Goiás confirma quase 200 casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave
Segundo especialista, os principais geradores desses problemas são os vírus do tipo sincicial respiratório (VSR), influenza A e B, Parainfluenza e Adenovírus.
Por Ítallo Antkiewicz
Os casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) entre as crianças brasileiras dispararam nas últimas semanas. Segundo o Boletim InfoGripe da Fiocruz, o crescimento chegou aos 309% entre o início de fevereiro e o dia 29 de abril, atingindo os menores de 5 a 11 anos. Entre os mais novos, de 0 a 4 anos, o aumento foi de 110% no período de 20 a 26 de março deste ano. Em Goiás, até o momento foram registrados 163 casos, de acordo com os dados da Secretaria Estadual de Saúde (SES-GO).
A Superintendente de Vigilância em Saúde de Goiás, Flúvia Amorim, explica que o Estado disponibiliza medidas para a prevenção e tratamento das pessoas com SRAG, que inclui, entre várias doenças, a influenza A (H1N1). “Entre as providências adotadas está a vacinação dos profissionais da saúde e dos grupos prioritários (crianças de seis meses a menos de cinco anos, pessoas com 60 anos ou mais, gestantes, puérperas e portadores de doenças crônicas não transmissíveis ou com outras condições clínicas especiais)”, pontua.
Em nota, a SES-GO informa que considerando a notificação de surtos de influenza em outros estados brasileiros, o retorno da circulação do vírus em Goiás e a baixa cobertura vacinal contra influenza no estado (73,30%), a SUVISA alerta os gestores e profissionais de saúde para que reforcem as medidas de prevenção, controle e tratamento oportuno da influenza e outros vírus respiratórios.
“É indispensável também a coleta e envio de amostras, de casos de síndrome gripal em que há suspeita de surto em instituições e de todos os casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (internados/ óbitos), para Laboratório de Saúde Pública Dr. Giovanni Cysneiros (LACEN). Assim, os casos descartados para SARSCov2 serão investigados para influenza e outros vírus respiratórios (adenovírus, parainfluenza, vírus sincicial respiratório, rinovírus e metapneumovírus)”, afirma trecho da nota.
SRAG
A Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) é um quadro clínico caracterizado pela presença da Síndrome Gripal (SG), associada, a pelo menos um dos seguintes sinais e sintomas: dispneia, desconforto respiratório ou aumento da frequência respiratória, piora nas condições clínicas das doenças da base e hipotensão. Este quadro é causado por uma série de doenças respiratórias, entre as quais a influenza A (H1N1).
Descrição do agravo
A influenza é uma infecção viral aguda que afeta o sistema respiratório. É de elevada transmissibilidade e distribuição global, com tendência a se disseminar facilmente em epidemias sazonais, podendo também causar pandemias. A Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que os casos de influenza variam de quadros leves a graves. A doença pode ser causada por vírus do tipo A ou B. Sendo que, a cepa A, altamente mutável, tem potencial pandêmico.
Habitualmente em cada ano temos a circulação de mais de um tipo de influenza concomitantemente, como Influenza A H1N1, Influenza A H3N2 e Influenza B. Espera-se que a influenza tenha um comportamento sazonal e que a virulência da cepa circulante contribua para o aumento das hospitalizações e mortes.
Alerta para os cuidados
O médico infectologista Sérgio Zanetta explica que com a chegada do outono, período em que há aumento dos casos de doenças respiratórias, os pais e responsáveis pelas crianças devem adotar medidas de prevenção às infecções. “A incidência de doença respiratória apresenta padrão sazonal, como de costume, com picos bem demarcados durante o outono e o inverno, ou seja, entre os meses de março a julho, apresenta alta importante no número dos atendimentos médicos, não tendo relação com a pandemia da covid-19”, afirma.
Segundo o especialista, os principais geradores desses problemas são os vírus do tipo sincicial respiratório (VSR), influenza A e B, Parainfluenza e Adenovírus. Juntos, esses vírus são responsáveis por cerca de 50 a 90% dos casos em crianças.
Zanetta ressalta que as crianças mais atingidas são as menores de dois anos, com históricos de alergia crônica e de chiado no peito, bem como as que têm histórico familiar de asma. “Elas demandam atendimento médico nas emergências e apresentam pior evolução do quadro respiratório, geralmente com necessidade de hospitalização”, pontua o especialista.
“Condutas como higiene das mãos com frequência, lavagem nasal diária com soro fisiológico e higiene adequada do ambiente escolar colaboram com diminuição de contágio e transmissão destes vírus respiratórios na faixa etária pediátrica”, alerta o infectologista.