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sábado, 21 de dezembro de 2024
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Corte no orçamento

Aumento da pobreza faz alunos da UFG dependerem mais do Restaurante Universitário

Aumento do custo de alimentação e perfil dos alunos, têm refletido nas filas de espera pelo almoço na instituição

Postado em 25 de junho de 2022 por Sabrina Vilela

Com a maior parte dos alunos sendo de baixa renda, o Restaurante Universitário da Universidade Federal de Goiás (UFG), vê um crescimento exponencial das filas para café da manhã, almoço e jantar na instituição. O definhamento econômico do país e o aumento do preço dos alimentos subindo vertiginosamente, afetam diretamente a quantidade de refeições diárias. Além de alunos, o restaurante também é aberto para o público em geral.

A Pró-reitora de Assuntos Estudantis (Prae/UFG), Maisa Miralva da Silva, explica que o retorno das aulas presenciais em um modelo escalonado, juntamente com a troca da empresa responsável pelo restaurante fez com que as filas tenham ficado mais longas. 

Entretanto, os fatores econômicos como o aumento da pobreza e a desigualdade social faz com que cada vez mais alunos dependam da alimentação no RU. “Ao mesmo tempo que temos enfrentado um corte de quase R$ 3 milhões no orçamento da Universidade, a empresa está pedindo um alinhamento dos preços. Assim como nas escolas públicas que os alunos chegam com fome, na Universidade não é diferente. Temos muitos estudantes que só comem aqui. A gente tem de um lado uma importância muito grande do Restaurante Universitário, o aumento da necessidade social e um índice de inflação muito grande que recai sobre todos os preços praticados. 

A Lei de Cotas sancionada em 2012, que inclui renda familiar, raça e cor, equalizou o acesso às Universidades. 70,2% possuem renda mensal familiar per capita de até 1,5 salários mínimos. Na UFG, esse número atinge 75,5%. Ou seja, três quartos dos graduandos. O percentual mais elevado da Região Centro-Oeste. Os dados são da pesquisa do Perfil Socioeconômico e Cultural dos Estudantes de Graduação das Universidades Federais, realizada pela Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes)

Essas duas realidades, aumento do custo de alimentação e perfil dos alunos, têm refletido nas filas de espera pelo almoço na instituição. Ana Flávia Rodrigues,18, está no primeiro período de publicidade e propaganda e para ela a comida do RU é boa e acessível, mas por conta das filas já desistiu de comer lá. No entanto, para ela a melhoria que o Campus precisa é de locais para descanso ou até mesmo para trocarem de roupa e tomarem um banho. “O meu curso é integral. Acordo às 5h da manhã e saio da faculdade às 18h. Passamos o dia aqui e às vezes não tem como descansar porque os lugares específicos para isso estão lotados”, reclama.

Sem poder trabalhar

Com grande parte dos cursos em período integral, muitos alunos não conseguem trabalhar e estudar e acabam ficando dependentes de opções mais em conta para se alimentar durante o período das aulas. No começo do ano, o preço do almoço na Universidade foi reajustado e o valor chegou a R$ 4. 

Antônio Monteiro, 20, aluno de design gráfico, come com frequência no restaurante e apesar das comidas serem muito boas, segundo ele, as filas desanimam. “O serviço oferecido é bom, mas as filas são imensas. Sobre o preço não me afeta tanto, mas o aumento afetou muitas pessoas. Eu ouço muito de outras pessoas que não conseguem pagar e ao invés de comprar o almoço trocam por um salgado mais barato”, afirma o discente que já ficou quase uma hora na fila para conseguir almoçar.

Segundo ele, outro problema enfrentado pelo campus é a falta de segurança. “Poderia melhorar a questão da segurança por aqui. Já ouvi relatos de assaltos aqui. Não me sinto 100% seguro”.

Muito caro

O estudante de Ciências Sociais João Gabriel Souza,22,  acredita que o maior problema enfrentado pelo RU  são as filas quilométricas, que para ele a justificativa seria a falta de funcionários e o preço alto da refeição. “Eu achei o aumento para R$4 um absurdo, além do serviço ruim ainda aumentaram”, reclama. Para ele, a solução seria a empresa aumentar a quantidade de funcionários para ajudar a descongestionar as filas. 

Para a pró-reitora Maisa Miralva da Silva, “aqueles que recebem bolsa de apoio pedagógico, apoio às moradias estudantis e bolsa para aluguel, por exemplo, são os que mais precisam da assistência estudantil”.

A pró-reitora explicou ainda que a UFG optou por garantir o subsídio universal a todos os estudantes, aplicando o mínimo reajuste do valor, considerando a inflação e o novo custo definido na licitação. A medida visa assegurar a continuidade e a ampliação do subsídio para todos os estudantes da UFG e a isenção do pagamento para os beneficiários do Plano Nacional de Assistência Estudantil (Pnaes), ou seja, estudantes com renda familiar per capita de até um salário mínimo e meio.

Troca da gestão do RU

A troca da empresa responsável pelo RU aumentou o tempo de espera dos alunos e comunidade externa. “Iniciamos um contrato novo com uma empresa que não tem experiência com restaurante universitário e tivemos uma volta das aulas presenciais em um sistema escalonado, primeiro voltamos 20%, depois 30%, 50% e estamos perto da nossa capacidade máxima e isso em um período curto. A empresa está se adequando a essa demanda que está crescendo e crescendo muito.

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