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domingo, 22 de dezembro de 2024
Goiás Tattoo Festival

De volta à Goiânia, Djonga arrasta público por meio de suas letras e atitude no palco

“Pra mim estar aqui hoje é muito importante em todos os aspectos”, revela Djonga sobre o retorno pós pandemia

Postado em 9 de agosto de 2022 por Redação

Lanna Oliveira e Raphael Bezerra

Energia, assim pode ser definido o show do rapper Djonga no último domingo (7) no Goiás Tattoo Festival. Evento que contou com três dias de programações, misturou música, tatuagens e gastronomia. Para fechar com chave de ouro, o artista mostrou que domina o palco como poucos e movimenta a plateia com grande domínio. Em entrevista ao Grupo O Hoje, ele revela que essa magia que acontece em seus shows é inexplicável e é algo que vem de Deus. Somado à uma plateia que se entregou, a apresentação foi marcante.

Conhecido por ser contundente em suas letras, o rapper Djonga transformou o palco do Goiás Tattoo Festival em sua casa, pelo menos era o que me parecia ao vê-lo confortável naquele lugar que ele faz jus em chamar de seu. O tom de desabafo está presente em todo seu repertório, de luta ao amor, ele fala sobre tudo com consciência de sua representatividade social. De forma natural e espontânea, ele grita por justiça e igualdade. Herança de sua infância na quebrada de Belo Horizonte (MG), onde ele ainda mora.

Foto: Divulgação

Como ele mesmo relata, foi nas favelas por onde passou que ele descobriu sua paixão por música. Vindo do funk, passando pelo rock, sua caminhada musical até aqui revela de onde vem tanta originalidade. “Sempre gostei de tudo que toca na periferia, cresci nos bailes funks naquela vida louca. A partir da minha família, que ouvia muita música preta, reconheci o rock”, relembra. Toda essa descoberta o marcou e é nítida toda essa influência em seus trabalhos. Hoje ele insere a energia das rodas punks, do bate cabeça e os gritos enérgicos em suas apresentações.

Viver aquele movimento o possibilitou ser quem é, um rapper com atitude rock and roll. Mas também proporcionou seu encontro com o rap. Quando começou a escrever, naturalmente suas letras eram formatadas para serem cantadas por um MC, e ele se tornou um dos melhores. “Eu escolhi seguir pelo caminho do rap, mas sempre trago as referências do funk proibidão e de BH para os refrãos, como eles constroem a melodia”, diz o rapper. Os refrãos são parte importante do seu processo criativo, ele os faz para serem marcantes e serem cantados pela galera.

E o público canta e canta muito com o Djonga. Além das músicas como ‘Olho de Tigre’, ‘Eu’, ‘O Mundo é Nosso’, entre outras, que são momentos avassaladores dos shows, as músicas ‘Leal’, ‘Bença’, também são cantadas com fervor. Segundo o artista, esses exemplos de músicas mais sentimentais, requerem acesso ao um outro tipo de emoção. “Essas músicas não têm como serem cantadas gritando, porque assim não conseguirei transmitir o que eu quero”, conta. Por isso a discrepância entre os primeiros álbuns e os últimos.

Isso é apenas um dos exemplos da sua evolução como artista ao longo de sua carreira. Com apenas 28 anos, ele menciona que aprendeu sobre imposição de voz, técnica para despertar várias emoções a depender do tema da música, atitude de palco e muito mais. Djonga também se mostra, para além do artista completo que é, um ser humano sensível com as mazelas ao seu redor. “Eu sofri demais com a distância do público, fiz aquele show polêmico, mas eu precisava daquilo pra aguentar o ano que ainda estava por vir”.

O cantor e compositor reforça que a arte teve papel importante nesse período e que se incomodou por ela não ser tratada como fundamental. “As pessoas não entendem que pro palco estar de pé são muitos trabalhadores envolvidos e na pandemia eles ficaram desamparados. Tudo voltou e os shows não, nós fomos os que mais sofremos”, diz com pesar ao lembrar de colegas de profissão que não tem a mesma visibilidade que a sua. Ele continua dizendo que estar de volta é de extrema importância. Por ele, por sua equipe e por outros artistas.

São muitas conquistas, prêmios, indicações internacionais, números e visualizações, álbuns aclamados, mas não há lugar onde ele deve estar mais que os palcos. A cada letra gritada, a cada pulo e a cada olhar, ele mostra a que veio e mexe com quem está do outro lado. Ao Gustavo de 90 anos ele deixa uma mensagem: que ele continue gritando mesmo que não haja voz, que grite de outras formas e não perca essa energia nunca para tudo na vida. “Já para o Gustavo da infância não tenho nada pra falar, ele já sabia”, finaliza Djonga.

Além da programação musical, o Goiás Tattoo Festival teve como uma de suas atrações a competição de tatuagem. Foram 23 categorias disponíveis: Aquarela, Goiás, Old School, Lettering, Fechamento, Oriental, New School, Iniciante, Colorido, Comics, Portrait, Black and Grey, Tribal/ Maori, Realismo, Pontilhismo/ Dotwork, From Hell, Black Work, Neo Tradicional, Fine Line, Melhor de Sexta Tema Livre, Melhor de Sábado Tema Livre, Melhor de Domingo Tema Livre, Melhor do Evento Categoria Tema Livre e o Melhor Procedimento de Piercing.

Premiando os dois melhores de cada categoria, eles foram definidos por meio de júri especializado que se baseou nos critérios: originalidade, aplicação de cores, harmonia e técnica de execução. A escultura de premiação foi criada pelo artista Alê Amorin. O evento contou, ainda, com uma vertente social e fez atendimentos de reconstituição mamária realizados pelas profissionais Welide San e Janaína Lima. Foram 155 tatuadores de Goiás, São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Tocantins, Distrito Federal, Minas Gerais e Mato Grosso.

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