Bicicletas elétricas batem recorde de vendas em 2022
Além da alta nas vendas, os preços de venda de cada bicicleta aumentaram 20%
As vendas de bicicletas elétricas, também chamadas de e-bikes, bateram recorde em 2022, com crescimento de 27,3%. Foram 40.891 unidades vendidas, segundo a Associação Brasileira do Setor de Bicicletas (Aliança Bike). Quanto ao faturamento, foram R$289,3 milhões obtidos com as vendas, número 52,2% maior do que em 2021. Além da alta nas vendas, os preços de venda de cada bicicleta aumentaram 20%.
A explicação dos preços mais elevados se deve ao aumento do dólar frente ao real, aumento do preço do frete marítimo e a procura de consumidores por bikes de maior valor. Os dados foram obtidos a partir de monitoramento de associados da Aliança Bike, junto de informações da Receita Federal e Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares.
O sucesso desse tipo de transporte também pode ser explicado pelo preço médio da gasolina, em alta histórica. Além disso, bicicletas elétricas exigem menor esforço físico do condutor do que as convencionais.
As perspectivas de crescimento para este ano são boas, de 22% em um cenário conservador e 50% em um cenário otimista, podendo chegar, portanto, a mais de 61 mil unidades vendidas. A associação ainda aponta para fatos que podem ajudar a impulsionar as vendas, como foi o caso da retirada das bikes elétricas da cobrança do ICMS.
O diretor executivo da Aliança Bike, Daniel Guth, pontua que o mercado continua repleto de desafios. “Acreditamos que o movimento pela busca de bicicletas continuará em alta no Brasil nos próximos anos, seguindo uma tendência registrada em praticamente todo o mundo”, afirma.
Segundo Guth a bicicleta se tornou uma espécie de símbolo no combate à pandemia, sendo inclusive indicada pela Organização Mundial de Saúde (OMS). “Como meio de transporte e de atividade física adequados, já que podem ser utilizados ao ar livre e sem o contato direto com outras pessoas”, explica.
A associação ainda não tem dados do segundo semestre deste ano, mas acredita em bons números. “O setor segue otimista com a manutenção da alta demanda, mas existem importantes desafios, ocasionados pelo desabastecimento de componentes e pelo disparo do custo do frete marítimo”, afirma Guth.
Este aumento da procura por bicicletas com valores um pouco mais elevados pode ser explicado em parte pelos reajustes nos valores dos produtos no mercado brasileiro, impactados pela alta do frete marítimo, das matérias primas e da taxa de câmbio do dólar. Outro fator que ajuda a explicar o mercado em alta é a procura por modelos de maior valor agregado, qualidade e também por uma maior diversidade de modelos ofertada, como as bicicletas elétricas.
Lojistas
O empresário Márcio José Graciano, 50 anos, dono de uma loja de bicicletas em Goiânia, pontua que percebe esse aumento nas vendas de bicicletas elétricas. “O goianiense gosta de andar de bicicleta e está uma procura grande para esse tipo de modal. É um meio de transporte que garante o distanciamento social, não prejudica o meio ambiente e foge dos constantes congestionamentos”, contou. Cláudio explicou que as bikes elétricas custam de R$4.999 até R$18.900 e o custo vale a pena já que R$2 de energia elétrica permite o uso de 100 quilômetros. “A bateria da bicicleta é de lítio, igual à do celular. Consome muito pouca energia”, completou.
Graciano ressalta que o ritmo de crescimento na loja é de 30% ao mês. “Nós estamos felizes por conta do aumento, foi bem considerável. Nossa loja teve um aumento básico de 118% em relação ao mesmo período do ano passado. E ela vem crescendo num ritmo de 30% ao mês. Inclusive, a gente está contratando mais colaboradores”, afirma.
Segundo o empresário, o fato de Goiânia ser uma cidade que vem investindo em ciclovias, também ajuda no aumento das vendas. “Proporciona mais segurança aos usuários do meio de transporte. A pandemia impactou o mercado de bikes que se manteve aquecido em meio a uma grande crise econômica”, garantiu.
Imposto zerado
Indo para o cenário nacional, o Ministério da Economia zerou o imposto de importação para motores de bicicletas elétricas e a decisão ainda será comunicada aos demais países do Mercosul, que terão até 90 dias para se manifestar e levar a medida para frente. Após esse período, a redução tarifária terá validade de um ano com possibilidade de prorrogação por mais um ano. Os impostos relacionados às e-bikes alcançam 85% do custo, número 10% acima das bicicletas convencionais.