Xenofobia: Juliette diz que pediram para ‘neutralizar’ seu sotaque em teste de dublagem; veja
Ela aponta ainda alguns dos efeitos que o preconceito contra os sotaques nordestinos traz ao dia a dia, e pede que seja combatido a xenofobia
Natural de Campina Grande, na Paraíba, a influenciadora Juliette Freire alegou nas redes sociais, neste sábado (11/6), que foi vítima de xenofobia durante testa de dublagem. A discussão de preconceito contra nordestinos no mundo artístico foi levantada na internet depois de relatos parecidos feitos pela cantora pernambucana Duda Beat.
No Instagram, a cantora afirma que foi reprovada no teste para um filme internacional por conta de seu sotaque nordestino. Segundo a campeã do BBB21, os produtores pediram para que ela neutralizassem seu sotaque. O nome daquela foi um dos mais comentados no Twitter neste domingo. (Veja o vídeo na integram no final)
“Eu cheguei lá e, a primeira coisa, eu entro no estúdio e uma pessoa falou assim: ‘ó, eu só queria te pedir uma coisa. Tem como tu neutralizar um pouquinho o teu sotaque?”, contou a cantora, onde acrescentou que cursou Letras e “já entendia sobre esse fenômeno da neutralização, dessa tendência na mídia, os repórteres, todo esse universo nos filmes”.
“Talvez eu nem tenha sido tão boa no teste, mas quando eu fui pedida para neutralizar [o sotaque] aquilo já veio à minha cabeça como se essa fosse uma das razões”, acrescenta.
Ela aponta ainda alguns dos efeitos que o preconceito contra os sotaques nordestinos traz ao dia a dia, e pede que seja combatido a xenofobia.
“Esse exemplo que eu dei foi só um de vários outros. Tem a questão de encarar o sotaque nordestino de uma forma caricata e rir, tem a questão dos meus amigos não conseguirem alugar um imóvel. (…) Então, a mensagem que eu quis deixar foi simplesmente a seguinte: xenofobia existe, sim, e ela está enraizada na nossa cultura e a gente precisa questionar”, disse.
Repercussão sobre sotaque
Internautas subiram a tag ‘Sotaque neutro não existe’ e o assunto ficou entre os mais comentados no Twitter nesta sexta-feira, 10, e ao longo madrugada de sábado, 11. Nas postagens, os usuários resgataram depoimentos de outras artistas denunciando casos de xenofobia.
Essa não é a primeira vez que Juliette confronta falas preconceituosas. Em julho de 2021, ela rebateu os comentários xenofóbicos da atriz e youtuber Antônia Fontenelle, que havia classificado como “Paraibada” as agressões feitas pelo DJ Ivis, contra sua ex-mulher, Pamela Hollanda.
Logo depois, Fontenelle se desculpou e justificou ter sido uma “expressão”. Freire reagiu ao comentário e publicou um tuíte, que mais tarde, foi reproduzido em uma prova de vestibular da Unicamp.
Xenofobia
A xenofobia é uma ideologia que consiste na rejeição das identidades culturais que são diferentes da própria. O nome é utilizado em referência ao ódio, receio, hostilidade e rejeição em relação aos estrangeiros. A palavra também é frequentemente utilizada como a fobia em relação a grupos étnicos diferentes ou face a pessoas cuja caracterização social, cultural e política se desconhece.
Pode dizer-se que este tipo de discriminação se baseia em preconceitos históricos, religiosos, culturais e nacionais, que levam o xenófobo a justificar a segregação entre diferentes grupos étnicos com o fim de não perder a própria identidade. Por outro lado, muitas vezes acrescenta-se um preconceito económico que vê nos imigrantes competidores pelos recursos disponíveis no seio de uma nação.
Veja o relato de Juliette: