Cine Cultura recebe o lançamento de dois filmes do diretor pernambucano-goiano Ângelo Lima
Longa ‘Quando Ouço Falar em Cinema Me Visto de Carlitos’ narra trajetória cinematográfica de Ângelo Lima
Se você é um grande apreciador de filmes e de experiências, trazemos boas notícias. O Cine Cultura, unidade da Secretaria de Estado da Cultura (Secult), recebe nesta próxima quarta-feira (25) o lançamento de dois filmes do diretor pernambucano-goiano Ângelo Lima. A entrada é gratuita e contará com a presença do cineasta e convidados.
Em entrevista ao Essência, o diretor e produtor Ângelo cita: “Nós somos um Estado muito novo ainda, somos um povo muito novo e nós goianos precisamos preservar o que nos é dado em termos de arte”, conta.
Às 20h30 da noite de estreia será apresentado o curta-metragem ‘Confaloni’, que trata da chegada e a importância de uns dos maiores artistas da região Centro-Oeste, influenciando toda uma geração. A obra foi contemplada pelo Fundo de Arte e Cultura (FAC), da Secult Goiás. Frei Nazareno Confaloni nasceu em Grotte di Castro, Itália, em 1917. Chegou a Goiás em 1950 como parte da missão evangelizadora da Igreja Católica na América.
Sua primeira tarefa foi pintar os afrescos da Igreja do Rosário, na cidade de Goiás. O convite foi de dois dominicanos: frei Cândido Bento Maria Penso (Bispo da Prelazia Nullius de Santana do Bananal em Goiás) e frei Domingos Acerbi. O artista mudou-se para Goiânia em 1952 e deixou vários trabalhos na cidade, como dois murais feitos no ano seguinte na cidade no saguão de entrada da antiga Estação Ferroviária.
Na sequência, o longa ‘Quando Ouço Falar em Cinema Me Visto de Carlitos’, sobre a trajetória cinematográfica do próprio Ângelo Lima, que tem uma grande história a ser contada. O filme recebeu recurso da Lei Aldir Blanc, fomento do governo federal também gerenciado pela Secult Goiás.
Um artista vestido de cinema
Talvez você não saiba quem é Ângelo José da Cunha Lima, mas certamente sabe quem é Ângelo Lima. Se você pensa que ele é tão-somente uma pessoa enveredada no mundo do cinema, está enganado. Nele habita um conjunto harmonioso de artistas, alguns, portanto, sem mais atuarem devido ao passar do tempo, que é o caso do artista de rua, o ator, o mágico, o dono de circo. O cineasta, no entanto, não se desconecta da sétima arte, haja vista que a câmera não desprega de sua mão e a sua cabeça está constantemente fervilhando de ideias. E boas.
Pernambucano de nascença, mas goiano de coração, Ângelo desde os seis anos de idade, isso em Olinda, já ia ao cinema com frequência. Havia uma condição para isso: não podia aprontar nenhuma peraltice que transgredisse as regras impostas por seu pai. Se transgredisse, recebia um castigo: ficava um mês sem poder ir ao cinema.
Em seu filme ‘Quando ouço falar em cinema, me visto de Carlitos’, que o tem como personagem do documentário de 1hora e 20 de duração, essa trupe toda é mostrada. O que é possível pelo fato de Ângelo ter um vasto arquivo sobre seus trabalhos ao longo dos anos.
Nessa trupe, faz-se necessário também mencionar, está também a sua interpretação de Carlitos, personagem criado em 1914 por Charles Chaplin: um dos maiores gênios da história do cinema, o qual naquela época ensaiava os seus primeiros passos como arte. Foram anos e anos em que Ângelo usou um chapéu-coco, bengala, calças largas, casaco apertado e sapatos enormes.
Seu filme de estreia no mundo do cinema foi “O som é meu, o sol é seu”, isso em 1969, quando estava com 16 anos de idade. Aí veio outro em 1978: “O Pescador de Cinema”, que tem o cineasta João Bennio como assunto temático. Aí vieram filmes e mais filmes, premiações e mais premiações nacionais e internacionais. Além da produção de muitas séries sobre meio ambiente, museus, cavalhadas.
‘Quando ouço falar em cinema, me visto de Carlitos é um filme interessante para se conhecer toda a história da vida artística de Ângelo Lima, para conhecer sua obstinação e os resultados frutíferos dela. Ângelo pode, tranquilamente, olhar no espelho e dizer: “Eu sou um artista”.