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quarta-feira, 27 de novembro de 2024
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Prevenção

Goiânia tem 10% de diagnóstico de depressão entre as 27 capitais brasileiras

A questão pontual na depressão é a perda do desejo de vida, um certo desconforto em prosseguir, explica especialista.

Postado em 26 de abril de 2022 por Redação

Por Daniell Alves

Uma pesquisa da Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas (Vigitel) aponta que cerca de 10% dos adultos residentes em Goiânia já tiveram diagnóstico de depressão. O levantamento foi feito nas 27 capitais brasileiras por meio do telefone. De acordo com a Secretaria de Estado da Saúde (SESGO), a depressão é uma doença do organismo como um todo”, que compromete o físico, o humor e, em consequência, o pensamento.

Ela altera a maneira como a pessoa vê o mundo e sente a realidade, entende as coisas, manifesta emoções, sente disposição e prazer com a vida. Além disso, afeta a forma como a pessoa se alimenta e dorme, como se sente em relação a si próprio e como pensa sobre as coisas. É, portanto, uma doença afetiva ou de humor, não é simplesmente estar na “fossa” ou com “baixo astral” passageiro.

O autônomo Pablo Vinícius Sousa Oliveira, 19 anos, foi diagnosticado com depressão em novembro do último ano. “Eu estava tendo muitas crises de ansiedade e já não sabia mais o que fazer. Daí pessoas próximas falaram para eu procurar ajuda. Procurei uma psicóloga e, no decorrer das terapias, ela percebeu que não era só ansiedade e sim depressão”, lembra. 

De início, ele ficou assustado e a especialista o encaminhou duas vezes para o psiquiatra. Pablo também fez sessões de terapia. “Eu já não faço mais terapia, mas quando fazia era muito bom e ajudava bastante. A depressão me atrapalha de várias formas, me faz pensar que eu não consigo fazer tal coisa, me isolo bastante, afasto pessoas”, explica. 

Já o lojista Matheus Lobo, hoje com 21 anos, descobriu que estava com a doença aos 14. Na época, ela tinha vários problemas relacionados à sexualidade, não aceitação da família, além de não ter perspectivas para o futuro. “Minha família não apoiava os meus sonhos e queria sonhar por mim”. Atualmente, ele diz que não sofre mais com a doença. 

Alma e físico 

O psicólogo e psicanalista Patrick Olivera, Mestre e Doutorando em Antropologia Social, da Universidade Federal de Goiás (UFG), explica que a depressão é um adoecimento da alma e do físico. “Ela desencadeia processos que dilaceram a vida. A questão pontual na depressão é a perda do desejo de vida. Um certo desconforto em prosseguir assegurando o que é fundamental na arte de viver, a força de vontade. 

Ao conviver com a doença, o depressivo perde esse link com a sua própria maneira de viver, aponta o psicólogo. “Esquece sua natureza não conseguindo mantê-la. No aspecto físico e biológico a depressão traz à tona a prostração do corpo, sua inutilidade, sua não – necessidade. Por isso perde a fome, a sede, o sono e tudo mais. Neste tempo de pandemia que obscureceu o mundo, os índices de pessoas depressivas aumentaram sobremaneira”, avalia. 

Prevenção

Pode-se prevenir a depressão mantendo-se a qualidade de vida, aprendendo a conviver com o estresse e os conflitos cotidianos, sabendo lidar com as adversidades, não sucumbindo diante dessas situações. “É necessário evitar o isolamento, procurando relações de parceria e cumplicidade, para compartilhar os sentimentos”, aponta a SES. A doença não tem cura, nem por medicação ou terapia, e podem ser necessárias intervenções que vão desde o uso de medicação antidepressiva até psicoterapias individuais, de grupo ou familiares. “A pessoa deve procurar tratamento médico ou terapêutico, ou ambos, para aprender a lidar com a doença”, pontua. 

Escolaridade

No conjunto das 27 cidades pesquisadas, a frequência do diagnóstico médico de depressão foi de 11,3%, sendo maior entre as mulheres (14,7%) do que entre os homens (7,3%). Entre os homens, a frequência dessa condição tendeu a crescer com o aumento da escolaridade. Em ambos os sexos não foi observada relação clara entre o indicador e a faixa etária. 

A frequência de adultos que referiram diagnóstico médico de depressão variou entre 7,2% em Belém e 17,5% em Porto Alegre. No sexo masculino, as maiores frequências foram observadas em Porto Alegre (15,7%), Florianópolis (12,9%) e no Rio de Janeiro (11,7%), e as menores em Salvador (4,2%), Rio Branco (4,3%) e Palmas (4,4%). Entre mulheres, o diagnóstico de depressão foi mais frequente em Belo Horizonte (23,0%), Campo Grande (21,3%) e Curitiba (20,9%), e menos frequente em Belém (8,0%), São Luís (9,6%) e Macapá (10,9%). 

Caps

A Prefeitura de Goiânia disponibiliza Centros de Atenção Psicossocial (Caps), que são unidades específicas para atendimento a usuários com transtornos psiquiátricos e pessoas com necessidades decorrentes do uso de álcool e outras drogas. As unidades são responsáveis por organizar e regular a rede de atenção em saúde mental. O serviço comunitário funciona com porta aberta e de forma substitutiva aos hospitais psiquiátricos e tratamento via internação.

Os Caps dispõem de uma equipe multiprofissional que atua de forma interdisciplinar e acompanha os usuários com transtorno mental grave ou persistente e pessoas com necessidades decorrentes do uso de álcool e outras drogas. Entre esses profissionais estão terapeutas ocupacionais, enfermeiros, musicoterapeutas, educadores físicos, médicos, psicólogos, assistentes sociais, artistas cênicos e arteterapeutas, além de trabalhadores administrativos e de apoio.

Para casos de urgência em que o usuário está em crise ou surto, a porta de entrada para atendimento é o Pronto Socorro Wassily Chuc. A unidade funciona 24h na Av. C 107 Q 310, 3333 – Jardim América. Lá o paciente passa pela análise da equipe médica e, se necessário, fica em observação. Conforme o caso, ele é direcionado para acompanhamento no Caps mais próximo de sua residência.

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