Inadimplência bate recorde e atinge 66,6 milhões de brasileiros
Situação é devido ao cenário de juros e inflação rodando em níveis elevados
O Indicador Serasa Experian de Inadimplência do Consumidor é reflexo do cenário atual brasileiro de juros e inflação rodando em níveis elevados, além da atividade econômica que sofre com dificuldade para desenvolver. Os dados divulgados na última segunda-feira (11/07), apontam que pessoas com contas em atraso têm quebrado recordes.
Segundo o Indicador, o Brasil bateu recorde com 66,6 milhões de inadimplentes em maio, sendo esse o maior número desde 2016, início da série histórica. Os dados da Serasa apontam ainda que, em comparação a maio de 2021, os nomes negativados sofreram aumento de 4 milhões.
Em relação ao balanço de resultados observados no primeiro trimestre de 2022, já havia tido uma opinião unânime entre os grandes bancos de que um aumento de inadimplência dos clientes era esperado para o restante deste ano. São vários os fatores que contribuem para a realidade econômica brasileira, mas entre os principais motivos está a persistente pressão inflacionária, devido aos preços mais altos da alimentação fora de casa e planos de saúde, o índice oficial de inflação no Brasil subiu 0,67% em junho.
Os resultados da Serasa mostram uma aceleração do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), uma vez que, em maio, o avanço havia atingido 0,47%. Desde 2018, para junho a variação de 0,67% é a maior, época em que o índice tinha subido 1,26% após os impactos gerados na economia pela greve dos caminhoneiros.
Visando combater a inflação, o Banco Central (BC) tem promovido uma série de aumentos na taxa básica de juros, a Selic, que aumentou mais de 10%, sendo que a mínima histórica era de 2% ao ano, e atualmente atinge 13,25%. O aumento do custo do dinheiro também traz uma pressão adicional para as rendas familiares, que foram atingidas ainda pela taxa de desemprego próxima a dois dígitos.
O economista da Serasa Experian, Luiz Rabi, avalia que, apesar do aumento da inadimplência ser esperado, a situação pode ser melhorada caso os consumidores continuem se organizando financeiramente e utilizem as ferramentas disponíveis para tirar o nome do negativo, citando o exemplo do saque do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).
Além disso, a análise da Serasa aponta que o maior volume de dívidas negativadas está no segmento de bancos e cartões, que acumulam 28,2%. No “ranking”, vem em seguida as contas básicas – água, luz e gás – agrupadas na área chamada “utilities”, com 22,7%. O próximo setor é o de varejo e finanças, que acumula 12,5% cada um.