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sábado, 21 de dezembro de 2024
Crise do MEC

Quem são os pastores goianos aliados à Milton Ribeiro, presos por possíveis desvios de verbas da Educação

Apesar da amizade pública e do acesso diferenciado ao ministro Milton Ribeiro, o vínculo deles com o governo Bolsonaro é anterior à chegada de Ribeiro ao Ministério

Postado em 22 de junho de 2022 por Rodrigo Melo

Sem ocuparem cargos na área pública e com acesso direto ao governo de Jair Bolsonaro (PL), os pastores Gilmar Santos e Arilton Moura foram alvo de mandados de prisão e busca e apreensão da Polícia Federal (PF) na manhã desta quarta-feira (22/6). Durante a gestão do ex-ministro Milton Ribeiro, que também foi preso preventivamente, a dupla passou a atuar em nome do Ministério da Educação (MEC) de maneira informal.

Chamada de ‘Acesso Pago’, a PF apura a prática de tráfico de influência e corrupção para a liberação de recursos públicos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE. No gabinete paralelo formado por pastores no Ministério da Educação, a dupla Gilmar e Arilton comandava a agenda do ministro e intermediava destinação de verbas e as direcionava para aliados políticos.

Prefeitos se reuniam com os pastores no MEC que viabilizaram pagamentos e empenhos de R$ 9,7 milhões dias ou semanas após o encontro. Ao menos 10 prefeitos confirmaram ter sido abordados pelos pastores, inclusive com relatos de pedido de propina em ouro.

Pastor Gilmar Santos

Gilmar dos Santos é líder do Ministério Cristo para Todos, um ramo da Assembleia de Deus, com sede no Jardim América em Goiânia. O ministro Ribeiro já pregou no templo.

A igreja está presente também em outros Estados como Maranhão, Mato Grosso, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Segundo o próprio líder religioso, tem mais de 40 anos como pastor. Ele também é presidente da Convenção Nacional de Igrejas e Ministros de Assembleias de Deus no Brasil Cristo para Todos.

No meio evangélico, Gilmar se destacou como um pregador conhecido por frequentar diversas igrejas, para além do meio “assembleiano”. Apesar da amizade pública e do acesso diferenciado ao ministro Milton Ribeiro, o vínculo deles com o governo Bolsonaro é anterior à chegada de Ribeiro ao Ministério.

O deputado e pré-candidato ao Senado em Goiás, João Campos (Republicanos), foi quem abriu as portas do governo para Gilmar e seu braço direito, Arilton Moura. Campos é pastor da Assembleia de Deus Ministério Vila Nova, ligado à convenção de Madureira, conforme informações de integrantes da bancada evangélica.

No último culto ministrado nesta terça-feira (22), um dia antes da prisão, um representante evangélico chamou Gilmar para pregar e disse que o pastor é três em um. Logo quando Santos assume o microfone, responde: “Eu não tenho como discordar”. Durante a ministração, ele cobrou fiéis a contribuição para uma reforma da fachada da igreja em Goiânia. A mensagem era sobre “O ministério da consolação de Jesus Cristo”.

Pastor Arilton Moura

Arilton Moura atua como assessor de Assuntos Políticos da Convenção Nacional de Igrejas e Ministros de Assembleias de Deus no Brasil Cristo para Todos. Em registros oficiais do governo, ele é apresentado com o cargo de secretário nacional da entidade. Em 2018, ocupou o cargo de secretário extraordinário para Integração de Ações Comunitárias, no governo Simão Jatene, no Pará.

O assessor foi acusado em março deste ano de pedir pagamentos em dinheiro e até em ouro em troca da liberação de recursos para escolas e creches, conforme denúncia do prefeito de Luís Domingues (MA), Gilberto Braga (PSDB). Segundo o prefeito, o pastor Arilton Moura solicitou R$ 15 mil antecipados para protocolar demandas da prefeitura e mais um quilo de ouro após a liberação dos recursos.

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