilo de cenoura varia entre R$ 140 e R$ 180 nas bancas da Ceasa.
O tomate, que é comprado no supermercado por aproximadamente R$ 10 o quilo em Goiânia, registrou aumento de 27,22% no País. O repolho ficou 26,72% mais caro. E o mamão subiu 19,51% em março, de acordo com o IBGE. De acordo com representantes do setor agropecuário, as fortes chuvas na Região Sudeste e a seca no Sul danificaram plantações, o que diminuiu a oferta de alimentos no mercado e impactou na alta dos preços.
Combustíveis
Além dos alimentos, o óleo diesel, impactado pelo aumento autorizado pela Petrobras no dia 10 do mês passado, ajudou a puxar a inflação de março para o índice recorde com aumento de 13,65%. Essa é a sétima maior alta nos dados. Se subiu o preço do diesel, o frete dos alimentos fica mais caro, como aponta o IBGE.
O óleo diesel é seguido pelo transporte por aplicativo, que aumentou 7,98% em março. De acordo com a forma de cálculo do IPCA, não necessariamente o item que mais variou de preço simboliza o principal impacto no resultado, como no caso do melão, que subiu 35,18%. Com crescimento de 6,95%, a gasolina pressionou o índice no mês passado, com impacto de 0,44 ponto porcentual sobre o IPCA.
Peso da gasolina no IPCA
Mesmo com alta menor do que outros itens, o combustível impacta mais a cesta de produtos e serviços das famílias brasileiras. Com isso, a gasolina foi o produto que mais influenciou a alta do IPCA. O tomate foi o alimento que mais pesou nessa conta, de acordo com o IBGE, com 0,08 ponto porcentual no índice de março.