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sábado, 23 de novembro de 2024
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Fogo

Incêndios florestais passam de mil em maio deste ano no Estado

O Monitor de Queimada servirá de auxílio para identificar início de incêndios e até mesmo crimes ambientais

Postado em 10 de junho de 2022 por Daniell Alves

O quantitativo de incêndios florestais registrados pelo Corpo de Bombeiros de Goiás (CBM-GO) quase dobrou no último mês em comparação a abril do ano passado. O mês de abril registrou 558 incêndios florestais tanto em vegetação quanto cultura agrícola. Já em maio foram 1.016 casos de queimadas no Estado e até o momento em junho foram 238 notificações. Em maio de 2021 foram 818 casos, enquanto em abril do mesmo ano 287 queimadas foram atendidas pela corporação. Após a chegada do período de estiagem, a tendência é que estes números aumentem ainda mais. 

É o que afirma a tenente do Corpo de Bombeiros, Vanessa Furquim. “Nós temos percebido que os incêndios começaram bem cedo. No ano passado, tivemos mais 9 mil ocorrências de incêndios florestais e neste ano pode ser que ultrapassem se não contarmos com a conscientização da população”, avalia. 

Os meses considerados mais críticos para os incêndios são agosto, setembro e outubro. “Ainda nem chegamos no período crítico e já temos que atender algumas ocorrências. A nossa preocupação é que quando começar a estiagem piore”, alerta a tenente do CBM. 

Ela ressalta que a maioria das ocorrências é causada por ação humana e dificilmente será por algum motivo natural. “99% são provocados pelas pessoas, que colocam fogo no lixo, querem fazer a limpeza dos imóveis. Também há uma série de questões onde os proprietários acham que vão conseguir controlar e o incêndio atinge proporção maior e avançam em locais particulares”. 

Monitor

O Monitor de Queimada foi lançado no início da semana e servirá de auxílio para identificar início de incêndios e até mesmo crimes ambientais. Segundo a Secretaria Estadual do Meio Ambiente (Semad), por meio do Centro de Informações Meteorológicas e Hidrológicas do Estado de Goiás (CIMEHGO), a ferramenta fará o uso de satélites ambientais com geotecnologia e detectar pequenos focos de incêndio de até 3 m². O objetivo é evitar que o incêndio não chegue a grandes proporções. As informações que forem coletadas serão encaminhadas com a compartilhadas com a Defesa Civil Estadual, Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás (CBMGO), defesas civis municipais, secretarias de Meio Ambiente dos municípios, coordenações de Unidades de Conservação e demais órgãos da Administração Pública. 

A secretária da pasta, Andréa Vulcanis, aposta que a ferramenta ajudará a solucionar problemas recorrentes no Cerrado goiano devido a queima principalmente em períodos mais secos – geralmente de maio a outubro. 

Ainda de acordo com a secretária, a tecnologia tem sido a melhor aliada no combate e controle aos incêndios que provocam grandes prejuízos ao meio ambiente, às pessoas e ao setor produtivo. O Cimehgo já faz o monitoramento de focos de queimadas e emite boletins e mapas com prognósticos de risco de incêndio e áreas de maior probabilidade de ocorrência em todo o Estado.

De acordo com o gerente do Cimehgo, André Amorim, o Monitor de Queimadas trabalha com informação, gestão e tempo de resposta. “O objetivo é dar velocidade aos atendimentos onde aparecem os focos de queimadas. Até então fazíamos boletins e era uma forma mais demorada”, ressalta. 

Amorim esclarece como irá funcionar a ferramenta. “As pessoas que combatem as queimadas são cadastradas e a partir do momento que o satélite passa e identifica o foco avisa imediatamente o celular da pessoa para que possa tomar uma ação”.

O Monitor de Queimadas será capaz de detectar foco de incêndio em qualquer área dos 246 municípios goianos. Os responsáveis vão receber uma mensagem automática pelo aplicativo de troca de mensagens e também por e-mail. A ferramenta conta também com 

Ainda de acordo com o gerente André Amorim, além da rede de troca de informações oriundas do Monitor de Queimadas, a sala Situação de Monitoramento conta também com um sistema sonoro para alertar sobre qualquer intercorrência e, assim, avaliar avanço ou regressão do incêndio no local. A secretária da pasta afirma que a medida permite auxiliar produtores rurais para que não percam suas lavouras e maquinários, além de garantir melhores condições de saúde à população que sofre com problemas respiratórios durante o período de seca. Todos os municípios do Estado podem se cadastrar junto ao Cimehgo por meio do telefone 62 32651392. 

Crime

No entanto, provocar incêndio em mata ou floresta é crime, conforme descrito na Lei Federal 9.605/98. “Atear fogo em lote baldio também pode configurar crime ambiental de poluição, pois a fumaça resulta em danos à saúde humana e se o fogo expuser a perigo a vida, o responsável pode ser enquadrado por crime de incêndio”. 

Outro problema registrado pela corporação são os incêndios às margens das rodovias, que, além de prejudicarem o meio ambiente, podem causar acidentes aos condutores. Com a fumaça, a visão dos motoristas fica comprometida. 

Incêndio na Chapada

No último ano, quatro pessoas foram indiciadas pela Polícia Civil de Goiás (PCGO) referentes aos incêndios na Chapada dos Veadeiros, ocorridos no mês de setembro, por mais de dez dias na região do parque. As investigações resultaram no indiciamento de quatro autores, pelos crimes previstos nos artigos 41 e 39 da Lei dos Crimes Ambientais, além do crime de incêndio qualificado previsto no artigo 250, § 1º do Código Penal. 

Segundo as investigações, um dos focos do incêndio ocorreu de maneira culposa, pela conduta imprudente de dois autores no manuseio de materiais de construção, ocasionando a queima do condomínio Vale Azul, na cidade de Alto Paraíso. 

Uma das testemunhas relatou que o fogo ocasionou o prejuízo de cerca de R$ 150 mil. As outras duas investigações concluíram pela ocorrência de crime doloso. Um deles ocorreu em uma estrada vicinal para o Distrito de São Jorge e o outro, mais grave, ocorreu na Fazenda Cascata, responsável pela queima de 14.183 hectares. As queimas, no total, consumiram uma área de cerca de 28 mil hectares.

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