20 milhões de trabalhadores estão em funções que poderiam ser feitas em casa
Em Goiás, mais de 600 mil estão em funções remotas.
Mais de 20 milhões de trabalhadores brasileiros estão em funções que poderiam ser realizadas de casa, o home office. Os dados são do instituto de pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e mostram um panorama do potencial de trabalho remoto no país. De acordo com a análise, cerca de 20,4 milhões de pessoas encontram-se em ocupações passíveis de serem realizadas de forma remota, o que representa 24,1% do total de pessoas ocupadas no mercado de trabalho brasileiro.
O estudo mostrou que há um predomínio nas ocupações potenciais de trabalho remoto entre mulheres (58,3%), pessoas brancas (60%), com nível superior completo (62,6%) e na faixa etária entre 20 e 49 anos (71,8%). Mais da metade desses trabalhadores em teletrabalho potencial encontra-se na região Sudeste (que tem o maior percentual, 27,7%), seguida pela região Sul, com 25,7%, e Centro-Oeste, com 23,5%. Nas regiões Norte e Nordeste, o patamar é inferior, respectivamente, de 17,4% e 18,5%.
Embora as pessoas em ocupações com potencial de serem realizadas de forma remota representem 24,1% da força de trabalho, esses trabalhadores são responsáveis por 40,4% da massa de rendimentos total. O recorte por região mostrou que a maior contribuição para esse montante vem da região Sudeste, puxada principalmente pelo estado de São Paulo, que tem 47,6% do total de rendimentos efetivos gerados por pessoas em teletrabalho potencial.
O contingente e o percentual de teletrabalho potencial no Brasil urbano supera o do Brasil rural. Ainda assim, haveriam cerca de 650 mil pessoas em teletrabalho potencial no campo, o que corresponde a 6,4% do total de ocupados na zona rural.
O Sudeste conta com o maior percentual de pessoas ocupadas potencialmente em home office em ambas as zonas (29,2% urbana e 7% rural). Em contrapartida, a região Norte, cujo contigente de teletrabalho potencial nas zonas urbana e rural corresponde a, respectivamente, 20,5% e 4,9% do total de ocupados, está no outro extremo. A região Nordeste, que apresenta o quarto maior percentual de teletrabalho potencial na zona urbana (21,2%), salta para a segunda colocação quando se observa a zona rural (6,7%).
O recorte por unidade federativa mostra que, enquanto o Distrito Federal apresenta teletrabalho potencial de 37,8%, no Pará esse percentual cai para menos da metade (15,3%). Em todas as unidades federativas, as mulheres são maioria no teletrabalho potencial. Esse resultado é mais acentuado em Roraima, Maranhão e Piauí, onde essa participação oscila entre 64% a 66%. Por sua vez, Amapá, Santa Catarina e Ceará são os estados com resultados mais equilibrados – participação feminina variando de 52% a 54%.
Em muitas UFs do Norte e do Nordeste, o percentual de pessoas pretas ou pardas no teletrabalho potencial passa de 70%, com destaque para o Amapá, onde o resultado foi de 80,5%. A exceção nessas regiões é o Rio Grande do Norte, onde o percentual fica próximo de 50%. Em nenhum estado da região Sul o total de pretos e pardos nessa situação é superior a 25%, com destaque para Santa Catarina (10,1%). Já no Centro Oeste e em alguns estados do Sudeste, a situação é intermediária: 60% e 46%, respectivamente, no Mato Grosso e em Minas Gerais, por exemplo.
Ao analisar as regiões metropolitanas do país, a que mais se destaca é a de Florianópolis, com cerca de 40,4% das pessoas ocupadas em regime potencial de teletrabalho, apesar de Santa Catarina ser apenas o quinto estado no ranking de teletrabalho potencial, com 25,4% das vagas de trabalho.
Goiás tem mais de 600 mil trabalhadores remoto
No Centro-Oeste e em alguns estados do Sudeste, por sua vez, a situação é intermediária – por exemplo, esse percentual é de 60% e 46%, respectivamente, no Mato Grosso e em Minas Gerais. Quanto à escolaridade, a distribuição dos ocupados potencialmente em home office é mais uniforme entre as UF.
Em todas as localidades, o teletrabalho potencial é constituído majoritariamente por indivíduos com pelo menos o ensino superior completo, variando de intensidade. Nos casos extremos, tem-se a Bahia e o Distrito Federal, onde a participação desse grau de instrução é de 50,2% e 72,7%, respectivamente.