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quinta-feira, 26 de dezembro de 2024
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Do desafio ao propósito

A obra ‘A Menina dos Olhos’ narra luta de uma jovem médica contra a leucemia

“O livro retrata minha história de superação e milagre, como enfrentei a morte, venci a leucemia e transformei a minha dor em propósito de vida” resume Marina Aguiar

Postado em 11 de maio de 2022 por Elysia Cardoso

A leucemia ocorre mais frequentemente em adultos com mais de 55 anos, mas também é o câncer mais comum em crianças menores de 15 anos, de acordo com Instituto Nacional de Câncer (Inca). Quem participou dessa estatística, mas conseguiu sair dela, foi a médica Marina Tayla Mesquita Aguiar, que lança nesta quarta-feira (11), o livro Menina dos Olhos – Como Marina enfrentou a morte e abraçou a vida, em Goiânia. 

Escrito pelas jornalistas Dalvina Nogueira e Honória Dietz, o livro detalha desde o descobrimento da doença quando Marina, então com 17 anos, havia acabado de entrar na universidade, a luta da família na busca de um doador, que não foi encontrado, e a cura da enfermidade.

“O livro retrata minha história de superação e milagre, como enfrentei a morte, venci a leucemia e transformei a minha dor em propósito de vida. É um relato com o qual espero trazer fé e esperança para quem está enfrentando essa ou outras doenças, mesmo quando não as perspectivas não são favoráveis”, resume Marina Aguiar, que foi diagnosticada com a leucemia LLA e viu a maioria de suas jovens colegas de enfermaria no Hospital das Clínicas, na capital, perderam a batalha para a doença durante os oito meses no qual ficou internada, inicialmente. 

Conhecida como câncer no sangue, a leucemia tem como principal característica o acúmulo de células doentes na medula óssea, que substituem as células normais. Existem mais de 12 tipos de leucemias e, entre as mais recorrentes, está o tipo que desenvolveu Marina, que tinha indicação de fazer o transplante de medula óssea. 

A família, na época, se mobilizou de todas as formas. A campanha em busca de um doador foi amplamente divulgada pela imprensa regional, tendo alcançado também publicações em nível nacional. Foram oito ciclos de quimioterapia sem se dar a remissão da doença e muitas incertezas. Sua mãe chegou a engravidar na esperança de gerar irmãos compatíveis com a filha. Teve gêmeos, mas eles não eram compatíveis, o que deixou a família desesperada. 

Já sem muito o que fazer, o médico que a assistia resolveu, como tratamento paliativo, repetir o protocolo das quimioterapias em Marina, só que dessa vez com quimio feita para crianças. Aos poucos, a doença foi cedendo e atualmente já são 15 anos de cura, comemorados sempre em 1º de abril, dia da alta do HC. 

Marina voltou para o Araújo Jorge, sim, mas já como médica formada, para se especializar em hematologia, com o mesmo médico que ajudou em sua cura. E depois de fazer especialização em transplante de medula no Inca do RJ, um dos mais renomados em tratamento de câncer do país, ela volta ao Hospital Araújo Jorge, agora como coordenadora do transplante. Além do atendimento no Araújo Jorge, a médica atende também pacientes no Órion Complex, na capital.

Para Dalvina Nogueira, já com experiência em biografias escrever a história de Marina foi um desafio diferente. “Estávamos falando de uma quase menina, que se viu numa situação em que a vida parecia cobrar um preço alto demais. Eu, como mãe, não tive como não me identificar com a dor e a luta de Keila, a mãe!”, afirma a escritora. 

Honória Dietz, jornalista e historiadora, que estreia nessa obra como coautora na verdade, foi a primeira a se atentar para a beleza da história de Marina.“Por exemplo, Marina foi uma das jovens eleitoras que não votou nas eleições presidenciais em 2006, porque estava internada com leucemia e nisso sintetizamos tudo que essa garota lutadora teve que abrir mão durante sua luta contra a doença”.

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