“História não perdoa traição”, diz Dilma após receber elogios de Temer
“Eu agradeceria que o senhor Michel Temer não mais buscasse limpar sua inconteste condição de golpista utilizando minha inconteste honestidade pessoal e política”
Depois do ex-presidente Michel Temer (MDB) dizer que Dilma Rousseff (PT) é “honestíssima” e que sofreu o impeachment por “dificuldade” de “se relacionar com o Congresso Nacional e com a sociedade”, a petista emitiu nota. Segundo ela, “a história não perdoa traição”. “Eu agradeceria que o senhor Michel Temer não mais buscasse limpar sua inconteste condição de golpista utilizando minha inconteste honestidade pessoal e política.”
De acordo com Dilma, Temer articulou “uma das maiores traições políticas dos tempos recentes”. Segundo ela, “as provas materiais da traição política estão expressas na PEC do Teto de Gastos, na chamada reforma trabalhista e na aprovação do PPI [política de preços da Petrobras baseada no câmbio] para as quais não tinha mandato. Nenhum desses projetos estavam em nossos compromissos eleitorais, pelo contrário, eram com eles contraditórios. Trata-se, assim, de traição ao voto popular que o elegeu por duas vezes”.
Segundo ela, ter dificuldade de diálogo com o Congresso não tem justificativa constitucional para o impeachment. A ex-presidente afirma, ainda, que “tal dificuldade” era por rejeitar as práticas do então presidente da Câmara Federal, Eduardo Cunha “criador do Centrão, que queria implantar com o meu beneplácito o ‘orçamento secreto’, realizado, hoje, sob os auspícios de um dos seus mais próximos auxiliares na Câmara Federal”.
Por fim: “Relembro que a História não perdoa a prática da traição. O senhor Michel Temer não engana mais ninguém. O que se conhece dele é mais que suficiente para evitá-lo, razão pela qual não pretendo mais debater com este senhor.”
Confira a nota completa de Dilma AQUI.
Fala de Temer sobre Dilma
O ex-presidente deu entrevista ao UOL durante a semana e reforçou que não houve golpe, mas cumprimento da Constituição. Na ocasião, contudo, ele afirmou que a ex-presidente Dilma é “honestíssima”.
“Às vezes falam de corrupção, mas é mentira. Ela [ex-presidente Dilma] é honesta. O que eu sei e pude acompanhar, embora estivesse à margem do governo e embora fosse vice-presidente, não há nada que possa apodá-la de corrupta. Para mim, honestíssima. Houve problemas políticos. Ela teve dificuldade no relacionamento com o Congresso Nacional, teve dificuldade no relacionamento com a sociedade e teve as chamadas ‘pedaladas’, um coisa extremamente técnica, decretado pelo Tribunal de Contas da União. Esse conjunto de fatores é que levou multidões às ruas”, disse Temer.
Ainda segundo ele, “quem derruba um presidente por impeachment não é o Congresso Nacional. É o povo na rua que influencia Congresso Nacional. Se não tiver povo na rua, não há a menor possibilidade de manifestação negativa no Congresso Nacional”.
E mais: “Eu não participei de golpe nenhum. Quando começou a chamada procedência de acusação na Câmara dos Deputados, eu vim para São Paulo e fiquei no meu escritório por várias semanas por uma razão que eu reconheço existe: que o vice é sempre o primeiro suspeito. Só voltei na ultima semana quando todos me procuraram e avisavam que eu precisava estar em Brasília porque a Câmara ia votar procedente a acusação para depois remeter ao Senado. Eu não participei de golpe coisa nenhuma e nem acho que teve golpe. O que teve foi cumprimento da Constituição Federal.”