Com uma estética Queer
O espetáculo ‘Boys do Rosa Grená’ promove um debate inevitável e imprescindível: a diversidade de gênero
Celebrar a diversidade tem sido uma consideração inerente à época em que vivemos e a arte é usada para impulsionar a discussão. Gênero, respeito, inclusão, sexualidade, entre outros assuntos, fazem das manifestações artísticas mais conscientes do papel que exercem na sociedade. Como objetivo de prestigiar a temática LGBTQIA+, o espetáculo cômico-erótico ‘Boys do Rosa Grená’, protagonizado por Daniel Calvet e Gleysson Moreira, reestreia neste mês. A primeira apresentação ocorre neste sábado (9), gratuitamente no Teatro de Bolso do Ponto de Cultura Cidade Livre, em Aparecida de Goiânia, às 20h.
Uma obra pensada para promover, por meio da dança, o estímulo e propagação da estética Queer, o espetáculo-performance ‘Boys do Rosa Grená’ vem conquistando público e crítica desde sua estreia. Após sua reestreia no Teatro de Bolso, ele segue sua programação com o intuito de levar arte, humor e reflexões. A apresentação seguinte será no dia 22 de julho, no Evoé Café, também às 20h. Neste dia haverá cobrança de couvert artístico, a R$ 20. Outra apresentação já prevista será realizada na sede da ONG Pela Vidda, que realiza um trabalho de atenção à saúde integral de pessoas HIV positivo.
Feita para estar em lugares onde o preconceito não tem espaço, a produção teatral é composta de dança, música e vídeo, e em sua criação estão embutidas algumas questões que vão além da apreciação estética e do entretenimento. Segundo seus autores, expor e celebrar diversas manifestações de sexualidade é uma atitude que se mostra cada vez mais necessária para alcançarmos uma sociedade saudável, mais tolerante e diversificada. Os dois bailarinos enchem o palco de danças sensuais, com um tom cômico característico desses artistas para alcançar locais ainda inexplorados em cada um que se dispõe a assistir ‘Boys do Rosa Grená’.
Expondo e celebrando diversas manifestações de sexualidade, a dupla aproveita seus estudos e trajetórias em dança para criarem performances que transformam seus corpos em efetivo veículo de comunicação, transitando por diversos estilos de dança e temáticas acerca de estéticas sensuais, trocando de papeis, invertendo valores e, sobretudo, divertindo a audiência. A performance consiste em danças provocativas, que interpretam coreografias exageradamente sensualizadas e erotizadas, às vezes como corpos femininos, outras como masculinos. As personagens também se propõem a levar jogos, brincadeiras e interação com o público.
Daniel Calvet e Gleysson Moreira, protagonistas do espetáculo, são artistas multidisciplinares com experiências diversas em dança no Brasil e no exterior e se encontraram em Goiânia enquanto atuavam na Quasar Cia de Dança. Desse encontro surgiu uma rede de afinidades e vontades de colocar em cena suas potências criativas já mostradas em trabalhos anteriores como a poética dos trabalhos montados para Quasar Jovem por Daniel, além de sua obra junto ao Ateliê do Gesto (criado em Goiânia por ele e seu parceiro João Paulo Gross), além de sua atuação como bailarino em grupos como Deborah Colker.
A potência de Gleysson, por sua vez, pode ser vista em trabalhos para a TV de Portugal (Gleyson esteve fora do Brasil por muitos anos) e em produções de dança comercial neste mesmo País. De volta a Goiânia, participou de projetos junto a grupos como Projeto Mov_oLA, Siameses cia de dança, Giro 8 cia de dança, Cabaré Rosa Grená, Ateliê do Gesto, Coletivo Plano P, Quasar cia de dança, Projeto Cemtripeto, Três em Cena, Quasar Jovem e Núcleo Coreográfico SESI/UFG. Por fim, com uma trajetória que os precedem, este encontro não poderia dar outros frutos que não fossem este. Um espetáculo que fala de diversidade e liberdade divertindo quem assiste.
Sobre essa urgência do tema da diversidade de gênero, Daniel Calvet comenta sobre a oportunidade da obra que representa: “Esse é um produto cultural focado na temática LGBTQUIA+ e com esse trabalho nós queremos fomentar os debates, pelo grande público, sobre questões muito caras atualmente, como o fim das fobias contra esta população e o fortalecimento da construção da identidade e representatividade dentro de todos os espaços sociais. Essa é uma obra de arte que fala sobre essas pessoas e com essas pessoas, para além da noção que a sociedade define onde um gay pode ou não exercer sua liberdade de expressão”. (Especial para O Hoje)
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