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sábado, 23 de novembro de 2024
"Bancada do crime"

Delegado da PF acusa parlamentares de defenderem desmatamento e serem “financiados por madeireiros”

O delegado da Polícia Federal (15/6) e ex-superintendente da corporação no Amazonas, Alexandre Saraiva, acusou nesta terça-feira (14/6) parlamentares da base do presidente Jair Bolsonaro (PL), como a deputada Carla Zambelli (PL-SP) e o senador Jorginho Mello (PL-SC), de serem “financiados por madeireiros”. O delegado alega ter “dois carrinhos de supermercado de prova” e diz […]

Postado em 15 de junho de 2022 por Rodrigo Melo

O delegado da Polícia Federal (15/6) e ex-superintendente da corporação no Amazonas, Alexandre Saraiva, acusou nesta terça-feira (14/6) parlamentares da base do presidente Jair Bolsonaro (PL), como a deputada Carla Zambelli (PL-SP) e o senador Jorginho Mello (PL-SC), de serem “financiados por madeireiros”. O delegado alega ter “dois carrinhos de supermercado de prova” e diz ser difícil conter crimes ambientais na Amazônia porque os políticos da região são apoiados por quem comete o desmatamento ilegal.

“Esses criminosos têm boa parte dos políticos da região norte no bolso, eu estou falando de governadores, senadores. Veja de onde saíram grande parte dos parlamentares do Centrão. São financiados por esses grupos. [Os senadores] Zequinha Marinho, Telmário Mota, Mecia de Jesus, Jorginho Melo de Santa Catarina mandou ofício, a Carla Zambelli foi lá defender madeireiro. Temos uma bancada do crime, de marginais, de bandidos”, ressaltou Saraiva em entrevista à Globo News.

Apesar de dizer “governadores”, Alexandre não citou nenhum durante a fala. O delegado acrescentou ainda que “a maior prova de que ele está certo é que já fez essas acusações antes e nunca foi processado”. O assunto foi um dos mais comentados no Twitter nesta quarta-feira com a hashtag #ZambelliNaCadeia.

“Sabe qual é a maior prova de que estou falando a verdade? Eu já falei isso várias vezes e eles nunca me processaram, eu tenho dois carrinhos de supermercado de prova”, declarou. “Quando alguém vê o descumprimento da lei evidente e se presta ao papel de defender o marginal e atacar a polícia, tem artigo no Código Penal que prevê isso. Eles tinham conhecimento do que estava acontecendo porque receberam laudos periciais mostrando inequivocamente que aquela madeira tinha origem ilegal”.

Maior apreensão do Brasil

Alexandre se refere na fala à Operação Handroanthus da PF, que fez uma apreensão histórica de 213 mil metros cúbicos de madeira ilegal na divisa entre Amazonas e Pará, no fim de 2020. A investigação apontou desmatamento ilegal, grilagem de terra, fraude em escrituras e exploração madeireira em áreas de preservação permanente.

O recorde anterior de apreensão de madeira também ocorreu no Pará. Segundo os coordenadores da operação Arco de Fogo, em 2010 foram apreendidos 64,5 mil metros cúbicos de madeira na reserva extrativista (Resex) Renascer, no nordeste do estado.

Demissão da corporação no Amazonas

Saraiva acusou o ministro do Meio Ambiente à época, Ricardo Salles, de não realizar perícia do material corretamente. O delegado foi demitido do cargo um dia após enviar uma notícia-crime ao STF (Supremo Tribunal Federal) contra Salles. Na época, o ministério do Meio Ambiente afirmou que o delegado estava “em busca de holofotes”. Zambelli e Saraiva chegaram a bater boca em audiência no Congresso em abril do ano passado sobre o tema.

O que dizem os governistas

O senador Telmário Mota (Pros-RR) negou ter interferido em qualquer fiscalização, inquérito ou processo relacionado a crimes ambientais, e disse ter encaminhado denúncia contra Saraiva na corregedoria da Polícia Federal, ao Ministério Público Federal e à Justiça, pelo crime de calúnia. O parlamentar alegou que a notícia-crime apresentada pelo delegado é “absolutamente leviana e mentirosa, vinda de uma pessoa com clara intenção de autopromoção”.

O senador Zequinha Marinho afirmou que “não compactua com atos criminosos. O senador não irá tolerar difamação, calúnia ou qualquer ataque à sua imagem, seja de quem for. O que o delegado da Polícia Federal no Amazonas afirma é grave. Vamos buscar a Justiça como forma de combater esse crime de calúnia. Que fique claro, o senador – que é o representante legal dos paraenses – atendeu a um pedido da Associação das Indústrias Exportadoras de Madeiras do Estado do Pará (Aimex) e da Associação da Cadeia Produtiva Florestal da Amazônia (Unifloresta), que reclamavam de arbitrariedades cometidas no âmbito da Operação Handroanthus”.

A deputada federal Carla Zambelli disse que Saraiva é “um pré-candidato tentando criar manchete para aparecer. Será acionado judicialmente”.

Os senadores Mecias de Jesus e Jorginho Melo ainda não comentaram sobre o assunto.

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